domingo, 27 de dezembro de 2009

Continuando a mesma noticia do 58 novos partidos

Carlos Melo, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), é ainda mais incisivo. "Mesmo os atuais partidos, que já são muitos, não representam mais ninguém. Na prática, como na maior parte dos países democráticos, no Brasil há duas ou três grandes legendas, em torno das quais gravitam todas as demais", diz.Os novos partidos que venham a conseguir registro terão direito a dividir uma média anual de R$ 140 milhões do Fundo Partidário - dinheiro que é repassado às legendas - e dispor de cerca de 5 minutos de TV e rádio por semestre para explicar suas propostas.OBSTÁCULOSNão é fácil, entretanto, conseguir o aval do TSE. Além de ter de montar um grupo de 101 pessoas que integrarão o futuro partido, as legendas precisam obter cerca de 468 mil assinaturas de apoiadores espalhados por, pelo menos, nove Estados da Federação, de forma que demonstrem caráter nacional. É exatamente nesse ponto - que exige gastos de somas consideráveis de dinheiro - que os partidos patinam."Esse é o principal obstáculo. Em geral, quando chegam nesse ponto, os novos partidos não avançam. Muitos acabam optando por se juntar em dois ou três para conseguir as assinaturas", explica o advogado Marcelo Augusto Melo Rosa de Sousa, vice-presidente da comissão de direito político-eleitoral da OAB-SP e especialista em legislação eleitoral. Mesmo com restrições ao número de partidos, Sousa considera que o País não pode impedir a criação de legendas. "A Constituição diz que temos um sistema pluripartidário. Não podemos regredir ao tempo da ditadura, quando só havia Arena e MDB."Ex-presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) paulista, Álvaro Lazzarini concorda que é difícil barrar novas legendas, mas defende mudanças na legislação. "Poderíamos ser mais rígidos, de forma que fosse possível impor dificuldades à criação indiscriminada de agremiações

58 novos partidos podem chegar oa TSE

Deu em O Estado de S. Paulo Brasil pode chegar a 58 partidos Maior dificuldade, entretanto, é obter 468 mil assinaturas de apoio por todo o País De Moacir Assunção: Nada de somente PT, PSDB ou PMDB. No futuro, eleitores mais à direita poderão votar no Movimento Integralista Brasileiro (MIB), os que preferem a esquerda terão a possibilidade de optar pela Liga Bolchevique Internacionalista (LBI) ou pelo Partido Comunista Revolucionário (PCR). Os de espírito mais alternativo poderão depositar suas esperanças no Partido Pirata. Se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovar a fundação das novas legendas, o Brasil pode chegar a 58 partidos ante os 27 que existem atualmente. Trinta e uma novas agremiações aguardam a oportunidade de se tornar partidos.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Dia nacional do historiador

LEI Nº 12.130, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2009. Institui o Dia Nacional do Historiador, a ser celebrado anualmente no dia 19 de agosto. O VICE–PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1o É instituído o Dia Nacional do Historiador, a ser celebrado anualmente no dia 19 de agosto. Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 17 de dezembro de 2009; 188o da Independência e 121o da República. JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA - vice-presidente da REPÚBLICA

Inquisição de Lisboa on-line

Inquisição de Lisboa on-line já disponívelO projecto Inquisição de Lisboa on-line, em curso no Arquivo Nacional da Torre do Tombo desde finais de Julho de 2007 e tornado possível pelo mecenato da REN - Redes Energéticas Nacionais SGP, S.A., está finalmente acessível ao público através da Internet.O trabalho foi desenvolvido em várias vertentes, desde o imprescindível tratamento e descrição arquivística, passando pela intervenção curativa de alguma documentação, até à digitalização dos processos e dos livros da até à digitalização dos processos e dos livros da Inquisição de Lisboa ( http://digitarq.dgarq.gov.pt/default.aspx?page=regShow&searchMode=as&ID=2299704 ), permitindo o acesso remoto e gratuito a uma vastíssima quantidade de documentos. Inquisição de Lisboa, proc. 9352Pode consultar os quase 18.000 registos de descrição de processos ( http://digitarq.dgarq.gov.pt/default.aspx?page=regShow&searchMode=as&ID=2299866 ) e documentação dispersa, e ver algumas das imagens associadas, estando também disponíveis as diversas séries de livros, como os Cadernos do Promotor ( http://digitarq.dgarq.gov.pt/default.aspx?page=regShow&ID=2318017&searchMode=as ), Nefandos ( http://digitarq.dgarq.gov.pt/default.aspx?page=regShow&ID=2299846&searchMode=as ) ou de Denúncias ( http://digitarq.dgarq.gov.pt/default.aspx?page=regShow&ID=2299795&searchMode=as ), entre muitos outros. Inquisição de Lisboa, proc. 14649Decorreu no passado dia 12 de Novembro de 2009, o workshop A Inquisição de Lisboa na nova plataforma digital: acesso e disponibilização, onde foram apresentadasdiversas comunicações que ilustraram o decurso do projeto.

sábado, 15 de agosto de 2009

Movimento Estudantil - Brasil de Fato

Em crise, estudantes só se articulam em pautas efêmeras por peruano última modificação 06/08/2009 18:33 ENTREVISTA Especialista do tema aborda conflitos históricos e políticos do movimento estudantil brasileiro / Eduardo Sales de Lima da Redação/ OCUPAÇÕES, GREVES, fragmentação política. Nos últimos anos, temas como esses pautaram os debates em torno do movimento estudantil brasileiro. Em entrevista, o sociólogo Carlos Menegozzo, do Centro Sérgio Buarque de Holanda da Fundação Perseu Abramo, afirma que o movimento estudantil enfrenta “uma crise prolongada, pontuada por ações de protesto tão explosivas quanto efêmeras”. Mais. Ele comenta as novas perspectivas de organização da União Nacional dos Estudantes (UNE) diante da criação do Programa Universidade para Todos (Prouni). A reforma universitária, segundo ele, é um dos principais elementos para que a mobilização dentro do movimento estudantil atinja um número maior de pessoas. *Brasil de Fato – Atualmente, você acredita que ocorre um processo de reorganização política e ideológica do movimento estudantil? Sobretudo após as ocupações das reitorias em 2007? Carlos Menegozzo –* Sou cético em relação ao que se tem chamado de “novo movimento estudantil”. As ocupações de 2007 e 2008 reforçam uma tendência histórica do movimento nas últimas décadas, em que há uma crise prolongada, pontuada por ações de protesto tão explosivas quanto efêmeras. Esse processo se dá sobre uma base objetiva que remonta à reforma universitária de 1968, quando as instituições se fragmentaram, dividindo também o movimento. Cada universidade ou faculdade têm perfil e movimento próprios, enquanto, nos cursos, as turmas se diluem com o sistema de matrícula por créditos. Os movimentos explosivos e efêmeros emergem quando, apesar de uma crise prolongada e da dedicação militante, a diversidade de experiências estudantis fragmentadas se articula circunstancialmente em torno de uma pauta comum. Foi isso que ocorreu em 2007: o movimento se tornou coeso em torno das ocupações, tomadas como forma de protesto. O mesmo se deu no “Fora Collor” com a questão da “ética na política”. Daí meu ceticismo em relação à ideia de um “novo movimento estudantil”. *O que muda na organização do movimento estudantil no Brasil a partir do acesso de um número maior de jovens no ensino superior, sobretudo nas universidades privadas? A tendência da UNE, hoje, é debater mais com esses estudantes?* A ampliação do ensino superior não é uma novidade. Historicamente, me parece que está associada a um incremento da atividade política na universidade. Foi assim nas reformas de 1870 e 1940-1960, por exemplo. Mas há outros fatores que determinam o protesto estudantil e, por essa razão, uma coisa não leva à outra necessariamente. Esse é caso dos anos de 1980 e posteriores. Quanto às instituições particulares, também não são novidade. Não vejo sua ampliação como uma mudança substantiva em termos de impacto sobre o movimento: reforçam a tendência à fragmentação intensificada desde a reforma de 1968. De todo modo vale o registro de que, nas particulares, por sua natureza e composição social, fatores como a pressão do mercado são maiores, o que pode afetar o nível geral da mobilização. Quanto à UNE, penso que sua intervenção compreende e organiza melhor a experiência e as reivindicações desses setores. Coisa que a porção minoritária da diretoria da entidade, apesar da maior radicalidade de seu programa, não consegue, e deveria, fazer. *O movimento estudantil já foi mais combativo ou isso é um mito levado a cabo pelos saudosistas? Hoje o estudante sobrepõe as questões práticas às ideológicas?* O movimento já foi mais forte e politizado, e isto não é um mito. Obviamente há toda uma mitologia que se construiu em torno de episódios como o maio de 1968 e muitas vezes isso impede o movimento de perceber certos processos: quem acha que nas ações de 1968 todo mundo era socialista, por exemplo, não vai entender porque a participação diminuiu na universidade de lá para cá. Nesse contexto, a falta de participação acaba sendo explicada pela presença dos partidos ou pela “traição das direções”. Insuficientes, tais leituras ignoram variáveis como a dificuldade de inserção no mercado de trabalho, além das responsabilidades ou dependência do estudante em relação à família, que afetam a disponibilidade e a disposição para a militância. Paralelamente a isso, existem também formas de politização que o militante não compreende e, nesse caso, a aparente falta de interesse do estudante reflete também a incapacidade do movimento em falar a língua dele. *A representatividade partidária dentro dos diretórios centrais de estudantes (DCEs) é legítima? Em que sentido ela pode atrapalhar a ação política dentro do espaço universitário?* A presença é legítima porque a entidade é expressão de um conflito de ideias que ocorre na sua base política. E os partidos são uma forma de organizar coletivamente essas ideias tão legítima quanto os grupos não-partidários. Muitos acham que a culpa pela crise do movimento é dos partidos, mas essa leitura ignora o fato de que o movimento nunca foi tão forte e partidarizado quanto nos anos de 1960, nem tão fraco e despartidarizado quanto nos anos de 1980. Ou seja, a presença dos partidos não é necessariamente sinônimo de crise e desmobilização. Mas os partidos têm ajudado pouco: não têm cumprido a sua função, que é a de levar o movimento a se pensar no quadro geral – uma condição imprescindível para a superação de sua atual crise. Por essas razões, acho que falta ação partidária na universidade, apesar da presença dos partidos. Mais que legítimos, portanto, os partidos são imprescindíveis. *O movimento estudantil está mais próximo dos movimentos sociais?* Não me parece haver uma mudança substantiva nesse sentido em relação às últimas décadas. A relação existe, mas na falta de projeto global de sociedade – e aí o problema é dos partidos, como disse antes – essa relação se reduz a uma somatória de reivindicações corporativas, o que efetivamente não transforma a sociedade. O quadro hoje está mais para “cada um na sua, mas com alguma coisa em comum” do que para uma ofensiva contra-hegemônica. Não basta estar lado a lado, é preciso haver um acordo em relação a um eixo estratégico. Quanto mais próximo estiver esse eixo do “elo fraco da cadeia”, então mais efetivo será o papel dos movimentos, inclusive do movimento estudantil, na luta geral. Mas, para isso, insisto, falta uma atuação partidária mais consistente. *Por não haver um impulso à formação política, o movimento estudantil, hoje, é mais reagente que agente? Parece que os estudantes uspianos só aderiram à greve por causa da presença da PM na USP.* Acho que há uma ligação entre esses dois elementos. Como disse anteriormente, a coesão circunstancial de experiências fragmentadas em torno de uma pauta comum é uma tendência do movimento estudantil nas últimas décadas. O movimento recente não escapa a essa dinâmica: nesse caso, foi a violência policial que detonou o mecanismo. Vejo a formação política como um dos fatores que podem ajudar a esquerda e o movimento a compreender historicamente essa dinâmica e a equacioná- la estrategicamente. Na falta de uma formulação estratégica, impossível sem formação política, a tendência é não pautarmos a conjuntura e a história, mas sermos pautados por elas. Por outro lado, é verdade que certas leituras que fazemos da história, a partir das quais construímos nossa própria identidade, tornam a experiência e o estudo bastante seletivos, impedindo que se abram à compreensão do real. Nesses casos, doutrinária, a formação não resolve, mas agrava o problema da “reatividade”. *Qual o maior desafio para que o movimento estudantil seja massivo e atinja um número maior de estudantes?* Como num bolo, a forma é tão importante quanto a massa. Isso também vale para os movimentos: quer dizer, não basta a receita do protesto estar ali, pois sem expressão organizada não há movimento, mas ações espalhadas. Acho que nesse contexto a massi- ficação se constrói em duas frentes. Primeiro, é preciso sensibilidade por parte do movimento para dialogar com as experiências e culturas estudantis que se multiplicam com a fragmentação da universidade, ampliando e dando o máximo de coesão ao movimento. Do contrário o movimento vira um gueto e é exatamente isso que tem acontecido nas últimas décadas. Segundo, é preciso superar a base objetiva, fragmentária, sobre a qual os movimentos existentes se dispersam. E, para isso, é preciso uma reforma universitária, que por sua vez depende não somente da luta estudantil, mas de uma mudança na correlação geral de forças. Insisto uma vez mais: faltam aos partidos capacidade de estabelecer uma estratégia que permita essa mudança. E é por essa razão que estou convicto de que a crise do movimento é, na verdade, uma crise da esquerda. *Quem é Carlos Henrique Metidieri Menegozzo,* 28 anos, é sociólogo especialista em arquivologia do Centro Sérgio Buarque de Holanda da Fundação Perseu Abramo. Dedica-se à história da esquerda e do movimento estudantil nos anos 1970 e 1980 e ao tratamento de arquivos relacionados a essas temáticas.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Chavismo neoleninista em Honduras

apuntes

Chavismo neoleninista en Honduras

19.07.2009 Zelaya quería poner en marcha un referéndum para romper el orden constitucional, mantenerse en el poder e integrar a Honduras en el chavista socialismo del siglo XXI

MIGUEL CANCIO

“Tarde inolvidable entre hermanos”. Chávez visita al líder cubano Fidel Castro, en su 80 cumpleaños FOTO: Agencias
“Tarde inolvidable entre hermanos”. Chávez visita al líder cubano Fidel Castro, en su 80 cumpleaños FOTO: Agencias
Lo que sucede con el chavista Zelaya, ex presidente de Honduras, muestra que el golpista, procastrista y neocomunista de Chávez, con el visto bueno del tirano comunista Fidel Castro, líder máximo, periodista en jefe (artículo de Fidel Castro en el oráculo comunista Granma: Muere el golpe o mueren las constituciones, en el que hace una encendida defensa del latifundista y chavista Zelaya), ha sido capaz de colar a escala internacional (¡que vergüenza! mientras aliados de Chávez reprimen, censuran y matan en el Irán fundamentalista, la China comunista, etc.) su estrategia neoleninista, la teoría neoleninista y absolutista del acto político. Esta teoría, además de generar y promover estructuralmente la mentira, el engaño, la corrupción, el odio, la venganza y la dominación, consiste en que el poder político, conseguido ab initio por los votos (en varios casos con graves manipulaciones, presiones y violencia debidamente organizada o haciendo dimitir al presidente democrático por piquetes permanentes y muy violentos), no tiene que someterse a la democracia in vigilando; no tiene que someterse a los Checks and Balances, a la justa y necesaria separación de poderes, a los controles democráticos que le dan a la democracia todo su sentido y significado, la seguridad y garantías, absolutamente necesarias para que la misma se desenvuelva dentro del Estado de derecho con principios, es decir, para que sea una democracia abierta, de alternancia y juego limpio, y no una democracia de juego sucio, amañada, violada por el Ejecutivo o por cualquier otro poder interior o exterior, una democracia absolutista y nomenklaturista en la que el poder Ejecutivo se vuelve dictatorial e incontrolable.

Zelaya quería poner en marcha un referéndum para romper el orden constitucional, mantenerse en el poder e integrar a Honduras en el chavista Socialismo del siglo XXI. Entre los socios de Chávez están Ahmanideyad y el fundamentalismo radical iraní, la Rusia putinista, la China hiperrepresora comunista, además de los chavistas Ortega, Morales, Correa, etc., y con el tirano Castro y la Cuba totalitaria comunista supervisando el proceso. La banda ilegal terrorista y nacionalcomunista ETA-Batasuna tiene bases en Cuba, Venezuela, Bolivia, Nicaragua, etc. ETA ha venido colaborando activamente con la organización narcoterrorista, marxista-leninista y procastrista Fuerzas Armadas Revolucionarias Colombianas, con grupos terroristas musulmanes proiraníes, etc.

Zelaya, a pesar de las continuas advertencias y mediaciones (embajador de los Estados Unidos en Honduras), se negó a acatar el fallo del juzgado contencioso-administrativo contra la consulta declarada ilegal. La Corte Suprema de Justicia y la fiscalía, con el apoyo del Congreso Nacional (incluido el Partido Liberal de Zelaya), de acuerdo con la Constitución y al ver que el presidente Zelaya seguía adelante al destituir al general Romeo Vásquez que se negó a apoyarlo al igual que el Tribunal Supremo Electoral que le advirtió que no podía llevar a cabo la consulta; como decíamos, la Corte Suprema le ordenó al ejercito que interviniese al ver que persistía en llevar a cabo la consulta ilegal.

Totalitarismo en juego. Cambiar la Constitución y tratar de perpetuarse en el poder fue lo que hicieron: el totalitarismo comunista de Lenin, al tomar el poder violentamente y, después, aprobar la primera constitución soviética de 1918; el totalitarismo nazi y fascista, al acceder al Gobierno por las elecciones y, después, hacerse con todos los poderes e imponer una nueva constitución nazi-fascista; los golpistas castristas-guevaristas tomaron el poder en Cuba con el apoyo de los Estados Unidos y ahí siguen, desde 1959 hasta hoy, julio 2009, con su tiranía y constitución comunista totalitaria, con su hiperrepresora dictadura del proletariado y con lo que han arruinado, corrompido y degradado gravísimamente, material y moralmente, a Cuba; Jomeini y los ayatolas, que tomaron el poder en Irán con el apoyo de Estados Unidos (Cárter) e impusieron la Constitución islámica antidemocrática, que intentan extender a otros países violentamente e, incluso, nuclearmente; el golpista y procastrista Chávez y sus socios (Foro comunista de São Paolo, antecesor del Foro de Porto Alegre, etc.), que quieren imponer en el mundo, en plan neolenista, absolutista y una vez que falló la dictadura del proletariado, el neocomunismo, el Socialismo del Siglo XXI.

El marxismo-leninista estalinista, maoísta, coreano, castrista-guevarista, vietnamita, polpotiano, etc. buscaba acabar con la democracia, los demócratas y los críticos para perpetuarse en el poder por medio de la implacable y sanguinaria dictadura del proletariado, los campos de concentración comunistas (gulags soviéticos, chinos, coreanos, etc.), etc. El neoleninismo, el neocomunismo chavista supone utilizar la democracia para mejor violarla, para acceder al poder como sea, manipular, contaminar e intimidar a la opinión publica, deslegitimar, desestabilizar, chantajear y liquidar a los demócratas, a los críticos y, mediante el cambiazo constitucional y el férreo control de los poderes Ejecutivo, Legislativo y Judicial pero también de los aparatos militares, de control y seguridad, electorales, mediáticos, educativos, culturales, sociales y de agitación, perpetuarse en el poder por medio del llamado Socialismo del Siglo XXI, de una democracia neoleninista, absolutista, corrupta, contaminadora y amañada, de la democracia de juego sucio y con apoyos interiores y exteriores.

El chavismo, que se arma hasta los dientes, que le acaba de quitar los poderes al alcalde electo de Caracas y que viene persiguiendo, encarcelando y liquidando a los opositores y medios críticos, se atreve, junto al totalitario Periodista en Jefe de Cuba, a darle lecciones de democracia a Honduras y al mismisimo Obama al verificar que sigue la política completamente claudicante de Carter. Presidente Obama, la responsabilidad pública, la lucha contra la corrupción y la represión, el trabajo digno, honrado y competitivo en lo público y privado, el juego limpio y la solidaridad justa y no el juego sucio y el subvencionismo permanentes, hay que exigirlos, por supuesto, en África, pero, también, en Asia, América, Europa y Oceanía y especialmente en países como Cuba, China, Corea, Birmania-Myanmar, Zimbawe, Sudan, Irán, Arabia Saudita y otros que violan muy grave y permanentemente los derechos humanos. Que diríamos si el presidente Ibarreche hubiese incumplido la Constitución española y hubiese convocado el referéndum ilegal para poner en marcha la ilegal autodeterminación de la autonomía española vasca. El antiespañol Estatut catalán del pacto del Tinell, en el marco del pacto antiespañol de Lizarra-Estella para hacer frente al Espíritu de Ermua, supone una reforma ilegal de la constitución española. Algunos, por el poder a cualquier precio y como ya sucedió anteriormente, traicionan a España y su constitución, la solidaridad territorial, lo que sea menester y se tercie. La vigente y democrática Constitución española establece que el Estado español puede suprimir cualquier autonomía española. El primer ministro laborista, Tony Blair, suprimió en varias ocasiones la autonomía en Irlanda del Norte y ordeno la intervención de las fuerzas armadas. Los alemanes llegaron a un pacto constitucional para reforzar el Gobierno alemán anulado por los Landers (autonomías alemanas). Las autonomías belgas, que han seguido el modelo español, han desmembrado Bélgica.

Constitución de Honduras. La Constitución de Honduras establece que Zelaya ha roto el orden constitucional.

Artículo 4: La alternabilidad en el ejercicio de la Presidencia de la República es obligatoria. La infracción de esta norma constituye delito de traición a la Patria.

Artículo 239: El ciudadano que haya desempeñado la titularidad del Poder Ejecutivo no podrá ser presidente o designado. El que quebrante esta disposición o proponga su reforma, así como aquellos que lo apoyen directa o indirectamente, cesarán de inmediato en el desempeño de sus respectivos cargos, y quedarán inhabilitados por diez años para el ejercicio de toda función pública.

Artículo 373: La reforma de esta Constitución podrá decretarse por el Congreso Nacional, en sesiones ordinarias, con dos tercios de votos de la totalidad de sus miembros. Artículo 374: No podrán reformarse, en ningún caso, el artículo anterior, el presente artículo, los artículos constitucionales que se refieren a la forma de gobierno, al territorio nacional, al período presidencial, a la prohibición para ser nuevamente presidente de la República, el ciudadano que lo haya desempeñado bajo cualquier título y el referente a quienes no pueden ser presidentes de la República por el período subsiguiente.

Estos artículos, y otros (2, 3, 184, 185, 205, 208, 242, 245, 272, 319, 321, 322, 375), establecen que Zelaya actuó contra el orden constitucional de Honduras. Si acude a Honduras puede ser detenido y juzgado conforme a lo que establece su constitución.

Quase os nacional-bolcheviques tomam o poder dessa vez foi impedido pelo o Putin

Líder nacionalista e apoiantes detidos e impedidos de realizar manifestação em Moscovo

Moscovo, 31 Jul (Lusa) - O líder do Partido Nacional-Bolchevique russo, Edouard Limonov, e dezenas de apoiantes foram hoje detidos em Moscovo quanto tentavam realizar uma manifestação não autorizada para exigir a mudança do governo.

Cerca de 40 manifestantes foram detidos à saída do metro da Praça de Triumphalnaia, no centro da capital russa, onde estava marcada uma "manifestação de desacordo" para exigir a demissão do Presidente russo, Dmitri Medvedev, e do primeiro-ministro, Vladimir Putin, segundo o testemunho de um fotógrafo da agência noticiosa francesa AFP.

"Precisamos de uma outra Rússia", cantavam os apoiantes do Partido Nacional-Bolchevique.

sábado, 25 de julho de 2009

Os cinco clamores da Amazônia

*Os cinco clamores da Amazônia - **24/7/2009**  -
> http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=24170
> *
>
>
>
> O grito dos povos, o grito da terra, o grito das águas, o grito das
> florestas e o grito da cidade são os cinco clamores da Amazônia. O relato é
> de *Jelson Oliveira<http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=6136>
> *, professor de Filosofia da *PUCPR*, agente da* CPT-PR* e assessor do *12º
> Encontro Intereclesial das* *CEBs*.
>
> O texto a seguir foi escrito a partir da síntese dos debates de um dos
> “Rios” (como são chamados os 12 grupos que reúnem cerca de 250 pessoas) em
> torno da realidade amazônica.
>
> *Eis o texto.*
>
> O encontro das *Comunidades Eclesiais de Base* está reunindo nessa semana em
> Porto Velho, Rondônia, quase três mil pessoas. O tema do encontro é No
> ventre da terra, o grito que vem da Amazônia. Com os pulmões inflados pelo
> ar quente que sopra no coração do Brasil, os delegados, assessores e
> convidados celebram, refletem, debatem e partilham experiências em torno da
> missão das Igrejas na defesa da natureza. Trata-se de um verdadeiro
> pentecostes, como vem sendo chamado esse entusiasmado encontro de
> diversidades.
>
> Na pauta das discussões está o equívoco de uma civilização que contrapõe
> desenvolvimento e natureza, gerando um desequilíbrio que prioriza o primeiro
> à custa da degradação da segunda. Num dos pratos dessa falsa balança, estão
> as empresas e corporações que mercantilizam e esgotam a terra, e também
> estão os governos federal, estaduais e municipais, com obras gigantescas que
> privilegiam os grandes e sacrificam os pequenos. Vista como uma zona de
> sintropia – para usar uma expressão dos especialistas – a Amazônia assiste a
> depredação da riqueza e da beleza de suas águas, biodiversidade e energia
> (os três maiores alvos do sistema capitalista que vigora como pensamento
> único em muitos gabinetes).
>
> Desde Rondônia, com a voz das *Comunidades Eclesiais de Base*, a Amazônia
> toda grita pelo seu povo, pela sua terra, pelas suas águas, pela floresta e
> pelas cidades.
>
> *O grito dos povos*
>
> A Amazônia grita pela voz rouca de seus povos, tão próximos da suavidade
> rumorosa pela qual fala toda a natureza.  Pluriétnica, pluricultural e
> plurirreligiosa, a Amazônia grita pela boca dos 12 mil indígenas, povos
> primitivos, resistentes e ressurgidos que habitam essas terras há pelo menos
> 12 mil anos. A Amazônia grita pela boca dos 21 mil quilombolas, moradores de
> quase 1.500 comunidades que lutam pelo direito de viver e cuidar de suas
> terras. A Amazônia grita pela boca dos migrantes da borracha, que desde o
> século XIX ocupam como escravos os aviamentos e colocações e retiram a seiva
> da floresta. Herdeiros de *Chico Mendes,* o patriarca da Amazônia, eles são
> hoje 26 mil moradores das 35 reservas extrativistas que se espalham por toda
> a região.
>
> A Amazônia grita pela boca dos ribeirinhos e pescadores, guardiões da
> sacralidade das águas, dos lagos santuários, das caixas pesqueiras, dos
> rios, igarapés e nascentes que fazem desta, a terra das águas. A Amazônia
> grita pela boca dos posseiros, camponeses, sem terra e assentados que somam
> quase um milhão e meio de pessoas. A Amazônia grita pela boca dos colonos e
> migrantes pobres: do nordeste, vítimas da seca; do sul e sudeste, vítimas
> dos modelos de colonização atraídos para essas terras com a pretensão de
> diminuir os conflitos sociais de suas regiões de origem. A Amazônia grita
> pela boca das dezenas de milhares de trabalhadores que vivem em regime de
> escravidão pelos grotões da região.
>
> A Amazônia grita pela boca dos 15 milhões de moradores urbanos, 13% dos
> quais analfabetos, 14% sem teto, 46% sem água encanada, mais de 80% sem
> esgoto, vítimas da pior oferta de atendimento de saúde do Brasil, portadores
> de doenças tão antigas como a malária, a dengue e a febre amarela –
> enfermidades que não despertam o interesse da ultra-moderna medicina e das
> sequiosas indústrias farmacêuticas meramente por se caracterizarem como
> “doenças de pobre” ou “doenças da pobreza”.
>
> O Brasil, que há muito tempo não conhece a Amazônia e que reservou a esse
> bioma tantas depreciações e preconceitos, tem a chance agora, pela voz
> desses povos, de ouvir o que diz a Amazônia.
>
> *O grito da terra*
>
> A Amazônia grita pela voz da mãe-terra, morada sagrada de todos os seres,
> berço do qual viemos e colo no qual acalentamos nossos sonhos e esperanças.
> Terra disputada pelo capital, rasgada e violentada pelas mineradoras,
> garimpos e siderúrgicas, profanada pelo agronegócio monocultor da pecuária
> (que de 1990 a 2003 cresceu 140% na região), da soja e da cana, militarizada
> em nome da segurança nacional, ameaçada pela internacionalização,
> globalizada pelo narcotráfico, pela prostituição, pela fome e pelo abandono.
> Terra poluída pelos defensivos agrícolas, contaminada pelo mercúrio,
> corrompida pelo silêncio dos campos nos quais a vida deu lugar ao artefato,
> o natural foi substituído pelo artificial, o território da vida pelo negócio
> explorador. E agora, o pior: legalmente grilada, entregue aos interesses dos
> latifundiários pela *medida
> 458<http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=22987>
> ,* editada pelo governo *Lula*.
>
> Pelo grito da terra que é *Gaia*, a deusa primeira dos gregos e que é *
> Pachamama*, a mãezinha dos povos latinoamericanos, todos nós gritamos. Como
> crianças arrancadas do seio de sua mãe. Como órfãos de um tempo de
> desequilíbrio e descuido que fere a mais íntima essência daquilo que
> constitui o ser humano.
>
> *O grito das águas*
>
> Desde quando fora batizada pelos indígenas de amassunu, que quer dizer
> "ruído de águas, água que retumba", a Amazônia tem sido conhecida como a
> terra das águas. Nela se encontra 20% das reservas de água não congelada do
> mundo. No ventre das terras amazônicas escorre lento e pegajoso o maior rio
> do mundo, o Marañon-Solimões-Amazonas. São 6.671 quilômetros abastecidos por
> uma gigantesca rede de mais de 1.100 rios, além de incontáveis igarapés,
> corredeiras e nascentes que garantem a vida de tudo o que está à sua volta -
> como no texto bíblico do profeta *Ezequiel* (47, 1-12).
>
> Leite da terra sugado lentamente pelo existir das raízes que penetram o
> corpo da terra, a água escorre pelo ventre da madeira que se ergue
> portentosa e se lança na atmosfera em “rios voadores” que abastecem todo o
> continente americano e interferem no clima de todo o planeta. A quantidade
> de água coletada e transportada por esse maravilhoso sistema é equivalente à
> vazão do rio Amazonas, ou seja, cerca de 200 mil metros cúbicos por segundo.
>
>
> Mas a Amazônia chora lágrimas de água barrenta, fétida e amarga. Inúmeras
> hidrelétricas foram ou estão sendo construídas, colocando em risco muitos
> eco-socio-sistemas. As águas gritam contra a poluição e a contaminação
> causadas pelo uso extensivo de agrotóxicos e pelo derrame de esgotos, pela
> morte dos mananciais e nascentes sob as máquinas do hidro-agronegócio, pelo
> desperdício e pela privatização.
> A força das pororocas e seu ronco inebriante que rompe todos os obstáculos e
> celebra a força da natureza é a grande inspiração do povo das *CEBs* na
> defesa das águas amazônicas.
>
> *O grito das florestas*
>
> Sobre o corpo portentoso das terras amazônicas, erguem-se as florestas e
> seus inúmeros seres: 55 mil plantas (22% das espécies do mundo), 1 mil tipos
> de aves, 300 tipos de mamíferos, 550 répteis, 163 anfíbios, 3 mil peixes e
> milhões de insetos e microorganismos. A floresta esconde seus segredos e
> preserva suas grandiosidades: 30% da fauna e flora do mundo estão na
> Amazônia. A floresta guarda o seu povo, seus bichos e suas lendas. A
> floresta canta sua ladainha de nomes, frutos e plantas de variadas espécies
> que vem sendo destruídas e extintas. Num tempo no qual três espécies
> biológicas são extintas por hora no mundo (72 por dia!) e no qual,
> paradoxalmente, se criam em laboratório milhões de espécies alteradas
> geneticamente, a floresta da Amazônia grita por socorro.
>
> O desmatamento tem atingido índices alarmantes: em 2004, foram extraídas 6,2
> milhões de árvores da floresta, entre 2006 e 2007 foram desmatados 11.532
> quilômetros quadrados fazendo com que a floresta hoje já tenha perdido pelo
> menos 20% do seu tamanho original, ou seja, 700 mil quilômetros quadrados de
> floresta foram destruídos.
>
> A floresta amazônica grita no ventre abrasador das carvoarias, nos dentes
> ásperos das madeireiras, nos saques diários realizados por laboratórios
> farmacêuticos e na pilhagem da biopirataria. A floresta grita nas raízes
> ressecadas pelas queimadas que conduzem à desertificação. A floresta grita
> isolada entre as cercas das pastagens, das culturas exóticas de eucaliptos e
> pinus, dos intermináveis horizontes do deserto verde que se alastra e engole
> a vida da floresta.
>
> *O grito da cidade*
>
> A Amazônia conta com inúmeros conjuntos populacionais de grande ponte, entre
> os quais se destaca Manaus, que conta hoje com cerca de 2 milhões de
> habitantes. Além disso, somam-se inúmeros pequenos povoamentos ainda
> ruralizados e empobrecidos, nos quais 46% das casas não contam com
> distribuição de água e cerca de 75% das famílias com crianças até 14 anos
> ganham até 1 salário mínimo. O crescimento desordenado das periferias, o
> aumento do desemprego e da violência, a falta de saneamento, de atendimento
> de saúde e educação, o aumento da drogadição, a falta de políticas de lixo,
> etc, formam a triste realidade dos moradores urbanos da Amazônia.
>
> *Lamento e resistência*
>
> O grito de lamento vem se transformando num grito de resistência. O *12º
> Encontro Intereclesial das* *CEBs* tem revelado a força do povo amazônico na
> construção de alternativas e de lutas contra o modelo de desenvolvimento que
> tem fechado os ouvidos para esses clamores. No coração da Amazônia surgem
> reservas extrativistas, projetos de assentamento agroextrativistas, projetos
> sustentáveis, comunidades quilombolas, luta dos posseiros e atingidos por
> barragens, experiências de preservação e recuperação de lagos e rios, redes
> agroecológicas, artesanato, apicultura e inúmeras alternativas de economia
> solidária. Surgem fóruns e conselhos, experiências de formação política, de
> participação das mulheres e uma imensa rede de organização popular e
> eclesial.
>
> Aqui em Rondônia, nesse Encontro, estão muitos homens e mulheres que fazem
> essa realidade e, pouco a pouco, transformam o abandono em esperança. É por
> isso que a frase de *Dom Moacir Grecchi*, arcebispo de Porto Velho, ecoou
> com tanto êxito: “pessoas simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco
> importantes, provocam mudanças extraordinárias”. Esse é o sentimento e a
> certeza que acalenta os corações das *CEBs*, cuja nomenclatura terá de
> acrescentar agora, por sugestão de *Leonardo Boff*, a ecologia: *Comunidades
> Ecológicas de Base. Pelo grito das CEBs a Igreja se faz ecológica! *

Palestra sobre Ecosocialismo

Falando sobre a Amazônia dia 23 de setembro haverá um debate ECOSOCIALISMO no auditório do Centro de Artes da UFAM. è uma divulgação da Conlutas, PSOL, PDT e PSTU ( ARGHH ). Todos estudantes e convidados interessados participem desse evento.

sábado, 14 de março de 2009

O Futuro do Capitalismo

Sementes da própria destruição Martin Wolf Texto da série "O Futuro do Capitalismo" do FT Suposições que prevalecem desde a adoção do mercado nos anos 80 agora estão em pedaços. O papel do governo está novamente crescendo e a era das finanças irrestritas acabou. Mas a atual crise poderá ter consequências que vão muito além, como escreve Martin Wolf neste artigo inicial. Outro deus ideológico sucumbiu. As suposições que regeram a política e as políticas ao longo de três décadas repentinamente parecem tão datadas quanto o socialismo revolucionário. "As nove palavras mais assustadoras da língua inglesa são: 'Eu sou do governo e estou aqui para ajudar'." Assim gracejou Ronald Reagan, herói do conservadorismo americano. O comentário parece história antiga, agora que os governos estão despejando trilhões de dólares, euros e libras nos sistemas financeiros. "Governos são ruins; mercados desregulamentados são bons": como esta fé pode estar ilesa após Alan Greenspan, pupilo de Ayn Rand e principal banqueiro central da era, ter descrito a si mesmo, em um depoimento no Congresso em outubro do ano passado, como estando em "um estado de choque descrente" com o fracasso do "interesse próprio das instituições emprestadoras em proteger a parte dos acionistas"? No Ocidente, a ideologia pró-mercado das últimas três décadas foi uma reação à percepção de fracasso da economia mista, o modelo keynesiano do anos 50, 60 e 70. A adoção do mercado esteve associado à eleição de Reagan como presidente americano em 1980 e a ascensão de Margaret Thatcher ao cargo de primeira-ministra do Reino Unido no ano anterior. Um pouco menos importante foi o papel de Paul Volcker, o então presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), no combate à inflação. Mas eventos maiores moldaram essa época: a adoção do mercado pela China sob Deng Xiaoping, o colapso do comunismo soviético entre 1989 e 1991 e o fim das políticas econômicas voltadas para si mesma da Índia após 1991. A morte do planejamento central, o fim da guerra fria e, acima de tudo, a entrada de bilhões de novos participantes na economia mundial que se globalizava rapidamente foram os pontos altos dessa era. Hoje, com a imensa crise financeira global e uma desaceleração sincronizada na atividade econômica, o mundo está mudando de novo. O sistema financeiro é o cérebro da economia de mercado. Se ele precisa de um resgate tão caro, o que resta do desprezo de Reagan pelos governos? Se o sistema financeiro fracassou, o que resta da confiança nos mercados? É impossível a esta altura saber para onde estamos indo? Nos caóticos anos 70, poucos imaginavam que a época seguinte veria a inflação ser domada, o avanço do capitalismo e a morte do comunismo. O que acontecerá agora dependerá das escolhas não feitas e de choques desconhecidos. Mas a combinação de colapso financeiro com imensa recessão, se não algo pior, certamente mudará o mundo. A legitimidade do mercado enfraquecerá. A credibilidade dos Estados Unidos será manchada. A autoridade da China aumentará. A própria globalização poderá sucumbir. Este é um momento de levante. Como o mundo chegou aqui? Uma grande parte da resposta é de que a era da liberalização continha as sementes de sua própria queda: esse também foi um período de enorme crescimento na escala e lucratividade do setor financeiro, de inovação financeira frenética, de crescentes desequilíbrios macroeconômicos globais, de grande endividamento dos lares e de bolhas de preços de ativos. Nos Estados Unidos, o coração da economia de mercado global e centro da atual tempestade, a dívida agregada do setor financeiro saltou de 22% do produto interno bruto, em 1981, para 117% no terceiro trimestre de 2008. No Reino Unidos, com sua alta dependência da atividade financeira, a dívida bruta do setor financeiro chegou a quase 250% do PIB. Carmen Reinhart, da Universidade de Maryland, e Kenneth Rogoff, de Harvard, argumentam que a era da liberalização também foi um momento de crises financeiras excepcionalmente frequentes, superada, desde 1900, apenas pelos anos 30. Também foi uma era de enormes bolhas de preços de ativos. Ao intervir para manter suas taxas cambiais baixas e acumular reservas de moeda estrangeira, os governos das economias emergentes geraram imensos superávits em conta corrente, que reciclaram, juntamente com os afluxos de capital privado, em fluxos de saída de capital oficial: entre o final dos anos 90 e o pico em julho de 2008, apenas suas reservas de moeda cresceram em US$ 5,3 trilhão. Estes fluxos imensos de capital, somados aos superávits tradicionais de vários países ricos e os crescentes superávits dos exportadores de petróleo, foram parar em grande parte em um pequeno número de países ricos e particularmente nos Estados Unidos. No pico, os Estados Unidos absorveram cerca de 70% do superávit poupado do restante do mundo. Enquanto isso, dentro dos Estados Unidos, a razão de endividamento dos lares em relação ao PIB saltou de 66%, em 1997, para 100% uma década depois. Saltos ainda maiores no endividamento dos lares ocorreram no Reino Unido. Estes aumentos nas dívidas dos lares foram apoiados, por sua vez, por sistemas financeiros altamente elásticos e inovadores e, nos Estados Unidos, por programas do governo. Por toda parte, o setor financeiro inovou incessantemente. Warren Buffett, o lendário investidor, descreveu os derivativos como "armas financeiras de destruição massa". Foi provado que ele estava parcialmente certo. Nos anos 2000, surgiu o "sistema bancário paralelo" e sistema bancário tradicional foi em grande parte substituído pelo modelo "originate-and-distribute" (criação e distribuição) de securitização por meio de artifícios como obrigações de dívida colateralizadas (CDOs). Este modelo ruiu em 2007. Nós estamos testemunhando a crise financeira mais profunda, ampla e perigosa desde os anos 30. Como os professores Reinhart e Rogoff argumentam em outro trabalho, "as crises bancárias estão associadas a profundos declínios na produção e emprego". Isto se deve em parte aos balancetes estendidos além do limite: nos Estados Unidos, a dívida geral atingiu o pico recorde de pouco menos de 350% do PIB - 85% dela privada. Isto em comparação a pouco mais de 160% em 1980. Entre os resultados possíveis deste choque estão: déficits fiscais imensos e prolongados nos países com grandes déficits externos, à medida que tentam manter a demanda; uma recessão mundial prolongada; um ajuste brutal da balança global de pagamentos; um colapso do dólar; alta da inflação; recorrer ao protecionismo. A transformação certamente será mais profunda no próprio setor financeiro. A teoria de que as finanças modernas sofisticadas foram capazes de transferir o risco para aqueles mais capazes de administrá-lo fracassou. O paradigma, em vez disso, é de que o risco foi transferido para aqueles menos capazes de entendê-lo. Como Volcker comentou durante um discurso em abril passado: "De forma simples, o brilhante novo sistema financeiro - apesar de todos seus participantes talentosos, apesar de todas as suas ricas recompensas - fracassou no teste de mercado". Em um recente trabalho, Andrew Haldane, o diretor executivo de estabilidade financeira do Banco da Inglaterra, mostra quão pouco os bancos entendiam os riscos que supostamente deveriam administrar. Ele atribui estes fracassos a uma "miopia de desastre" (a tendência de subestimar os riscos), uma falta de consciência da "rede de externalidades" (contaminações de uma instituição para outras) e "incentivos desalinhados" (o lado positivo para os empregados e o lado negativo para os acionistas e contribuintes). Após a crise, nós certamente "veremos um setor financeiro menos orgulhoso", como Winston Churchill desejava em 1925. Os mercados imporão uma disciplina brutal, mesmo que temporária. A regulamentação também endurecerá. Menos claro é se os autores de políticas contemplarão soluções estruturais: uma separação do sistema bancário comerciais do sistema bancário de investimento; ou uma redução forçada do tamanho e complexidade das instituições consideradas grandes demais ou interconectadas demais para falirem. Também é possível imaginar um retorno de grande parte da atividade bancária ao mercado doméstico, à medida que os governos cada vez mais dêem as cartas. Neste caso, seria uma "desglobalização". Churchill também pediu para a indústria ficar "mais satisfeita". A curto prazo, entretanto, o colapso financeiro está provocando o oposto: uma desaceleração industrial mundial. Ela também está se espalhando por todo setor significativo da economia real, grande parte da qual está clamando por assistência. Mas se o sistema financeiro provou ser disfuncional, quanto podemos confiar na maximização do valor do acionista como forma de guiar os negócios? Grande parte das participações acionárias é, afinal, controlada por instituições financeiras. Os eventos dos últimos 18 meses devem confirmar a insensatez dessa idéia. É melhor, muitos concluirão, deixar os administradores determinarem a direção de suas empresas do que deixar os agentes financeiros ou mercados os atropelarem. Um resultado provável será uma maior disposição dos governos em proteger as empresas dos acionistas ativos - fundos hedge, private equity e outros investidores. Enquanto um setor financeiro defeituoso perde sua credibilidade, a legitimidade do próprio processo de mercado é danificada. Isto é particularmente verdadeiro em relação à abordagem "anglo-saxã" sem restrições. Não menos provável são grandes mudanças na política monetária. O consenso macroeconômico é a favor de separação da responsabilidade pelas políticas monetária e fiscal, a colocação da política fiscal no piloto automático, a independência dos bancos centrais e a orientação das decisões monetárias voltadas ao controle da inflação. Mas com as taxas de juros próximas de zero, a distinção entre política monetária e fiscal desaparece. Mais fundamental é o desafio à decisão de ignorar os preços dos ativos no estabelecimento da política monetária. Muitos argumentam que Greenspan, que sucedeu Volcker, criou as condições para ambas as bolhas e seus subsequentes estouros. Ele costumava argumentar que seria mais fácil a limpeza após o estouro de uma bolha do que identificar uma bolha em tempo real e então estourá-la. Em uma reavaliação da doutrina em novembro passado, Donald Kohn, o vice-presidente do Fed, reafirmou a posição ortodoxa, mas com um grau de desconforto. Kohn agora declara que "diante da importância demonstrada dos booms e colapsos (que podem se desenrolar ao longo de anos) para a economia real, os bancos centrais provavelmente deveriam analisar um horizonte mais longo ao avaliar a política de taxas". Os bancos centrais terão que ir mais longe, seja por meio da política monetária ou de instrumentos reguladores. Mas a imensa crise financeira, juntamente com o aprofundamento da recessão global, caso não algo muito pior, terá efeitos muito mais amplos do que apenas estes. Lembra o que aconteceu na Grande Depressão dos anos 30. O desemprego aumentou para um quarto da força de trabalho em países importantes, incluindo os Estados Unidos. Isso transformou o capitalismo e o papel do governo por meio século, até mesmo nas democracias liberais. Levou ao colapso do comércio liberal, fortificou a credibilidade do socialismo e do comunismo e conduziu muitos autores de políticas para a substituição de importações com estratégia de desenvolvimento. A Depressão também levou à xenofobia e ao autoritarismo. Pessoas assustadas se tornam tribais: linhas divisórias abertas dentro e entre sociedades. Em 1930, os nazistas conquistaram 18% do voto alemão; em 1932, no auge da Depressão, a participação deles saltou para 37%. Uma transformação que já pode ser vista é nas posturas de pagamento. Mesmo os Estados Unidos e no Reino Unido estão exercendo controle direto sobre os níveis e estruturas das instituições auxiliadas. Levou um ano para passar de inconcebível a habitual. Igualmente óbvia é a mudança mais ampla das posturas em relação à desigualdade: vastas recompensas eram aceitáveis em troca de competência excepcional; como compensação por incompetência cara, elas são intoleráveis. As taxas de impostos sobre os mais riscos estão a caminho de voltar a subir. Mas outro impacto será sobre o senso de insegurança. A credibilidade da transferência dos fundos previdenciários dos sistemas públicos de recolhimento na fonte para sistemas baseados no mercado será bem menor do que antes, apesar de, ironicamente, a oportunidade para investimento lucrativo a longo prazo ter aumentado. As políticas, como os mercados, se arriscaram demais. A busca por segurança fortalecerá o controle político sobre os mercados. Uma mudança das políticas significa uma mudança para o nacional e longe do global. Isto já está evidente nas finanças. Também é visto na determinação de resgatar os produtores nacionais. Mas a intervenção protecionista provavelmente se estenderá muito além dos casos vistos até agora: isto é só o começo. O impacto da crise será particularmente duro sobre os países emergentes: o número de pessoas em pobreza extrema aumentará, o tamanho da nova classe média encolherá e os governos de alguns países emergentes endividados certamente darão calote. A confiança nas elites locais e globais, no mercado e até mesmo na possibilidade de progresso material enfraquecerá, com consequências sociais e políticas potencialmente devastadoras. Ajudar as economias emergentes durante uma crise pela qual a maioria não tem nenhuma responsabilidade é uma necessidade. A capacidade do Ocidente em geral e dos Estados Unidos em particular de influenciar o curso dos eventos também será lesada. O colapso do sistema financeiro ocidental, enquanto a China floresce, marca um fim humilhante para o "momento unipolar". Enquanto os autores de políticas ocidentais enfrentam dificuldades, a credibilidade deles está arruinada. Quem ainda confia nos professores? Estas mudanças colocarão em risco a capacidade do mundo não apenas de administrar a economia global, mas também de lidar com os desafios estratégicos: Estados frágeis, terrorismo, mudança climática e a ascensão de novas grandes potências. No extremo, a integração da economia global da qual quase todos agora dependem pode ser revertida. A globalização é uma escolha. A economia integrada das décadas antes da Primeira Guerra Mundial sofreu um colapso. Poderá ocorrer de novo. Em 19 de junho de 2007, eu concluí um artigo sobre o "novo capitalismo" com a observação de que ele permanecia "não testado". O teste ocorreu: ele fracassou. A era da liberalização financeira acabou. Mas, diferente dos anos 30, não existe nenhuma alternativa crível à economia de mercado e os hábitos de cooperação internacional são profundos. "Eu tenho a sensação de que não estamos mais no Kansas", disse Dorothy após um tornado jogá-la, sua casa e seu cachorro na terra de Oz. O mundo das últimas três décadas desapareceu. Onde iremos parar, após este tornado financeiro, cabe a nós determinar. Tradução: George El Khouri Andolfato

domingo, 8 de março de 2009

Entrevista com a historiadora Mary Del Priore

Entrevista A ´sinhazinha´ continua viva dentro da mulher brasileira Mary Del Priore afirma que é preciso pensar na complementaridade entre os sexos: ´Não queremos ser homens de saias´ A história das mulheres não é um caminho progressivo, mas uma estrada juncada de obstáculos, resistências e ultrapassagens. A análise é da historiadora Mary Del Priore que, apesar de admitir os avanços na trajetória da mulher brasileira, diz: ´A sinhazinha continua, bem viva, dentro dela´No seu livro ´História das Mulheres no Brasil´, a senhora mostra a evolução da mulher na sociedade brasileira. O que ainda resta das ´sinhazinhas´ no imaginário da mulher brasileira atual?A história das mulheres não é um caminho progressivo, mas, sim, uma estrada juncada de obstáculos, resistências e ultrapassagens. A brasileira de hoje conquistou o espaço para estudar, trabalhar e dispor de sua sexualidade, sem entraves. Ou seja, ela não quer mais ser a sinhazinha. Mas ela também lida mal com a solidão, a competição e as responsabilidades advindas das conquistas precedentes: ´produções independentes´, a obrigação de prover a casa e o segundo turno de trabalho doméstico. Além disso, não abre mão de se cuidar para continuar a parecer uma princesa. Ou seja, a sinhazinha continua, bem viva, dentro dela.Historicamente, sobretudo pela ótica cristã, a mulher foi vista com inferioridade diante de um mundo masculinizado. O que vem mudando nesta realidade?Herdamos dois mil anos de tradição judaico-cristã da qual é difícil livrar-se. Sobretudo num país onde o descaso com a educação não ajuda a formar cidadãos. Quando não se tem consciência da própria inferioridade, é mais complicado lutar contra ela. Contudo, as mudanças se impõem. Mais e mais mulheres estão em postos de trabalho, temos cerca de 10% de representantes mulheres na Câmara e no Senado, e, nas universidades, o número de mulheres formadas é maior do que o dos homens. As condições materiais de vida estão realmente mudadas.Então, onde falta avançar?O problema é a subjetividade feminina? Como melhorar a auto-estima da mulher brasileira? Lutando contra a sua desvalorização. Lutando contra a imagem do ´xuxuzinho, da mulher-melancia e da gostosona´ que coisificam a mulher. O triste é que muitas gostam desta representação. E alimentam esta mentalidade nos filhos e maridos. E o que dizer de um país mestiço e mulato que só tem apresentadoras de televisão louras, ainda que falsas?! Como fica a auto-estima de nossas crianças?A mulher não tinha liberdade sobre o seu próprio corpo. Quando esta situação começou a mudar?O grande marco é o século XIX, momento em que o trabalho feminino passa da vida privada à pública. As brasileiras sempre trabalharam, e muito, lutando por sua sobrevivência e de seus familiares. Com a industrialização e o crescimento dos serviços, tal trabalho passou a ser feito ´fora´. Em São Paulo, por exemplo, as mulheres foram 90% da força de trabalho na indústria têxtil aos fins do Império. Mas, além da autonomia financeira, foi preciso conquistar aquela sexual. Não era possível se matar de trabalhar para sustentar uma família de 7,8 ou 10 filhos. A grande clivagem chega nos anos 70 com a difusão da pílula anticoncepcional. Ela é que deu a verdadeira liberdade para as mulheres. Antes de serem vítimas do pai, do marido ou do irmão, as mulheres foram vítimas de seus próprios corpos.E como se deu a luta no campo político e dos direitos individuais, como o voto que veio em 1932?Vale a pena recordar alguns marcos desta luta: só em 1879, as mulheres têm autorização do governo para freqüentar instituições do ensino superior, pelo que foram ridicularizadas. Em 1887, formou-se a primeira médica brasileira, Rita Lobato Velho. Em 1885, num romance intitulado Memórias de Marta, Júlia Lopes de Almeida denunciava pioneiramente a dificuldades da vida das mulheres pobres. Em 1917, a professora Leolinda Daltro liderou uma passeata exigindo a extensão do voto às mulheres. No ano o de 1922 foi fundada a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Em 1929 é eleita a primeira prefeita: Alzira de Souza, em Lages, Rio Grande do Norte. Em 1931, criada a Cruzada Feminista Brasileira e em 32, no governo de Getúlio Vargas, o novo código eleitoral institui o voto feminino. E só em 1945, uma Carta das Nações Unidas, reconheceu a igualdade de direitos entre homens e mulheres.O que representou essa conquista?No campo da política, muito pouco. A imensa maioria das mulheres que elegemos para nos representar não tem agendas voltadas para a educação das meninas pobres, a prevenção da gravidez precoce, o aborto, a luta contra a presença das mulheres no tráfico de drogas ou a igualdade salarial entre homens e mulheres. Elas preferem copiar os políticos que criticavam antes de ser eleitas. Mas, nos cargos, acabam roubando e corrompendo com a mesma cara de pau que eles têm. Nenhuma delas ergueu a bandeira da ética, se diferenciando do mar de lama em que está mergulhada a vida política.Qual a contribuição do movimento feminista da década de 1960 para a identidade atual da mulher?Foi importante, mas perdeu a força ao buscar a igualdade entre homens e mulheres. Não queremos ser homens de saias. Prefiro pensar nas complementaridades entre os sexos. Homens possuem liderança? Pois as mulheres têm o dom da negociação. Homens são agressivos, mulheres são conciliadoras...e daí por diante. Trabalhando juntos, naquilo que temos de diferente, singular e específico, teremos resultados mais ricos e eficientes do que buscando, a todo custo, uma igualdade que não deu certo. E que biologicamente não existe.Como a mulher brasileira vem acompanhando essas transformações?Enquanto elas continuarem a evitar que os maridos lavem a louça, a desqualificar as namoradas dos filhos quando tomam um fora, a chamar as homossexuais de ´sapatonas´, a aceitar a vulgaridade na TV e nas bancas de jornais, vai ser difícil adquirir a consciência necessária para promover mudanças. A mulher brasileira, no fundo, é machista.A senhora considera pequena a participação das mulheres na política brasileira?Não é pequena, não. Temos mais de 10% de representantes. O problema é a qualidade da representação. Há poucas políticas com agendas que façam a diferença, dos seus pares do outro sexo. Em geral, são tão demagogas e corruptas quanto eles.Existe uma relação cultural?Não. Tem raízes no baixíssimo investimento na educação. Pessoas educadas e informadas não vêem qualquer empecilho em votar em mulheres. E cidadãs bem formadas, uma vez eleitas, sabem dar contribuição de qualidade para a sua coletividade e ao seu País.Essa realidade é inerente a toda América Latina?A América Espanhola tem uma tradição de maior investimento no ensino, do que nós. A Argentina, para ficar num exemplo, logo depois de sua Independência, em 1816, criou logo um sistema nacional de educação, apoiado na escola pública e nas bibliotecas. Só fomos fazer isso, cento e vinte anos mais tarde. O sentimento de cidadania, com direitos e deveres é mais forte, onde há nível mais elevado de educação.O Brasil, principalmente o Nordeste, é conhecido por sua herança machista. O povo está preparado para eleger uma mulher para presidente da República?O Nordeste tem números assustadores de violência contra a mulher, mas o machismo existe no Brasil todo. O problema não é eleger um homem ou uma mulher, mas alguém que faça um verdadeiro trabalho de saneamento na educação e na saúde. Basta de populismo!Na sua opinião, quais são as principais conquistas das mulheres até hoje?No campo das realizações profissionais e afetivas, há, de fato, muitas conquistas. Há inúmeras brasileiras que conseguem conciliar trabalho e família, afeto e responsabilidade. Elas atingiram o equilíbrio sutil, mas necessário, entre a vida pública e a vida privada. Manter a família unida, valorizar as tradições, estando, igualmente, receptivas à inovações são desafios que muitas de nós conseguem preencher. O importante seria democratizar estas oportunidades para mulheres de camadas desfavorecidas, que sem a ajuda de creches, escolas de qualidade e hospitais adequados, têm menos possibilidades de atingir este equilíbrio.O livro´História do Amor no Brasil´ fala de como foram construídas as relações afetivas no Brasil. O que mudou ao longo desses anos as relações afetivas?Em toda a história do amor, o casamento e a sexualidade estiveram sob controle; controle da Igreja, da família, da comunidade. Só o sentimento, apesar de todos os constrangimentos, continuava livre. Podia-se obrigar indivíduos a viver com alguém, a deitar com alguém, mas não a amar alguém. As coisas mudaram bastante. Apesar dos riscos de doenças como a Aids, a sexualidade foi desembaraçada da mão da Igreja, separada da procriação graças aos progressos médicos, e mais, desculpabilizada pela psicanálise e cada vez mais exaltada. Hoje, a ausência de desejo é que é culpada. O casamento, fundado sobre o amor, não é mais obrigatório e escapa às estratégias religiosas ou familiares; o divórcio não é mais vergonhoso e os casais têm o mesmo tratamento perante a lei. A realização pessoal se coloca acima de tudo: recusamos a frustração e a culpabilização. Mas tudo isto são conquistas ou armadilhas? Os historiadores de amanhã o dirão. FIQUE POR DENTROQuem é Mary Del PrioreRenomada historiadora e escritora cuja obra tem como foco o comportamento e o cotidiano da vida do povo brasileiro. Possui graduação em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1983) e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo, especialização na Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (1993) e pós-doutorado na Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (1996). Atualmente é professora do programa de mestrado em História da Universidade Salgado de Oliveira. Autora de mais de 22 livros dentre outros: ´História do Amor no Brasil´ e ´História das Mulheres no Brasil´.Iracema SalesRepórter

sábado, 7 de março de 2009

MS prepara Gazelle, substituto do IE Segundo o site de pesquisas da Microsoft, a companhia está trabalhando em um navegador substituto ao Internet Explorer, chamado Gazelle. Com apelo principal voltado para segurança, o navegador será concebido como um sistema operacional que comandará as funções de proteção de maneira independente ao computador. De acordo com o site da MS, “o protótipo em execução e avaliação indica que um browser rodando como sistema operacional gera uma melhora significativa na segurança e compatibilidade”. Quanto ao apelo da segurança, esse é visto por especialistas como forma de diminuir o estigma de que o IE é um browser mais propenso a ataques de criminosos virtuais. Ainda não foi informada a data de lançamento do Gazelle aos usuários. Luta com a concorrência A iniciativa da gigante dos softwares busca desacelerar o crescimento dos concorrentes, como Firefox e Chrome, e diminuir as perdas de participação da companhia no mercado dos navegadores. Segundo dados da Net Applications relativos ao mês de fevereiro de 2009, o Firefox 3.0 fechou o mês com participação de 19,28% no setor de navegadores, ficando à frente do IE6, que atingiu 19,14%. Já o IE 7, versão mais recente do navegador da Microsoft, continua como primeiro no ranking, com 47,81% dos usuários. As duas versões do Safari, da Apple, 3.2 e 3.1 têm, respectivamente, 4,34% e 2,49% do mercado. O Google Chrome conta com 1,12% e o Opera 9 0,68%.

Gazelle - substituto do IE8 - 2a parte

Microsoft começou a desenvolver o browser Gazelle O que vai ser do Internet Explorer? A resposta ainda não foi dada pela Microsoft – apenas se sabe a gigante de Redmond está a trabalhar num novo browser. O novo browser, que foi baptizado de Gazelle, está a ser desenvolvido como se fosse um sistema operativo. Esta lógica de desenvolvimento tem em vista o desenvolvimento de sistemas de segurança robustos e autónomos, informa o El Pais. Não é por acaso que a Microsoft está apostada no reforço da segurança. Fundadas ou nem por isso, têm sido várias as críticas quanto à resistência do Internet Explorer face às várias ameaças que pairam na Web. Os responsáveis da Microsoft querem acabar com esta “má imagem” que tem aberto caminho para a expansão dos concorrentes Chrome, Firefox ou Safari. Resta saber se o Gazelle é apenas um nome de código ou se vai mesmo pôr fim à já prolífera família do Internet Explorer.

Gazelle - substituto do IE8

TECNOLOGIA: Gazelle, o substituto do Internet Explorer FORTALEZA (CE), 2 de março de 2009 - É fato que o Internet Explorer ainda mantém a hegemonia no mercado de browsers. Porém, a investida de novos navegadores vem, cada vez mais, diminuindo o seu alcance nos usuários. Concorrentes como o Firefox e o Safari estão tirando fatias preciosas do programa da Microsoft. Em janeiro, o Internet Explorer registrou participação de 67,6% no mercado, mostrando uma tendência constante de declínio. Para se ter uma idéia, nos últimos 12 meses, a sua utilização registrou uma queda de 8 pontos percentuais. Enquanto isso, Firefox e Safari registraram aumentos consideráveis, chegando a 21,5% e 8,5% de participação, respectivamente. O que a Microsoft precisa fazer para recuperar seu total domínio nos navegadores? A tentativa de responder esta pergunta parece estar no Gazelle, um browser que a gigante de Redmond mantém em fase de desenvolvimento. Substituto do Internet Explorer? Um projeto à parte? A verdade é que o Gazelle é a grande aposta da Microsoft, explorando o foco das críticas ao IE: a sua vulnerabilidade às ameaças presentes na "grande rede". Mais do que uma tentativa de recuperar o seu espaço perdido no mercado de navegadores, o Gazelle aparece como um "purificador" da imagem (já bastante abalada) do Internet Explorer. Agora, cá entre nós, bem que o pessoal da Microsoft poderia ter encontrado um nomezinho melhor, não? Não só por ser uma escolha que demonstra pouca originalidade (levando-se em conta que o Firefox já é representado por um animal), mas também por outra razão que não me cabe aqui explicar. O próprio nome a deixa transparecer. (O Povo)

PNE se funde ao PC

Última notícia: Integrantes da Direção Nacional do Partido Nacional Evangélico – PNE vão incorporar-se ao Partido Cristão – PCNotícia Postada em 04/02/2008 Última notícia: Integrantes da Direção Nacional do Partido Nacional Evangélico – PNE vão incorporar-se ao Partido Cristão – PC. A partir de agora, todos os Diretórios do PNE irão fundir-se ao Partido Cristão. Isso abre caminho para que outros partidos em formação apóiem e incorporem-se ao PC.Os Diretórios inicialmente serão abertos em Pernambuco, Sergipe e Alagoas.Fonte: Assessoria de Comunicação PC/Nacional

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Caso Battisti - 2a parte

BATTISTI, O BRASIL E A ITÁLIA: PRINCÍPIOS Bernard-Henri Lévy (*) Será preciso repetir? Não está em questão, aqui, a pessoa de Cesare Battisti. Ignoro se ele cometeu, ou não, os crimes que lhe atribuem e que ele, desde o início, vem negando com veemência. E detesto, de maneira geral, esse terrorismo do qual ele foi propagandista e para o qual, quanto a mim, nunca encontro circunstância atenuante. Isso posto, vejo as reações da imprensa desde que o ministro da Justiça brasileiro, Tarso Genro, decidiu conceder-lhe refúgio político em seu país. Observo, na Itália, esse estranho clima de histeria à ideia de ver escapar um homem que, como milhares de outros, abraçou a tese imbecil da “luta armada”, mas que está sendo transformado (sic) no pior criminoso dos anos de chumbo, na encarnação do horror daqueles anos, na personificação do mal, no diabo. E acho necessário, seja como for, e embora o caso pareça um tanto secundário diante da crise social, da miséria que cresce ou da rebelião na Guadalupe, lembrar mais uma vez certo número de princípios. 1. A Itália é, sem dúvida alguma, uma grande democracia. Acontece, porém, de as mais incontestáveis democracias encerrarem pontos de imperfeição e zonas obscuras. Os Estados Unidos e a pena de morte... A tortura, na França, durante a guerra da Argélia... A Inglaterra minada, décadas a fio, por uma guerra civil irlandesa que parecia só ter solução pelo sangue e pelas leis de exceção... Pois assim também na Itália que, em meio à urgência do combate ao terrorismo dos anos 1970, muniu-se de um arsenal legislativo em que figurava, em especial, uma lei de delação premiada permitindo que um homem, acusando outro, comprasse parcial ou integralmente sua própria impunidade. Foi o que aconteceu com Battisti. Com base no depoimento de arrependidos (entre eles o chefe de seu grupo, o equívoco Pietro Mutti) é que ele foi, há vinte anos, condenado à prisão perpétua. E há nisso, com o distanciamento, quando já saímos do estado de emergência e é chegada a hora de cuidar das feridas, algo que não se pode aceitar. 2. Entre os pontos críticos da democracia italiana, existe essa outra esquisitice que é a lei da contumácia, pela qual um acusado, condenado em ausência e posteriormente apanhado pela justiça, tem sua sentença automaticamente aplicada sem a possibilidade, como no França ou no Brasil, de um novo julgamento. Battisti, quando julgado por contumácia, foi representado por um advogado a quem remetera uma procuração desde seu exílio mexicano? Não, afirma justamente Fred Vargas que, fundamentada em perícias grafológicas, demonstrou aos brasileiros que paira mais que uma dúvida sobre a autenticidade dessa procuração. E, mais que nada, a defesa por meio de advogado jamais irá substituir realmente o comparecimento perante o juiz, frente a frente, palavra contra palavra, de um homem sobre o qual pesam suspeitas tão terríveis. O que quer que tenha feito, ou possa ter feito, trinta anos atrás, o futuro autor de Cargo sentimental [Cargueiro sentimental], ele tinha também o direito de se encontrar, ao menos uma vez, com seus juízes. E porque esse direito não lhe foi oferecido, porque o código penal italiano estipula que ele seria, em caso de extradição, diretamente encaminhado para a prisão vitalícia, é que era justo conceder-lhe, embora o termo pareça inadequado, embora seja chocante, o estatuto de “refugiado político”. 3. Não se enfrenta um problema tão imenso como esse dos anos de chumbo italianos fabricando um monstro, jogando sobre ele a totalidade dos crimes de sua organização, costurando-lhe na pele todo o arsenal dos pecados de uma época da qual ele não foi mais que pálido figurante, produzindo, em suma, um bode expiatório cuja execução judiciária dará a impressão de se estar quite, mediante um mínimo esforço, com a tarefa de rememoração e de luto. Foi isso, no entanto, o que fez Silvio Berlusconi quando, há cinco anos, tirou da cartola esse nome Battisti já esquecido de todos, ou quase todos. É o que tem feito essa parcela da opinião pública italiana que prefere, ao acusar apenas Battisti, apagar a assustadora complexidade de uma época em que se enfrentaram terrorismos de extrema esquerda, terrorismos de extrema direita, além das manobras mafiosas de um Estado que instrumentalizava ambos os lados (vide o filme Il Divo, que Paolo Sorrentino acaba de dedicar ao inoxidável presidente do Conselho daqueles anos e anos seguintes, Guido Andreotti). E isso não é bom nem para a Itália de hoje nem para o combate ao terrorismo de amanhã e nem, em suma, para as vítimas que não terão nada, nada a ganhar se, para liquidar as contas, forem jogados aos leões culpados incertos. Não sei se foi nisso, nesses termos, que pensou o ministro da Justiça do presidente Lula. Mas acho que foi sábia a sua decisão. Acho que é insensato se enfurecer com o Brasil, transformado (e com que desprezo!) numa república das bananas mais conhecida por “suas dançarinas que por seus juristas”. Pois a verdade, nesse que nunca deveria ter se tornado o “caso Battisti”, é a seguinte: não importam as pessoas, nesse tipo de assunto; não importa que tenham uma cara boa, uma boa mídia, uma boa reputação e que nos inspirem, ou não, simpatia; princípios só são princípios quando não sofrem nenhuma exceção. (tradução: Dorothée de Bruchard) * Filósofo e escritor francês, é autor de O Século de Sartre.

Crise econômica - 4a parte

*O nome da crise*" É preciso sepultar equivocadas interpretações que ajudam a explicar nossatolerância ao problema do desemprego", escreve *CesarBenjamin<http://www.unisinos.br/ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=19539>*, editor da Editora Contraponto, em artigo publicado no jornal *Folha de S.Paulo*, 21-02-2009. Segundo ele, "é preciso sepultar quatro interpretaçõesequivocadas, amplamente difundidas, que ajudam a explicar a nossa tolerânciaao problema".*Eis o artigo.*O Brasil assistiu com leniência a um salto no patamar histórico dodesemprego durante a década de 1990. Nos últimos anos, houve uma suave quedanos índices, mas tudo indica que no próximo período o problema se tornaránovamente agudo. A recente queda na produção industrial foi de quase 20% emapenas um trimestre, um recorde que sinaliza o início de um ciclo decontração. Os números sobre o desemprego acabam refletindo esse movimentocom alguma defasagem no tempo. É o que veremos nos próximos meses. Combateressa tendência será o grande desafio. É preciso sepultar *quatrointerpretações* equivocadas, amplamente difundidas, que ajudam a explicar anossa tolerância ao problema.O aumento do desemprego foi apresentado, nos últimos 20 anos, como umsubproduto do aumento da produtividade da economia brasileira, o quepermitia considerá-lo, implícita ou explicitamente, como um aspectoproblemático de um processo essencialmente desejável e virtuoso. Daí a ideiade uma certa inevitabilidade. É falso:* modernização técnica e emprego nãose excluem*. O problema é que, no Brasil, a produtividade aumentou muitomais do que a produção, pois o crescimento econômico foi rastejante.Quando a produção cresce com a produtividade, o nível de emprego se mantém.Quando cresce mais, ele aumenta.Uma *segunda interpretação* tem destacado a baixa qualidade da força detrabalho brasileira. Abandona-se, assim, a questão social (ofertainsuficiente de empregos) e se transfere o problema para os indivíduosafetados (sua "baixa empregabilidade").Porém, excetuando situações específicas, não representativas do conjunto,também é *falsa a ideia de que o trabalhador brasileiro não tem aqualificação que a economia demanda*. As estatísticas mostram que perdem oemprego, principalmente, pessoas com 35 a 45 anos de idade, chefes defamília, com experiência profissional e razoável qualificação.Na outra ponta, criam-se empregos, principalmente, no setor de serviços semqualificação: balconistas, vigilantes, motoboys e assim por diante.Ao contrário do que se pensa, nossa força de trabalho se tornousuperqualificada em relação ao tipo de emprego que foi criado nos últimos 20anos no Brasil, cuja economia perdeu capacidade de agregar valor a cadeiasprodutivas cada vez mais internacionalizadas.A *terceira interpretação* falsa destaca o excesso de encargos sociais.Divulga-se que eles representam 102% dos salários. A base desse cálculo estáerrada, pois ele considera encargos o descanso semanal, as férias, o décimoterceiro etc. Encargos, em todo o mundo, são apenas as contribuiçõesdestinadas a fundos coletivos que financiam políticas gerais.Tudo o que é apropriado pelo próprio trabalhador é parte do seu salário.Fazendo as contas corretamente, a relação entre encargos e salários, noBrasil, é de apenas 25%. Além disso, o que é relevante para o investimento éo custo total do trabalho, que se mantém idêntico nas duas contas e énotoriamente baixo entre nós. A retirada de direitos trabalhistas não geranenhum novo posto de trabalho.Por fim, repete-se que o *desemprego é uma situação típica das metrópoles,onde se realizam as pesquisas mensais, e não se repetiria no conjunto dopaís*. Porém o último Censo -a única pesquisa com abrangência nacional-apurou uma taxa média de 15,04% em todo o território, quando o desempregomedido pelo IBGE em regiões metropolitanas estava em torno de 7%.Combater essas mistificações é o primeiro passo para enfrentarmos o problemacom a seriedade que ele merece.

Crise econômica - 3a parte

Nem mesmo o Carnaval, com seus dias de alegria e folia pelo país, podeencobrir o drama do desemprego que avança com números já assustadores.Segundo dados do Ministério do Trabalho, no mês de janeiro foram fechados101.748 postos de trabalho com carteira assinada. Façamos as contas: isso dáuma média de 3.282 demissões por dia. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, desde novembro foram eliminados 800 mil empregos com carteiraassinada no país. Bem, a conta anterior fica então "modesta". Pois temosentão uma média diária de 8.800 postos de trabalho fechados por dia, semcontar já o mês de fevereiro. Sem falar que nas vésperas do Carnaval aEmbraer anuncia 4.200 demissões.E só estamos falando dos empregos formais, com carteira assinada, ainda nãosurgiram números e levantamentos das conseqüências da crise econômica sobreos setores mais precarizados, subempregados da classe trabalhadora.*Cinismo do grande capital *Naturalmente esta situação no Brasil é reflexo do agravamento da criseeconômica mundial, que parece não ter chegado ainda ao seu fundo do poço ajulgar pelos números da violenta retração recessiva nos países centrais, omassivo desemprego, a bancarrota de gigantes do setor financeiro e daprodução nos Estados Unidos, Europa e Japão.Números que indicam uma situação criminosa, repleta de cinismo do grandecapital e de bravatas do governo. Pois cá como lá, a receita do grandecapital é despejar sobre os trabalhadores o ônus da crise na forma dedemissões, retirada de direitos, enquanto governos e bancos centrais tratamde despejar montanhas de dinheiro para salvar o capitalismo.No Brasil, o cinismo começa pelas grandes empresas, que nos períodos decrescimento bateram recordes de produção e de lucros: bancos, montadoras,empresas exportadoras, como a Embraer. Mal começa a crise e os cálculos sãosimples para o capital: cortam-se os empregos e custos trabalhistas. Eaproveitando o momento de extrema dificuldade e defensiva em que ficam ostrabalhadores diante da ameaça do desemprego, recolocam na pauta a questãoda retirada de direitos trabalhistas, flexibilização dos salários e dajornada como contrapartida para garantir o emprego.Vejam o caso da Embraer. A empresa quer cortar 20% do seu quadro defuncionários, mas segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dosCampos a empresa tem uma carteira de pedidos firmes de US$ 21,6 bilhões dedólares e uma produção contratada de 270 aeronaves para 2009.*Política do governo não defende emprego*Mas há cinismo também nas excessivas bravatas do governo federal e dopróprio presidente, que se limita a manifestações públicas de desagrado coma situação, críticas aos empresários que demitem, mas não há medidasefetivas para estancar essa sangria dos postos de trabalho. Como se jáconformado com essa situação, uma das maiores medidas de impacto do governofoi anunciar uma tímida extensão das parcelas do seguro desemprego e aindaassim para alguns setores...Mas peguemos o próprio caso das 4.200 demissões da Embraer para avaliar oquilate do cinismo. Pois neste caso, o governo federal é acionista daEmbraer, ainda que minoritário, através do BNDES, sem falar dos fundos depensão de estatais que também participam da gestão da empresa. Maisimportante: como membro do Conselho de Administração, o governo, através doBNDES, tem poder de vetar as demissões...A questão é que o foco da política geral do governo para os tempos de criseé, em primeiro lugar, salvar os capitalistas, seus negócios e tentarreaquecer a economia pelo mercado interno. Volta-se a reduzir, ainda quetimidamente, taxas de juros, mantém-se um aumento real do mínimo, os bancosestatais liberam dinheiro para empresas, estatiza-se com reservas cambiais adívida externa de curto prazo das empresas privadas.Bem, as empresas tomam dinheiro do governo e compram títulos da dívidapública, fazem outras aplicações financeiras, mas continuam demitindo. Ogiro para o mercado interno com esse nível de desemprego, combinado com ofato, nada secundário, de que o endividamento da população (cartão decrédito, cheque especial, empréstimos consignados) está em torno de 40% doPIB, além da pressão concreta para a redução de salários, não dá umaperspectiva animadora de reaquecimento da economia. E sob o atual cenárioexterno catastrófico, não se reorienta em curto prazo uma economia voltadapara exportação para o mercado interno.*Medidas concretas e radicais *Há uma situação dramática que é a ausência de uma plataforma geral, de umacampanha nacional de massas que explicitasse um ponto de vista da classetrabalhadora para defender o emprego sem aceitar o jogo da flexibilização dedireitos e salários.Com o aval de direções sindicais colaboracionistas, pouco afeitas aconstruir uma resistência difícil, mas imprescindível para defender oemprego diante desta ofensiva, tem avançado o número de acordos que aceita aredução dos salários com redução de jornada.É necessária uma campanha nacional para exigir a proibição das demissões eestabilidade no emprego. Começar por uma ampla, massiva e unitária campanhapara barrar as mais de 4 mil demissões na Embraer já seria um ótimo ponto departida.A defesa da redução da jornada sem redução salarial e corte de direitosdeveria estar no topo de uma campanha nacional dos sindicatos e centrais queefetivamente se propõem a defender a classe trabalhadora, assim como arejeição a qualquer tipo de formato de reforma trabalhista.Também não se deve ter qualquer preconceito quanto a pautar na sociedademedidas que certamente seriam atacadas e vistas como absurdas ou radicaispelo grande capital e sua mídia. Por exemplo, o controle público e do Estadode empresas que estão demitindo em massa ou próximas de fechar. Qual seria oproblema de o Estado assumir o controle da produção e da empresa junto comos trabalhadores que nela trabalham diante de situação tão excepcional emque nos encontramos? Ou vamos continuar no terreno das declarações oficiaisapenas condenando a situação de desemprego massivo?Seria correta uma série de medidas práticas do Estado em relação aosdesempregados, como uma verdadeira extensão do seguro-desemprego para pelomenos 12 meses, aumento do seu valor, incluindo aí direitos para odesempregado, como verba para transporte; massiva e imediata política deinvestimentos estatais na construção de escolas, hospitais, casas, serviçosde infra-estrutura, não apenas para gerar empregos, mas também para levardignos serviços públicos e sociais para a maioria da população,especialmente nestes tempos de crise.Em tempo: para isso, não seria má idéia que se recolocasse na pauta asuspensão do pagamento dos juros da dívida pública. Medida que abririaamplas fontes de recursos para o governo investir na geração de empregos eserviços e para dar um fim na picaretagem que empresas e bancos continuamoperando, beneficiando-se dos títulos da dívida e dos seus juros para manterseus lucros ou diminuir prejuízos.Pois, enquanto isso...8.800 trabalhadores e trabalhadoras são demitidos pordia no Brasil...*Fernando Silva é jornalista*

Um partido que desistiu do socialismo proletário

* O significado do Novo Partido Anticapitalista (NPA) da França * Ao se organizar em torno de “idéias contestatórias”, partido organizado pelaLCR, do Secretariado Unificado, aproxima-se do reformismo e abandona aestratégia revolucionária Raoul Guzman, de Paris • Numa entrevista intitulada *A extrema esquerda não deveria ser uma reservaindígena*, publicado no site de informações Mediapart em 22/05/08 OlivierBesancenot nos apresenta sua visão política e defende o projeto do Novo Partido Anticapitalista (NPA). Começa afirmando, de maneira correta, que asmobilizações do inverno de 1995 marcaram uma virada na luta de classes naFrança e que *“existe uma resistência que permanece e que se exprime mesmonos momentos difíceis. Muita gente pensava que a eleição de Sarkozy poderiaacarretar um golpe nas mobilizações, mas não foi o caso, as resistênciascontinuam”*. Depois, Olivier especifica os objetivos almejados com o lançamento do NPA: *“Aaposta é dupla. Há conflitos em cascata em setores que não estavamhabituados a ter gente entrando na luta. No comércio, Pizza Hut, McDonald’s,Fnac. Então, a primeira coisa pra nós é dar uma resposta política a essagente que descobriu o engajamento em suas novas lutas. Pra nós, trata-se deestar em sintonia com suas aspirações, de responder à sua vontade de ir maislonge. A segunda aposta é recriar um sentimento de classe majoritário queseja a imagem do proletariado tal como ele existe hoje”*. O primeiro objetivo, ou seja, procurar fornecer uma resposta política àaltura da demanda manifesta nas mobilizações, é completamente legítimo. Éeste, acreditamos modestamente, um objetivo buscado por todo militantepolítico que se respeite, que seja digno desse nome. A segunda aposta parecemais ampla, diríamos. Apesar das lutas em cascata em setores não *“habituadosa vê-las”*, apesar do fato de *“jamais ter havido tantos explorados”*,o *“sentimentode classe”* nunca foi tão fraco, afirma Olivier Besancenot. Mas então comoexplicar todas essas lutas, essas greves, essas ocupações? Seria possívelque o sentimento de classe esteja mais forte entre os trabalhadores do quepensa a Liga Comunista Revolucionária (LCR)? Besancenot resume assim seupensamento: *“Então o problema concreto é partir das lutas para reconstruirum sentimento de classe para esse novo proletariado”*. Se o objetivo centraldesse novo partido é de reconstruir um sentimento, por mais honorável queseja, e não de desenvolver a luta, então a burguesia pode dormir sossegada. Após essa análise político-sentimental, Besancenot prossegue e precisa: *“Desdea queda do Muro de Berlim, dizemos que é necessário um novo partido e umnovo programa, porque pensamos que há um ciclo histórico que começou em 1917com a Revolução Russa e que terminou em 1989. Dizer que este ciclo históricoterminou não significa que se deva rejeitar em bloco esse período, mas que énecessário observá-lo para tirar ensinamentos do que se deve ou não fazer, eao mesmo tempo compreender que estamos em um novo período. A Revolução Russa não pode continuar sendo o ponto de referência que foi para todas as organizações revolucionárias durante um século”*. Agora que a tese está posta, podemos entrar no mérito da questão. *O NPA não é o futuro do movimento operário * Para construir o partido revolucionário, podemos utilizar diferentesmediações táticas. Entretanto, não devemos jamais esquecer o objetivoestratégico, a construção de um partido revolucionário de massas para atomada do poder pelo proletariado, para a instauração de uma ditadurarevolucionária do proletariado, um poder capaz de submeter os elementos maisreacionários da burguesia, de quebrar suas instituições. A instauração de umgoverno a serviço dos trabalhadores só poderá ser feita a esse preço. Não poderemos chegar ao socialismo sem passar por um período transitório deduro enfrentamento entre as forças da reação e aquelas da revolução. Esteperíodo transitório será mais ou menos longo, o que dependerá do fatorsubjetivo, do partido e de seu programa. E sobretudo, no quadro doimperialismo, tal batalha será travada e resolvida em grande parte na arenainternacional. É esta uma das principais lições da Revolução de Outubro, dafalência do stalinismo e de sua teoria dita do “socialismo num só país”. Nãose trata apenas de construir “solidariedades internacionais”, mas também deconstruir uma ferramenta capaz de resistir às instituições militares eeconômicas internacionais do imperialismo. *Uma questão secundária... * *“Falo a título pessoal. Quando alguém me pergunta quem sou, digo quepenso que é necessário derrubar esse sistema e colocar outro em seu lugar. Éa natureza de meu engajamento. Depois, cada um tem seu método para o fazer,mas isso é secundário. Não vamos passar nosso tempo a discutir sobre nossarelação com Trotsky e a Revolução Russa. É necessário antes de tudo agirpela revolução. A clivagem reforma-revolução evoluiu. Hoje não há maisrevolucionários face a reformistas, mas revolucionários face a gestores dosistema”*. Assim, reformistas “sinceros” e revolucionários poderiam co-habitar nummesmo partido? Então, esse partido não será mais revolucionário! Aliás, oNPA não possui nem mesmo um projeto de sociedade claramente definido. É oque se afirma nas “Resoluções do Congresso Nacional da LCR”: *“Dêmo-nos umpartido para inventar o socialismo do século XXI”*. Ademais, a fórmula é tãovaga que foi retomada por Fabius na sua contribuição para o congresso doPartido Socialista (PS). O antigo primeiro-ministro de Mitterrand propõe“seis linhas diretrizes para um socialismo do século XXI...”. É já um poucomais preciso. Nada de projeto de sociedade claramente definido, portanto. A fórmula induza uma suposição: a de que o socialismo do século XX não é mais atual. Ou,mais precisamente, que as lições e conquistas da Revolução de Outubroempreendida pelos bolcheviques não são mais atuais. Teríamos então mudado deera, não estaríamos mais na época das guerras e das revoluções?Aparentemente sim, teríamos mudado, já que segundo a LCR o socialismo e ocomunismo do século XX se reduziriam hoje, no século XXI, a “idéiascontestatórias”. No entanto, desde há muitos anos, todas as experiênciasnovas de reforma, por contestatórias que fossem em aparência, tornaram-seinelutavelmente seu contrário. Seja na França (Mitterrand, Jospin), Espanha(Felipe Gonzáles, Zapatero), na Itália (D’Alema), Brasil (Lula), Venezuela(Chávez) ou Bolívia (Evo Morales). Afirmamos que todos aqueles que se fiam, por pouco que seja, no projeto doNPA, ou reconhecem nele aspectos progressistas ou anticapitalistas seequivocam. Na verdade, esse projeto corresponde à adaptação ao sistemacapitalista, via uma política neo-reformista, de uma corrente internacionalsaída do trotskismo, do Secretariado Unificado (SU). Hoje, o que estruturaessa corrente é a hipótese de humanizar o sistema por meio de suacontestação permanente. Ora, desde o advento da era imperialista tal comodefinida por Lênin, essa possibilidade não existe mais. Em compensação, apósa queda do stalinismo, existe a chance de se construir partidos operáriosrevolucionários pelo socialismo. A LCR decidiu, por meio de seu projeto do Novo Partido Anticapitalista e dasdeclarações de Olivier Besancenot, romper definitivamente sua ligação com acorrente trotskista de onde ela surgiu, para se transformar em um novopartido de tipo reformista contestatório. Sem nenhum projeto de sociedadealternativa ao capitalismo, sem método ou estratégia revolucionária, oanticapitalismo deste NPA será de fachada. Seu futuro é incerto porque, noterreno do reformismo, do eleitoralismo, existem outros projetos mais oumenos direitistas. A concorrência será dura com os altermundialistas, oPartido Socialista e vários outros. França: Liga Comunista Revolucionária se dissolve * Alberto Madoglio, da Itália • Organização francesa ligada ao Secretariado Unificado se dissolve paracriar “nova organização anticapitalista”. Mas qual é o limite deste tipo deorganização? O Portal publica, abaixo, um artigo do Partido da AlternativaComunista, seção italiana da LIT. O texto mostra tais projetos foram vãos eacabaram resultando numa combinação entre o reformismo e o centrismo, comoindicam as experiências da Refundação Comunista (Itália) e dos zapatistas(México) Entre os dias 24 e 27 de janeiro, ocorreu, em Saint Denis, periferia deParis, o XVII Congresso da Ligue Comuniste Revolutionnaire (LCR), no qual sedecidiu, por larga maioria (mais de 80%), dar início ao processo de criaçãode um “novo partido anticapitalista” e, conseqüentemente, dissolver a LCR. Não é de hoje que a LCR (assim como a tendência internacional da qual elafaz parte, o Secretariado Unificado – SU – representado no Brasil pelacorrente Democracia Socialista do PT) não é uma organização consequentementerevolucionária. Todavia não nos pode deixar indiferente o fato que a rupturadefinitiva com os últimos vestígios do patrimônio político do comunismovenha em 2008, exatamente quarenta anos depois da fundação deste partido quesob impulso do Maio de 1968 francês foi por muito tempo uma das maioresforças da extrema esquerda mundial. O processo que os delegados da LCR iniciaram não é uma novidade absoluta. Jáhá muitos anos, em particular desde o início dos anos 90, com a dissoluçãoda União Soviética, que se assiste a experiências políticas que, na intençãoque se propõem, deveriam ser a solução da crise de representação e depropostas políticas que os trabalhadores em nível internacional vêmenfrentando depois do fim da onda revolucionária dos anos 60-70 e depois dodesmoronamento do stalinismo. Contudo, todas as vezes a realidade demonstrou como tais projetos foramvãos, pois a falência já estava inscrita no seu DNA. Foi assim com omovimento zapatista guiado pelo subcomandante Marcos, que não só nãoconseguiu acabar com o domínio da burguesia mexicana, mas nem mesmoconseguiu restituir a dignidade política e social da população indígena dopaís. O mesmo sucesso se deu com o projeto político do PT brasileiro quetantas ilusões disseminou pelo mundo através da experiência do orçamentoparticipativo e do Fórum Social Mundial de Porto Alegre. Porém, uma vezchegando ao governo com Lula, o partido demonstrou ser o melhor garantidordos interesses do imperialismo no continente sul americano. Tudo isso para não falar da Itália, onde 15 anos de propaganda do PRC(Partido da Refundação Comunista) acabou se traduzindo na participaçãodireta em um dos governos mais antioperários que a Itália conheceu desde ofim da segunda guerra mundial. Não é só a experiência passada que nos faz dizer que também este novoprojeto que nascerá sobre as cinzas da LCR é destinado a falência: é,sobretudo, uma crítica a proposta política adotada que nos faz chegar a estaconclusão. Se a análise que a LCR faz da crise da sociedade capitalista e da bancarrotadas organizações operárias tradicionais, mesmo sendo absolutamentesuperficiais, podem ser em geral compartilhadas. E se a presença dareivindicação da luta por uma sociedade socialista, poderia nos induzir adar um juízo positivo desta tentativa política, uma leitura mais atenta dasteses aprovadas não deixa dúvida sob o significado liquidador desta decisão.Antes de tudo, o chamado ao socialismo encontra-se totalmente desligado daluta pela conquista da hegemonia política dos setores politicamente ativosda classe operária, através de um programa de reivindicações transitório,que tem como fim a destruição da hegemonia política, econômica e social daburguesia e a substituição da ditadura de uma minoria privilegiada pela daimensa maioria da população. De tal modo este chamado se reduz a umreferência ao socialismo como um abstrato horizonte da humanidade, que secombina com o reformismo da sociedade atual. Uma combinação que semprecaracterizou o reformismo e o centrismo dos últimos dois séculos. Por outro lado, a reivindicação da experiência da “revolução bolivariana” deChávez e da sua tentativa de construir o “socialismo do século XXI”demonstra quanto as teses estão distantes do que teorizaram e praticaram oscomunistas com Marx, Lênin, Trotsky e com Outubro. Uma confirmação dos limites estreitos desta perspectiva pode ser encontradalendo a proposta adotada sobre a atitude a ser assumida nas próximaseleições municipais, nas quais a escolha é simplesmente entre um possívelacordo de governo local com o Partido Socialista ou com o PCF (PartidoComunista Francês) ou, ainda, a possibilidade de um simples apoio externo aum governo local de centro esquerda (também neste caso não excluindo asustentação ao Partido Socialista). No que concerne a uma eventualidade de sustentar um governo decentro-esquerda, os documentos se limitam a dizer que esta escolha dividiuas forças anticapitalistas e antiliberais no Brasil e na Itália, mas nãodizem de fato que tal política é insustentável. Os companheiros franceses,portanto parecem inspirar-se na experiência de seus primos italianos daEsquerda Crítica (ou vice e versa) que, por dois anos, forneceram ao governoProdi um apoio parlamentar determinante (lembre-se as variadas ocasiões queos dois deputados desta organização, Cannavò e Turigliatto, apoiaram o votode confiança no governo, ou as inumeráveis ocasiões em que o segundo noSenado, não participando das votações, contribuiu indiretamente para salvara vacilante destino de Prodi) e que, também depois de terem rompido com aRefundação Comunista, afirmaram que avaliariam “caso a caso” se sustentariamou não o executivo de centro-esquerda, definindo-se por isto sua organizaçãocomo tendencialmente (sic!) de oposição. Por isto a proposta organizativa da Esquerda Crítica assemelha-se muito comaquela adotada na França. Assim no texto aprovado em sua assembléia defundação (dezembro passado) se afirma que “o marxismo não é a única teoriade liberação a qual terão por referência” e propõem a constituição de umagenérica “rede anticapitalista” em ruptura com toda referência ao trotskismoentendido como programa marxista revolucionário atual. A Liga Internacional dos Trabalhadores, nas suas teses para o VIII CongressoMundial, falava do “vendaval oportunista” para indicar o fenômeno políticoque depois da queda do Muro de Berlin arrastou diversas tendências domovimento operário mundial, tornando-as direta ou indiretamente responsáveispela política antioperária da burguesia. Quase vinte anos de distânciadestes eventos, este “vendaval” ainda faz sentir seus efeitos. Quem se iludeque da crise do stalinismo e da definitiva traição da social-democracia sepossa sair com inovações político-organizativas não indica uma viaalternativa para chegar a nossa meta (a alternativa de sistema), mas condenamais uma vez os jovens, os trabalhadores, as mulheres e todos os oprimidos anovas e mais devastadoras derrotas. Por isto a luta pela construção de verdadeiros partidos comunistas em cadapaís e de uma internacional comunista revolucionária, torna-se cada vez maisuma necessidade inadiável. Só um partido fundado sobre um programaautenticamente de classe e comunista pode fornecer a resposta concreta, nãosó para por fim a escravidão do proletariado, mas também a opressão degênero, ao racismo e a xenofobia, a devastação ambiental que uma sociedadefundada sobre o lucro coloca em questão cotidianamente. *Tradução: Rodrigo Ricupero*