quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Invasões - herança maldita do PT

Invasões: herança maldita do PT

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Bastou sair o resultado das urnas, desfavorável ao PT, e seus bate-paus começam a invadir imóveis em São Paulo
Se dependesse do PT, a ética do esforço individual e do mérito estariam a sete palmos sob a terra. Essa é talvez a pior herança deixada por esse partido, se é lícito chamar um movimento de massas organizado de partido.
Sem nenhum pejo, quando a platéia é de pobres coitados dos rincões de sei lá onde, Lula ainda hoje, no outono da sua vida política, solta sua máxima da cartilha da luta de classes, a única que deve ter caído em suas mãos. Diga-se que esta cartilha é a origem do PT. Há um mundo de exploradores e um mundo de explorados. A vanguarda do proletariado deveria assumir o lugar dos exploradores e fazer justiça a seu modo, não ao modo burguês pautado pelo respeito às leis, pois, em sua cosmovisão, essas seriam eivadas da consciência de classe do opressor.
O tempo passou e o Brasil mudou para melhor, afirma-se. Há hoje uma certeza em certos círculos, dada por uma cesta de índices macroeconômicos que afirmam que o que manda é a economia, estúpido. O povão quer consumir e está feliz, dizem que até um poste poderia ser eleito como sucessor em condições assim – e se esforçam para isso ao máximo.
 
Já o legado moral e ético deixado pelo movimento de massas que é o PT, esses índices macro não medem, não chegam nem perto. E esse é o capital básico do partido, o potencial de indignação malandra, de senso de injustiça que jamais será satisfeito, útil até o momento em que as massas têm que ser devidamente enquadradas. Mas, até lá, o quanto puderem se beneficiar, melhor – pensa, pois quem tem algo só pode ter roubado. Que mal tem reivindicar sem mérito? Pode ser que pingue um no meu prato, quem sabe?
 
É inconcebível que um partido faça tamanho estrago no tecido da sociedade brasileira e tenha como grande resultado a apresentar uma adaptação de um programa assistencialista do governo anterior, conhecido hoje como Bolsa Família.
 
Mas sabe-se que, nesse caminho, toda uma liderança política e empresarial engajada se locupletou. Para essa elite, a conquista da prosperidade e da felicidade não advém do esforço constante e aprimorado, produtivo, humilde. O PT nunca defendeu igualdade de condições, sempre defendeu privilégios de classe.
 
Lula e a elite de seu movimento de massas amam suas vidas de executivos, acreditam estar fazendo justiça social a partir de si mesmos. Vez ou outra, querem dar a impressão para os desavisados e para si, ensaiando certa indignação farsesca, na tentativa de reviver o espírito primordial cravado no coração de operário malandro, na esperança de que a platéia também seja de operários malandros, ansiosos por sacanear o chefe.
 
Mas o Brasil não é feito de operários malandros. Essa limitação psicológica, a da suspicácia de classe, Lula não ultrapassou. E é por isso que ele e seu partido odeiam a independência das classes médias instruídas, tendo feito chacota a despeito do fato de perderem sistematicamente disputas ao governo de São Paulo.
 
Essa herança maldita está sendo pouco analisada, pouco avaliada e pouco atacada. A herança de que basta montar um bando, nomeá-lo “movimento”, “coletivo” e suas variantes, reivindicar o que quer que seja e achar que isso é conquista da dignidade.
 
E querem um exemplo? Mal o povo de São Paulo declarou seu voto de confiança novamente no governo do PSDB para recomeçarem invasões de prédios no centro da cidade. Isso sim é herança maldita.

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