sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A esquerda que não desejamos mais

Posted: 26 Dec 2011 03:55 AM PST
O jogo está perdido? Poderiam os eleitores e militantes de esquerda mais interessados no conteúdo do que nos rótulos ter esperanças, inclusive nos países ocidentais, de combater a direita junto com camaradas conquistados pelo liberalismo, mas ainda eleitoralmente hegemônicos? 



Os norte-americanos que se manifestam contra Wall Street protestam também contra seus 



Para ler a matéria na íntegra, clicar http://almocodashoras.blogspot.com/ 

Eric Hobsbawn sobre 2011: Fez-me lembrar 1848

Posted: 26 Dec 2011 11:59 AM PST
23/12/2011
Entrevista a Andrew Whitehead
BBC World Service News, Londres


Eric Hobsbawm assistiu às revoltas de 2011 com entusiasmo – e diz que, hoje,quem move as ondas populares é a classe média, não os trabalhadores. “Foi imensa alegria ver, mais uma vez, que o povo pode ir às ruas, manifestar-se e derrubar governos” – diz EJ Hobsbawm, no apagar das luzes de um ano de levantes populares no mundo árabe.

Para ler a matéria na íntegra, clicar http://almocodashoras.blogspot.com/ 

domingo, 25 de dezembro de 2011

A volta de Jesus

A volta de Jesus
Frei Betto
Escritor e assessor de movimentos sociais
Adital
Sem chamar a atenção, Jesus voltou à Terra em dezembro de 2010. Veio na pessoa de um catador de material reciclável, morador de rua. Comia prato feito preparado por vendedores ambulantes ou sobras que, pelas portas do fundo, os restaurantes lhe ofereciam.
Andava sempre com uma pomba pousada no ombro direito. Na porta de um teatro, estranhou o modo como as pessoas bem vestidas o encaravam. Lembrou que, na Palestina do século 1, sua presença suscitava curiosidade em alguns e aversão em outros, como fariseus e saduceus.
Agora predominava a indiferença. Sentia-se, na cidade grande, um Ninguém. Um ser invisível.
Ao revirar latas de lixo à porta de uma faculdade, nenhum estudante ou professor o fitou. "Fosse eu um rato a remexer no lixo, as pessoas demonstrariam asco,” pensou. Agora, nada. Nem o percebiam. Ou consideravam absolutamente normal um homem andrajoso remexer o lixo.
Graças a seu olhar sobrenatural, capaz de apreender alma e mente das pessoas, Jesus sabia que eram, quase todas, cristãs...
Roubaram um carro defronte da faculdade. A vítima, uma estudante cirurgicamente embelezada, apontou-o como suspeito de cúmplice dos ladrões. A polícia, sem pistas dos criminosos, decidiu prendê-lo para aplacar a ira da moça, filha de um empresário.
O delegado inquiriu-o:
- Nome?
- Jesus.- Jesus de quê?
- Do Pai e do Espírito Santo.
O delegado ditou ao escrivão:
- Jesus da Paz, natural do Espírito Santo.
A polícia conhece a diferença entre bandidos e moradores de rua. Tão logo a moça e seus pais deixaram a delegacia, Jesus foi liberado.
Saiu pela avenida, de olho nas vitrines das lojas. Todas repletas de enfeites de Natal. Tentou avistar um presépio, os reis magos, uma imagem do Menino Jesus... Viu apenas um velho de barba branca, gordo, com a cabeça coberta por um gorro tão vermelho quanto a roupa que vestia. O menino nascido em Belém havia sido substituído por Papai Noel. A festa religiosa cedera lugar ao consumismo compulsivo e à entrega compulsória de presentes.
Impressionou-se com os rápidos flashes coloridos dos televisores expostos nas lojas. A profusão de anúncios. Comentou com o Espírito Santo:
- Houvesse TV naquela época, teriam transmitido o Sermão da Montanha como um discurso subversivo e exibido no Fantástico a multiplicação dos pães. Se eu facilitasse, uma marca qualquer de cerveja iria querer me patrocinar...
Em busca de material reciclável, Jesus se surpreendeu com a quantidade e a variedade de lixo. Quanta coisa ele não conhecia! Como as pessoas consomem supérfluos! Quanta devastação da natureza!
Dormiu num banco de praça. Ao acordar, deu-se conta de que desaparecera seu saco repleto de latinhas e papéis. Possivelmente outro catador o levara. Pobre roubando pobre. Resignado, passou o dia revirando lixo para ganhar uns trocados e poder garantir a janta.
Tarde da noite, viu defronte de uma igreja. Decidiu entrar. Os fiéis, ao vê-lo tão maltrapilho, torceram o nariz. Jesus preferiu ficar de pé no fundo do templo. A Missa do Galo se iniciava. Achou o padre com cara triste, como se celebrasse um ritual mecânico. O sermão soou-lhe moralista. Não sentiu que houvesse, ali, a alegria da comemoração do nascimento de Deus feito homem. Os fiéis se mostravam apressados, ansiosos por retornarem às suas casas e se fartarem com a ceia natalina.
Terminada a missa, Jesus perambulou pela cidade. Pelas calçadas, sacos de lixo estufados de embalagens para presentes, caixas de papelão, ossos de frango e peru, cascas de ovos... Observou os moradores de um prédio reunidos no salão do andar térreo. Comiam vorazmente, estouravam garrafas de espumantes, trocavam presentes, abraços e beijos. Nada ali, nenhum símbolo, que lembrasse o significado originário daquela festa.
Passou diante de uma padaria que fechava as portas. O padeiro, ao ver o catador, pediu que esperasse. Retornou lá de dentro com uma sacola de pães, fatias de salame e um refrigerante.
- É pra você comemorar o Natal – disse o homem.
Jesus chegou a uma praça semiescura. Havia ali uma mulher excessivamente maquiada. Buscou um banco e ali se instalou para poder comer. A mulher se aproximou:
- Ei, cara, tem o que aí?
- Pão, salame e refrigerante.
- Não comi nada hoje. E a noite tá fraca. Faz duas horas que estou aqui e nada de freguês. Acho que em noite de Natal os caras ficam com culpa de pegar mulher na rua.
Jesus preparou o sanduíche e estendeu-o à mulher.
- Se não importa de beber no mesmo gargalo...
- Tenho lá nojo de alguma coisa? – murmurou a mulher.
- Se tivesse, não estaria rodando a bolsinha na rua.- Você não tem família?
- Tenho, lá na roça. Larguei aquela miséria pra tentar uma vida melhor aqui na cidade. Como não fui pra escola, o jeito é alugar meu corpo.
- Esta noite de Natal não significa nada pra você?
- Cara, você não imagina o que já chorei hoje lá na pensão. A gente era pobre, mas toda noite de Natal minha mãe matava um frango e, antes de comer, a família rezava um terço e cantava Noite feliz. Aquilo me deixava muito feliz. Não posso relembrar que as lágrimas logo inundam os olhos – disse ela, puxando o lenço de dentro da bolsa.
A mulher fez uma pausa para enxugar as lágrimas e indagou:
- Acha que, se Jesus voltasse hoje, esse mundo iria melhorar?
- Não sei... O que você acha?
- Acho que ninguém ia dar importância a ele. Essa gente só quer saber de festa, e não de fé. Mas bem que ele podia voltar. Quem sabe esse mundo arrevesado tomava jeito.
- Eu não gostaria que ele voltasse. Não adiantaria nada. Há dois mil anos ele veio e deixou seus ensinamentos. Uns seguem, outros não. Se o mundo está desse jeito, a ponto de eu ter que catar lixo e você alugar o corpo, a culpa é nossa, que não damos importância ao que ele ensinou. Veja, hoje é noite de Natal. Jesus renasce para quem?
- No meu coração, ele renasce todos os dias. Gosto muito de orar, não faço mal a ninguém, ajudo a quem posso. Mas, sabe de uma coisa? Eu gostaria de poder falar com Jesus, assim como nós dois estamos conversando aqui.
- E o que diria a ele?
- Bem, eu perguntaria se ser prostituta é pecado. Já vi um padre dizer que sim, e ouvi outro falar que não. O que você acha?
- Acho que Deus é mais mãe do que pai. E lembro que Jesus disse um dia aos fariseus que as prostitutas iriam entrar no céu primeiro que eles.
[Frei Betto é escritor, autor do romance "Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros.
Copyright 2011 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Se desejar, faça uma assinatura de todos os artigos do escritor. Contato – MHPAL – Agência Literária (mhpal@terra.com.br)].

sábado, 10 de dezembro de 2011

Os fracassos de Heloísa Helena e Marina Silva

Postado por BADI
Duas candidaturas que poderiam levar à construção de forças alternativas no campo da esquerda fracassaram. Não pela votação que tiveram, mas justamente pela forma como a obtiveram, não puderam acumular forças para poder construir uma força própria. Erros similares levaram a desfechos semelhantes.

Lançaram-se como se fossem representantes de projetos alternativos, diante do que caracterizavam como abandono desse caminho por parte do PT e do governo Lula ou, no caso, especificamente da Marina, de não contemplar as questões ecológicas. Ambas tiveram em comum, seja no primeiro turno, seja no segundo, a definição de uma equidistância entre Lula e Alckmin, no caso de HH, entre Dilma e Serra, no caso da Marina. 

Foi um elemento fundamental para que conquistassem as graças da direita – da velha mídia, em particular – e liquidassem qualquer possibilidade de construir uma alternativa no campo da esquerda. Era uma postura oportunista, no caso de HH, alegando que Lula era uma continuação direta de FHC; no caso da Marina, de que já não valeriam os termos de direita e esquerda.

O fracasso não esteve na votação – expressiva , nos dois casos – mas na incapacidade de dar continuidade à campanha com construção de forças minimamente coerentes. Para isso contribuiu o estilo individualista de ambas, mas o obstáculo politico fundamental foi outro – embora os dois tenham vinculações entre si: foi o oportunismo de não distinguir a direita como inimigo fundamental.

Imaginem o erro que significou acreditar que Lula e Alckmin eram iguais! Que havia que votar em branco, nulo ou abster-se! Imaginem o Brasil, na crise de 2008, dirigido por Alckmin e seu neoliberalismo! 

Imaginem o erro de acreditar que eram iguais Dilma e Serra! E, ao contrário de se diferenciar e denunciar Serra pelas posições obscurantistas sobre o aborto, ficar calada e ainda receber todo o caudal de votos advindos daí, que permitiu a Marina subir de 10 a 20 milhões de votos?

Não decifraram o enigma Lula e foram engolidas por ele. O sucesso efêmero das aparições privilegiadas na Globo as condenaram a inviabilizar-se como líderes de esquerda. Muito rapidamente desapareceram da mídia, conforme deixaram de ser funcionais para chegar ao segundo turno, juntando votos contra os candidatos do PT. E, pior, o caudal de votos que tinham arrecadado, em condições especiais, evaporou. Plinio de Arruda Sampaio, a melhor figura do PSOL, teve 1% de votos. Ninguem ousa imaginar que Marina hoje teria uma mínima fração dos votos que teve.

Ambas desapareceram do cenário politico. Ambas brigaram com os partidos pelos quais tinham sido candidatas. Nenhuma delas se transformou em líder política nacional. Nenhuma força alternativa no campo da esquerda foi construída pelas suas candidaturas. 

Haveria um campo na esquerda para uma força mais radical do que o PT, mas isso suporia definir-se como uma força no campo da esquerda, aliando-se com o governo quando ha coincidência de posições e criticando-o, quando ha divergências.

O projeto politico do PSOL fracassou, assim como o projeto de construção de uma plataforma ecológica transversal – que nem no papel foi construída por Marina -, reduzindo-as a fenômenos eleitorais efêmeros. O campo político está constituído, é uma realidade incontornável, em que a direita e a esquerda ocupam seus eixos fundamentais. Quem quiser intervir nele tem de tomar esses elementos como constitutivos da luta política hoje.

Pode situar-se no campo da esquerda ou, se buscar subterfúgios, pode terminar somando-se ao campo da direita, ou ficar reduzido à intranscendência.
Emir Sader 

Croácia entra na União Européia em 2013

Croácia entra na UE em 2013

9/12/2011 12:29,  Por Redação, com Reuters- de Bruxelas
Croácia
O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, afirmou queCroácia demonstrou que futuro dos Bálcãs, como um todo, está na UE
Croácia assinou nesta sexta-feira o tratado de adesão à União Europeia, medida que abre o caminho para que o país, antigo estado da ex-Iugoslávia, se torne o 28o membro do bloco em 2013, por ter efetuado as profundas reformas econômicas e democráticas exigidas.
Políticos da UE esperam que a adesão da Croácia convença outros países dos Bálcãs de que as reformas valem a pena e, em conseqüência, seja acelerada a transição para a democracia numa região abalada por guerras de fundo étnico nos anos 1990.
Em declarações durante a cerimônia de adesão, em Bruxelas – realizada à margem da cúpula da UE -, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, disse que o bloco permanece comprometido com as nações dos Bálcãs, apesar das dificuldades econômicas.
–A façanha da Croácia prova a todos naquela região que por meio de duro trabalho, persistência, coragem política e determinação a adesão à UE está ao alcance–, afirmou Van Rompuy. ”A Croácia é pioneira, demonstrando de modo tangível que o futuro dos Bálcãs ocidentais como um todo está na União Europeia. A União permanece comprometida com essa perspectiva.”

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Crise européia atingirá o Brasil

Crise europeia atingirá o Brasil


Segundo colaborador da Rádio Bandeirantes, redução da taxa Selic para 11% ao ano é uma medida que pode suavizar o impacto

Delfim Netto aponta as medidas que podem ajudar a reduzir impacto da crise europeia no Brasil / Divulgação Delfim Netto aponta as medidas que podem ajudar a reduzir impacto da crise europeia no Brasil Divulgação

    Ouça também

  • Confira depoimento de Delfim Netto sobre a crise econômica
Não há saída: cedo ou tarde, os efeitos da crise na Europa chegam ao Brasil com mais força. O prognóstico é do ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, colaborador da Rádio Bandeirantes.

Ouvido há pouco no Jornal Gente na conexão diária com o canal BandNews TV, ele indicou as possíveis consequências da crise europeia no país.

Entre as consequências mais importantes estão a dificuldade para financiar o desenvolvimento do país e a volatilidade na Bovespa.

Para o economista, a provável redução dos juros para 11% ao ano pode ajudar a suavizar o impacto da crise econômica em território brasileiro.

EUA não sabem se Israel avisaria antes de atacar o Irã

EUA não sabem se Israel avisaria antes de atacar o Irã


quarta-feira, 30 de novembro de 2011 20:38 BRST




Por Phil Stewart
A BORDO DE UM AVIÃO MILITAR DOS EUA, 30 de novembro (Reuters) - O principal general dos Estados Unidos disse nesta quarta-feira à Reuters que não tem certeza de que Israel avisaria de antemão Washington caso decida realizar uma ação militar contra o Irã.
O general Martin Dempsey, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, admitiu também que há divergências entre Israel e EUA sobre a melhor maneira de lidar com o Irã e com o seu programa nuclear.
Ele afirmou que os norte-americanos estão convencidos de que as sanções e a pressão diplomática são o melhor caminho para convencer o Irã a abandonar seu programa atômico, mas sempre mantendo "a intenção declarada de não retirar nenhuma opção da mesa" - expressão habitualmente usada pelos EUA para dizer que não descartam uma ação militar no futuro.
"Não tenho certeza de que os israelenses partilham nossa avaliação sobre isso. E, como eles não (partilham), e como para eles isso é uma ameaça existencial, acho que provavelmente é justo dizer que nossas expectativas são diferentes no momento", disse Dempsey em entrevista durante o trajeto Washington-Londres.
Ele não explicou quais são essas divergências, e tampouco esclareceu se considera que Israel está se preparando efetivamente para atacar o Irã.
EUA, Israel e outros governos suspeitam que o Irã esteja desenvolvendo clandestinamente armas nucleares, embora Teerã insista no caráter pacífico das suas atividades. O país está enfrentando novas sanções da comunidade internacional por causa de um recente relatório da agência nuclear da ONU que corroborava as preocupações ocidentais.
A ideia das novas sanções ganhou mais força nesta quarta-feira, quando fontes diplomáticas disseram que a Grã-Bretanha apoiaria a proibição de importação de petróleo iraniano. O Irã, no entanto, vê o programa nuclear como uma fonte de poder e prestígio, e não está claro se eventuais novas sanções alterariam a sua análise de custo e benefício.
Há temores de que, se as potências nucleares não conseguirem atrair Teerã para uma negociação séria a respeito do seu programa nuclear, Israel poderia se sentir ameaçado e atacar o país persa.
Questionado diretamente sobre se Israel alertaria os EUA de antemão caso optasse por uma ação militar, Dempsey respondeu de forma lacônica: "Não sei."

sábado, 19 de novembro de 2011

O Capitalismo e a miséria americana

O CAPITALISMO E A MISÉRIA AMERICANA


19/11/2011 10:49,



O capitalismo, dizem alguns de seus defensores, foi uma grande invenção humana. De acordo com essa teoria, o sistema nasceu da ambição dos homens e do esforço em busca da riqueza, do poder pessoal e do reconhecimento público, para que os indivíduos se destacassem na comunidade, e pudessem viver mais e melhor à custa dos outros. Todos esses objetivos exigiam o empenho do tempo, da força e da mente. Foi um caminho para o que se chama civilização, embora houvesse outros, mais generosos, e em busca da justiça. Como todos os processos da vida, o capitalismo tem seus limites. Quando os ultrapassa no saqueio e na espoliação, e isso tem ocorrido várias vezes na História, surgem grandes crises que quase sempre levam aos confrontos sangrentos, internos e externos.

A revista Foreign Affairs, que reflete as preocupações da intelligentsia norte-americana (tanto à esquerda, quanto à direita) publica, em seu último número, excelente ensaio de George Packer – The broken contract; Inequality and American Decline. Packer é um homem do establishment. Seus pais são professores da Universidade de Stanford. Seu avô materno, George Huddleston, foi representante democrata do Alabama no Congresso durante vinte anos.

O jornalista mostra que a desigualdade social nos Estados Unidos agravou-se brutalmente nos últimos 33 anos – a partir de 1978. Naquele ano, com os altos índices de inflação, o aumento do preço da gasolina, maior desemprego, e o pessimismo generalizado, houve crucial mudança na vida americana. Os grandes interesses atuaram, a fim de debitar a crise ao estado de bem-estar social, e às regulamentações da vida econômica que vinham do New Deal. A opinião pública foi intoxicada por essa idéia e se abandonou a confiança no compromisso social estabelecido nos anos 30 e 40. De acordo com Packer, esse compromisso foi o de uma democracia da classe média. Tratava-se de um contrato social não escrito entre o trabalho, os negócios e o governo, que assegurava a distribuição mais ampla dos benefícios da economia e da prosperidade de após-guerra – como em nenhum outro tempo da história do país.

Um dado significativo: nos anos 70, os executivos mais bem pagos dos Estados Unidos recebiam 40 vezes o salário dos trabalhadores menos remunerados de suas empresas. Em 2007, passaram a receber 400 vezes mais. Naqueles anos 70, registra Packer, as elites norte-americanas se sentiam ainda responsáveis pelo destino do país e, com as exceções naturais, zelavam por suas instituições e interesses. Havia, pondera o autor, muita injustiça, sobretudo contra os negros do Sul. Como todas as épocas, a do após-guerra até 1970, tinha seus custos, mas, vistos da situação de 2011, eles lhe pareceram suportáveis.

Nos anos 70 houve a estagflação, que combinou a estagnação econômica com a inflação e os juros altos. Os salários foram erodidos pela inflação, o desemprego cresceu, e caiu a confiança dos norte-americanos no governo, também em razão do escândalo de Watergate e do desastre que foi a aventura do Vietnã. O capitalismo parecia em perigo e isso alarmou os ricos, que trataram de reagir imediatamente, e trabalharam – sobretudo a partir de 1978 – para garantir sua posição, tornando-a ainda mais sólida. Trataram de fortalecer sua influência mediante a intensificação do lobbyng, que sempre existiu, mas, salvo alguns casos, se limitava ao uísque e aos charutos. A partir de então, o suborno passou a ser prática corrente. Em 1971 havia 141 empresas representadas por lobistas em Washington; em 1982, eram 2445.

A partir de Reagan a longa e maciça transferência da renda do país para os americanos mais ricos, passou a ser mais grave. Ela foi constante, tanto nos melhores períodos da economia, como nos piores, sob presidentes democratas ou republicanos, com maiorias republicanas ou democratas no Congresso. Representantes e senadores – com as exceções de sempre – passaram a receber normalmente os subornos de Wall Street. Packer cita a afirmação do republicano Robert Dole, em 1982: “pobres daqueles que não contribuem para as campanhas eleitorais”.

Packer vai fundo: a desigualdade é como um gás inodoro que atinge todos os recantos do país – mas parece impossível encontrar a sua origem e fechar a torneira. Entre 1974 e 2006, os rendimentos da classe média cresceram 21%, enquanto os dos pobres americanos cresceram só 11%. Um por cento dos mais ricos tiveram um crescimento de 256%, mais de dez vezes os da classe média, e quase triplicaram a sua participação na renda total do país, para 23%, o nível mais alto, desde 1928 – na véspera da Grande Depressão.

Esse crescimento, registre-se, vinha de antes. De Kennedy ao segundo Bush, mais lento antes de Reagan, e mais acelerado em seguida, os americanos ricos se tornaram cada vez mais ricos.

A desigualdade, conclui Packer, favorece a divisão de classes, e aprisiona as pessoas nas circunstâncias de seu nascimento, o que constitui um desmentido histórico à idéia do american dream.

E conclui: “A desigualdade nos divide nas escolas, entre os vizinhos, no trabalho, nos aviões, nos hospitais, naquilo que comemos, em nossas condições físicas, no que pensamos, no futuro de nossas crianças, até mesmo em nossa morte”. Enfim, a desigualdade exacerbada pela ambição sem limites do capitalismo não é apenas uma violência contra a ética, mas também contra a lógica. É loucura.

Ao mundo inteiro – o comentário é nosso- foi imposto, na falta de estadistas dispostos a reagir, o mesmo modelo da desigualdade do reaganismo e do thatcherismo. A crise econômica mais recente, provocada pela ganância de Wall Street, não serviu de lição aos governantes vassalos do dinheiro, que continuaram entregues aos tecnocratas assalariados do sistema financeiro internacional. Ainda ontem, Mário Monti, homem do Goldman Sachs, colocado no poder pelos credores da Itália, exigia do Parlamento a segurança de que permanecerá na chefia do governo até 2013, o que significa violar a Constituição do país, que dá aos representantes do povo o poder de negar confiança ao governo e, conforme a situação, convocar eleições.

Tudo isso nos mostra que estamos indo, no Brasil, pelo caminho correto, ao distribuir com mais equidade a renda nacional, ampliar o mercado interno, e assim, combater a desigualdade e submeter a tecnocracia à razão política. É necessário, entre outras medidas, manter cerrada vigilância sobre os bancos privados, principalmente os estrangeiros, que estão cobrindo as falcatruas de suas instituições centrais com os elevados lucros obtidos em nosso país e em outros países da América Latina.

Este texto foi publicado também nos seguintes sites:



http://www.vermelho.org.br/ap/noticia.php?id_secao=9&id_noticia=168910

http://contextolivre.blogspot.com/2011/11/o-capitalismo-e-miseria-americana.html

http://noticias.ziipe.com/wordpress/?p=21733

http://easonfn.wordpress.com/tag/miseria-americana/

http://blogln.ning.com/main/sharing/share?id=2189391%253ABlogPost%253A882601

http://democraciapolitica.blogspot.com/2011/11/o-capitalismo-e-miseria-americana.html

Os Egípcios querem um governo civil

Milhares de egípcios protestam no Cairo por transferência para governo civil


18/11/2011 12:42, Por Redação, com Reuters- do Cairo




Mais de 50 mil egípcios foram à Praça Tahrir, no centro do Cairo, se manifestar para exigir que a junta militar que assumiu depois da queda de Mubarak agiliza a transferência de poder para um governo civil

Mais de 50 mil egípcios compareceram nesta sexta-feira à praça Tahrir, no Cairo, para pressionar a junta militar a apressar a transferência do poder para um governo civil, depois de o gabinete interino apresentar uma proposta constitucional que reafirma o poder das Forças Armadas.



Os manifestantes – a maioria homens com barba e mulheres com véus – entoaram cânticos religiosos antes das preces da sexta-feira, enquanto outros distribuíam panfletos exigindo a retirada da proposta constitucional e a realização de eleições presidenciais até abril.



-Será que o governo quer humilhar o povo? O povo se revoltou contra (o ex-presidente Hosni) Mubarak, e vai se revoltar de novo contra a Constituição que querem nos impor-, gritou um membro de um grupo islâmico salafista pelo alto falante, para aplausos da multidão.



A presença da multidão na praça Tahrir lembrava os 18 dias de ocupação desse espaço, no começo do ano, que resultou na deposição de Mubarak.



O Egito realizará eleições parlamentares em 28 de novembro, mas o processo pode ser prejudicado se os partidos políticos e o governo não chegarem a um acordo sobre o anteprojeto constitucional que coloca os militares a salvo de qualquer supervisão parlamentar, potencialmente permitindo que as Forças Armadas desafiem um governo eleito.



Pelo menos 39 partidos e grupos políticos disseram em nota que vão se manifestar para “proteger a democracia e a transferência de poder”. Negociações entre os grupos islâmicos e o gabinete foram rompidas.



Os partidos e movimentos salafistas – que seguem ensinamentos islâmicos ortodoxo — foram os primeiros a galvanizar apoio para o protesto desta sexta-feira. A Irmandade Muçulmana e vários partidos liberais aderiram posteriormente.



Os grupos islâmicos montaram seu próprio palanque, e a praça ficou dividida entre os diversos grupos políticos – exceto no momento da oração.



Milhares de salafistas chegaram ao Cairo vindos de diferentes partes do país. Muitos agitavam bandeiras e cantavam o hino nacional. “Viemos de ônibus do Delta (do Nilo). Fomos convocados a vir demonstrar nossa recusa ao regime militar e nosso apoio ao regime civil”, disse Mohamed Ali, militante do partido salafista Al Asalah.



Na cidade portuária de Alexandria, milhares de pessoas participaram de um protesto semelhante, e pretendiam posteriormente ir em passeata até um quartel. “Fomos exigir mudança, mas tiraram Mubarak, e trouxeram o marechal”, gritava a multidão.

domingo, 13 de novembro de 2011

O ultra-esquerdismo se encontra com o stalinismo

Onde o ultra-esquerdismo se encontra com o stalinismo
 
Nota da Juventude do PSTU sobre a campanha de calúnias da LER-QI
 
 
JUVENTUDE DO PSTU
 
 
• A USP está ocupada. Desta vez, não se trata da presença de algumas
viaturas ou PMs no campus, o que já seria por si só revoltante, mas da
presença massiva de helicópteros, carros blindados, caminhões e mais de 400
integrantes da Tropa de Choque - a mesma que assassinou 119 detentos no
Presídio do Carandiru em 1992.
 
Como já havíamos dito em nossa nota política,* “Com este ato de violência e
arbitrariedade, cai por terra todas as desculpas da reitoria e fica
absolutamente claro por que se mantém a Policia Militar no campus da
Universidade. O objetivo não é proteger a população dos criminosos. O
OBJETIVO É REPRIMIR E INTIMIDAR O MOVIMENTO ESTUDANTIL. Utilizam-se do
trágico assassinato do estudante, ocorrido recentemente, para permitir a
entrada da Polícia Militar, utilizando-se do argumento do combate à
criminalidade. A PM não resolveu o problema de combate à criminalidade e,
ao contrario iniciou um processo de perseguição e controle dos estudantes e
funcionários abordando e revistando-os, entrando em Centros Acadêmicos e
prédios de aula, interferindo diretamente nos espaços que deveriam permitir
um debate livre e democrático de ideias. E agora demonstraram claramente o
principal objetivo da reitoria em mantê-los no campus: reprimir
violentamente, com prisões e detenções a qualquer manifestação realizada
pelos estudantes, e futuramente dos funcionários”. *
 
Com a militarização do campus, o movimento estudantil da USP recebe um duro
golpe. Agora, a tarefa de todas as entidades e ativistas estudantis,
sindicais e políticos é cercar de solidariedade os presos de Rodas-Alckmin
e lutar pela sua libertação, bem como seguir a luta contra a presença da PM
no campus.
 
No curso dessa luta, os estudantes terão ainda a tarefa de superar a
política ultra-esquerdista da LER-QI e sua concepção de ‘democracia dos que
lutam’, ou seja, a ideia de que os rumos do movimento estudantil, suas
ações e seus métodos devem ser decididos não pela base, mas apenas por
aqueles que estão dispostos a lutar. Com isso, a tarefa de ganhar a
consciência da massa estudantil fica relegada a segundo plano, já que ‘os
que lutam’ tomam as decisões. Trata-se de uma método nefasto, suicida e
criminoso, que a base dos estudantes saberá julgar no momento devido.
 
No entanto, independente de nossas diferenças políticas, o que consideramos
absolutamente inaceitável é que a LER-QI tenha resolvido, também, lançar
uma campanha de calúnias contra o PSTU, com o objetivo de desmoralizar
nossa organização, fazendo-nos passar por traidores e infiltrados da
Reitoria.
 
As acusações são gravíssimas. Em uma nota de 4 de novembro, publicada em
seu site, a LER-QI afirma que o PSTU e o PSOL teriam negociado, pelas
costas dos estudantes, com a reitoria, a desocupação da Administração da
FFLCH (ocupada antes da Reitoria). Para comprovar esta “teoria”, citam um
documento “vazado” na internet alguns dias antes. A nota afirma:*“Recentemente
vazaram na internet documentos em que, no dia seguinte à ocupação da
Administração da FFLCH, 28/10, José Clóvis, assessor do gabinete do reitor,
informa o Reitor Rodas sobre 'reunião realizada hoje com algumas lideranças
estudantis na História'”*
 
A seguir, a declaração da LER-QI cita o documento “revelador”:
 
*“Prezado Professor João, (…) fui conversar com os setores organizados do
movimento estudantil e professores. Desse encontro surgiram algumas
propostas para colocar fim à invasão do prédio da Administração da FFLCH:
1) Os alunos disseram que há dois grupos no interior do movimento sendo um
organizado, ligado aos pequenos partidos de esquerda; o outro, composto de
ultraradicais que não desejam sair. Porém, se a Congregação for convocada
extraordinariamente para segunda-feira (…) e for discutida a invasão, os
radicais talvez sintam-se acuados; 2) Para além da crítica à invasão (o que
certamente ocorrerá), os alunos entendem que a congregação pode encaminhar
ao sr. e ao CO, uma proposta de reforma do Estatuto (…) 3) A proposta deles
é que o sr. revogue o convênio com a PM, porém, discuti com eles que isso é
pouco provável (…). Uma proposta que acredito a Congregação pode encaminhar
e que eles acharam interessante é que um Fórum Permanente de Segurança
possa ser constituído com a presença de representantes deles próprios, da
PM, de ilustres professores e representantes’ dos funcionários. (...)”*
 
Como se vê, ainda que seja verdadeiro, e que tenha ocorrido uma “conversa
com os setores organizados do movimento estudantil”, em nenhum momento o
documento afirma que a conversa foi com militantes do PSTU ou de qualquer
outra organização em particular. O informe simplesmente não cita nenhuma
organização!
 
Não contente com o documento que nada revela, a LER-QI conclui: *“É um
absurdo! Quem são essas 'lideranças estudantis'?! Não é muita coincidência
que justamente a idéia de 'desocupar' a Administração da FFLCH apresentada
neste email tenha sido exatamente a mesma proposta que PSOL e PSTU
(desocupação) que também por coincidência são lideranças estudantis na
FFLCH?” *
 
Parece que estamos lendo o site de Veja, mas infelizmente trata-se de uma
organização que se reivindica de esquerda. A calúnia e a confusão são
evidentes. De nossas posições políticas com respeito à ocupação da
Administração da FFLCH, a LER-QI simplesmente conclui que nós... negociamos
escondidos com a reitoria e passamos informações a ela!
 
A LER-QI abandona assim as regras morais mais elementares da esquerda e se
joga em uma campanha vergonhosa, indigna, suja e mesquinha, com o único
objetivo de combater nossas posições políticas. É a moral do vale tudo, que
não tem nada em comum com os valores defendidos pela esquerda
revolucionária e socialista, à qual a LER-QI diz pertencer.
 
Mas as mentiras e as calúnias não páram por aí. Sentindo que o documento
vazado na internet não lhe dá uma base sólida para travar seu vale-tudo
contra o PSTU, a LER-QI cita um outro documento “vazado”, este sim citando
nomes. Diz a LER-QI: “Inclusive, em outro documento que está circulando, de
2/6, Waldir Jorge, coordenador da COSEAS, escreve a Amadio, chefe de
gabinete, sobre a moradia retomada”.
 
Eis o segundo documento:
 
*“Hoje tive reunião com alunos Adrian e Renan do DCE, (…) há uma grande
possibilidade de avançarmos na recuperação desta área. (…) Há uma real
vontade deles em acertarmos os ponteiros. Sugiro agendarmos uma reunião (…)
e fecharmos mais este pacote de pepino!” *
 
A confusão é deliberada! A LER-QI mistura um informe sobre uma conversa
misteriosa a respeito da ocupação da Administração da FFLCH com um e-mail
sobre uma reunião a respeito da sede do DCE, ocorrida em 2 de junho (!). O
que isso tem a ver com a ocupação da Administração da FFLCH???
 
Aqui a LER-QI incorpora o PSOL na sua ofensiva de calúnias e faz um
amálgama, a fim de reforçar a tese de que houve uma negociação com a
reitoria, às escondidas do movimento, para desmontar a ocupação da
Administração da FFLCH.
 
Com um cinismo poucas vezes visto no movimento, a LER-QI afirma mais
adiante em sua nota: *“É necessário organizar uma Comissão Independente
para apurar os fatos e apresentar para todos os estudantes quem são as
'lideranças estudantis' que negociaram com a Reitoria pelas costas do
movimento a desocupação.” *
 
Mas perguntamos à LER-QI: para quê uma comissão se vocês já desvendaram o
crime? Para quê uma comissão se vocês já misturaram dois e-mails que não
têm nada a ver um com o outro e já retiraram daí a resposta, já obtiveram a
prova cabal de sua acusação stalinista? Para que uma comissão se vocês já
tem certeza absoluta que foram o PSTU e o PSOL que negociaram pelas costas
dos estudantes? Para que perder um tempo preciso? Por que não condenar
imediatamente e sem apelação o PSTU?
 
Ou... vocês não tem certeza? Mas se vocês não tem certeza, por que então
acusam o PSTU e o PSOL com tanta propriedade? Se vocês não têm provas, com
que direito tentam embaralhar a cabeça dos estudantes com uma falsificação
tão barata? Se vocês não têm provas, como ousam tentar manchar o nome de
uma organização que tem um histórico moral inatacável e sempre esteve nas
lutas, não tendo nunca se misturado com qualquer reitoria, patronal,
governo ou partido burguês? Com que direito?
 
O método da calúnia funciona de acordo com a seguinte lógica: “calunie mil
vezes, alguma sujeira sempre fica”. Isso quer dizer que quando alguém é
caluniado, nunca vai conseguir se livrar totalmente das acusações porque
sempre vai restar uma pontinha de dúvida de sua inocência. Por isso a
calúnia é um método tão “eficiente” na luta política. Isso é assim porque a
rigor não se pode provar a inocência de alguém. Só se pode provar a culpa.
 
Desafiamos então a LER-QI a provar suas acusações. Provem que algum
militante do PSTU algum dia negociou com a reitoria às costas do movimento.
Dêem, por favor, algum indício de tal reunião, algum nome, alguma data.
 
Se vocês não oferecerem tal prova, todo o movimento estudantil, as
organizações sindicais e políticas e as pessoas honestas entenderão que
vocês não passam de caluniadores stalinistas, mentirosos e degenerados,
cuja vida gira em torno ao combate ao PSTU e, que nessa cruzada desesperada
por nos destruir são capazes de tudo, até mesmo da mais baixa mentira, da
mais vil calúnia e da mais cínica confusão.
 
A que ponto a LER-QI desceu para apelar a esse tipo de recurso. Isso
demonstra que uma organização de esquerda não se constrói somente com um
programa radical, uma boa teoria e disposição de luta. É preciso também uma
moral mais elevada, uma moral que seja distinta da moral burguesa que
impera na sociedade capitalista, uma moral baseada na solidariedade, na
honestidade, na verdade entre lutadores, mesmo quando se trate de
adversários políticos e ideológicos. Imaginamos que para a LER-QI, essas
palavras soem como um idioma desconhecido, uma música do passado. É
lamentável que seja assim, pois uma organização sem moral é uma organização
sem futuro. E arriscamos dizer que por esse caminho, a LER-QI não tem
nenhum futuro. Podem ter uma ou outra vitória tática, mas apodrecerão
amanhã na vala comum do vale-tudo-na-luta-política. O exemplo de inúmeras
outras organizações nos permite fazer esse triste prognóstico. Em todo o
caso, lhe damos o benefício da dúvida e o direito de resposta. Com a
palavra, os companheiros.
 
Juventude do PSTU

Liga Árabe suspende Síria exige o fim das mortes

Liga Árabe suspende Síria e exige fim das mortes

12/11/2011 14:54, 
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A Liga Árabe pediu neste sábado para o Exército da Síria parar de matar civis e afirmou que está suspendendo o país do grupo, em uma medida surpreendente e que aumenta a pressão sobre o presidente Bashar al-Assad.
Síria
Em exigência ao fim das mortes na Síria, A Liga Árabe impõe sanções econômicas e políticas ao governo do país
A Liga Árabe vai impor sanções econômicas e políticas ao governo de Assad e pediu para que os Estados-membros retirem seus embaixadores de Damasco, afirmou o primeiro-ministro do Catar, Xeique Hamad Bin Jassim.
– Fomos criticados por termos demorado demais, mas isso estava fora de nossas preocupações com a Síria, afirmou Bin Jassim a repórteres no Cairo. “Precisávamos ter maioria para aprovar essas sanções.”
– Estamos pedindo para que os partidos de oposição da Síria se reúnam na sede da Liga Árabe para acertar uma visão unificada para o período de transição, disse Jassim.
Ele disse que a suspensão da Síria da liga passará a valer a partir do próximo dia 16.
Até agora, todas as esperanças das potências ocidentais de que Assad poderia ser isolado pelos seus vizinhos árabes tinham sido repetidamente derrubadas.
Alguns líderes árabes tem se mostrado relutantes em se voltar contra a Síria com medo da mensagem que isso possa passar para suas próprias populações, dizem diplomatas.
Jassim manteve a possibilidade de a Liga Árabe chamar a Organização das Nações Unidas (ONU) para ajudar a proteger os direitos dos sírios.
– Se a violência e as mortes não pararem, o secretário-geral vai chamar as organizações internacionais que lidam com os direitos humanos, inclusive as Nações Unidas, disse.
Segundo a ONU, 3.500 pessoas foram mortas em sete meses de violência.
Síria protesta
O representante da Síria na Liga disse que a decisão de suspender o país violou o estatuto da organização e mostrou que ela está “servindo à agenda ocidental e americana”.
Youssef Ahmed disse à TV estatal do país que a decisão de suspender a Síria, que teve dois votos contrários na reunião ministerial no Cairo, poderia ser tomada somente por consenso em uma cúpula dos líderes árabes.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Carta aberta aos indígenas do Maranhão

CARTA ABERTA DOS POVOS INDÍGENAS NO MARANHÃO
Nós, representantes dos povos indígenas Guajajara do Território
Araribóia, Pukobyê-Gavião do Território Governador e Krikati do Território
Krikati por articulação da COAPIMA - Coordenação das Organizações e
Articulações dos Povos Indígenas no Maranhão estamos acampados na sede
da Coordenação Regional da FUNAI em Imperatriz com o objetivo de discutir a
problemática das comunidades indígenas no Maranhão.
Este movimento é resposta aos inúmeros desrespeitos sofridos pelos
povos indígenas do estado como: desconsideração das propostas feitas pelos
indígenas, tentativa de cooptação de lideranças, contratação de madeireiros
para trabalhar nas comunidades indígenas influenciando na política interna dos
povos, falsificação de documentações, dentre outros cometidos pela atual
coordenação regional.
Desta forma o movimento indígena do Maranhão está reivindicando os
seguintes pontos:
1. Afastamento imediato do coordenador regional da FUNAI no Maranhão,
José Leite Piancó Neto, e a disponibilização do mesmo para outras
coordenações regionais;
2. Afastamento do coordenador técnico local (CTL) de Amarante do
Maranhão e a disponibilização do mesmo para outras coordenações
regionais;
3. Afastamento da chefe de educação da Coordenação Regional do
Maranhão, Eliane de Araújo e a disponibilização da mesma para outras
coordenações regionais;
4. Afastamento imediato da coordenadora substituta da Coordenação
Regional Raimunda Passos Almeida, o afastamento do atual chefe do
Setor de Transportes José Ribamar, afastamento do chefe de Divisão
Técnica Emerson Rubens Mesquita Almeida;
5. A exoneração dos DAS das coordenadorias técnicas locais (CTL) das
cidades de Arame e Montes Altos;
6. Realização de uma auditória interna na Coordenação Regional da
FUNAI nos últimos dez anos, feita pela Controladoria Geral da União
(CGU) com acesso aos relatórios parciais e final pelo Ministério Público
Federal (MPF) e a COAPIMA – Coordenação das Organizações e
Articulação dos Povos Indígenas do Maranhão;
COORDENAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES E ARTICULAÇÕES
DOS POVOS INDÍGENAS DO MARANHÃO
7. Condições que beneficiem o trabalho das CTL com estrutura física ideal,
transporte, materiais, insumos, logística, computadores, periféricos e
quadro técnico adequado;
8. Garantia de realização do Seminário sobre a Reestruturação da FUNAI
na cidade de Imperatriz com a presença de representantes da FUNAI -
Brasília bem como a formação do Comitê Gestor Regional da FUNAI
Maranhão;
9. Encaminhamento dos processos de regularização fundiária das terras
dos povos indígenas do Maranhão (Krikati, Bacurizinho, Governador,
Canela e Awa-Guajá);
10.Garantia orçamentária satisfatória inclusa no Plano Pluri Anual (PPA) da
FUNAI para a Coordenação Regional do Maranhão referente ao ano de
2012;
11.Comparecimento de caráter urgente do presidente da FUNAI, Sr. Márcio
Meira com o intuito de discutir a atual conjuntura dos povos indígenas do
Maranhão;
Portanto, nós do movimento indígena declaramos que mediante o não
atendimento das reivindicações acima, continuaremos acampados no prédio da
FUNAI em Imperatriz por tempo indeterminado.
Imperatriz – MA, 01 de novembro de 2011.
Celular:             +55 99 8414 0577      
E-mail:

Anita Prestes critica o PC do B por ter usado Prestes e Olga no horário político partidário na TV.

arta de Anita Prestes sobre lamentável evento recente: o programa do pcdob.
----- Original Message -----
Rio de Janeiro, 21 de outubro de 2011.
Ao Comitê Central do
Partido Comunista do Brasil
(PCdoB)
Dirijo-me à direção do PCdoB para externar minha estranheza e minha indignação com a utilização indébita da imagem dos meus pais, Luiz Carlos Prestes e Olga Benario Prestes, em Programa Eleitoral desse partido, transmitido pela TV na noite de ontem, dia 20 de outubro de 2011.
Não posso aceitar que se pretenda comprometer a trajetória revolucionária dos meus pais com a política atual do PCdoB, que, certamente, seria energicamente por eles repudiada. Cabe lembrar que, após a anistia de 1979 e o regresso de Luiz Carlos Prestes ao Brasil, durante os últimos dez anos de sua vida, ele denunciou repetidamente o oportunismo tanto do PCdoB quanto do PCB, caracterizando a política adotada por esses partidos como reformista e de traição da classe operária. Bastando consultar a imprensa dos anos 1980 para comprovar esta afirmação.
Por respeito à memória de Prestes e de Olga, o PCdoB deveria deixar de utilizar-se do inegável prestígio desses dois revolucionários comunistas junto a amplos setores do nosso povo, numa tentativa deplorável de impedir o desgaste, junto a opinião pública, de dirigentes desse partido acusados de possível envolvimento em atos de corrupção.
Atenciosamente,
Anita Leocádia Prestes

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Faz sentido um partido socialista?

Faz sentido um partido político socialista?
A questão das classes sociais e da consciência de classes


Roberto Robaina*
O marxismo é um movimento social, político e uma concepção do mundo. Durante muitos anos foi perseguido nas universidades. Nos anos 60 ganhou peso acadêmico em países como a França e retomou novamente alguma influencia na Alemanha, a mesma que tinha visto a emigração para os EUA da última leva de professores marxistas durante a ascensão do nazismo. Com o recuo das lutas sociais dos anos 70, e, sobretudo, depois da queda do muro de Berlim, isto é, o anúncio do colapso do socialismo real, o marxismo passou a ser considerado como totalmente fora do jogo universitário. Este evidentemente é também o quadro do Brasil, onde hoje a defesa do marxismo nas universidades não passa de um movimento de resistência, sendo a base teórica de poucos professores e restrito a poucos cursos. Muitos, aliás, argumentam que Marx é um autor antigo, ultrapassado pelos novos tempos. Não poucos deles, na área da filosofia política, vão beber em autores anteriores a Marx, em Kant, em Hume, em Hobbes...
Agora, a partir da nova crise do capital, a obra de Marx começa novamente a ser lembrada. Mas como sempre Marx é mais comentada do que lido. Neste trabalho apenas resgato um aspecto de seu texto: sua análise da consciência de classes. Quando me refiro à consciência a entendo como um fenômeno biológico, uma faceta especial, uma característica qualitativa especial das funções cerebrais, tal como definia Vigotski, ou, na mesma linha, desta vez seguindo Jonh Searle, como os estados de “conhecimento ou percepção que começam quando acordamos de manhã depois de um sono sem sonhos e continuam durante o dia até que adormeçamos novamente” (página 45 – Mente, Linguagem e Sociedade, Rocco, 2000 – Rio de Janeiro).
 Marx marcou uma definição: as ideias dominantes de dada sociedade são da classe que controla o excedente econômico desta sociedade. O marxismo definiu que os pensamentos das classes dominantes são também, “em todas as épocas, os pensamentos dominantes, ou seja, a classe que tem o poder material dominante numa dada sociedade é também a potência dominante espiritual” (Ideologia Alemã, página 55, Editorial Presença).
O capital, isto é, o trabalho acumulado e apropriado privadamente era, então, segundo Marx, a base do poder dos capitalistas. A partir desta base criaram as leis, as instituições repressivas e ideológicas, crenças, moral, enfim, toda uma complexa superestrutura subjetiva e objetiva, ideológica, política, jurídica, militar, desenvolvida a partir da produção material dominada pelos grupos que controlavam o excedente econômico, com o objetivo principal de manter e reproduzir esta dominação. Ao mesmo tempo, pelas características do modo de produção capitalista, um modo de produção de mercadoria generalizado, pelas leis do seu funcionamento, esta dominação se reforça precisamente porque a exploração da força de trabalho fica oculta, isto é, o mais valor que os trabalhadores produzem em relação ao valor de sua força de trabalho está ocultado e é desconhecido pelos próprios trabalhadores que aceitam naturalmente o regime salarial como o único possível e eterno.
A consciência burguesa também se reproduz, todos os dias, defendida por instituições burguesas e/ou a serviço da burguesia, seja a mídia, a escola, a Igreja, os tribunais, e pela superestrutura burocrática do movimento operário, os partidos reformistas e sindicatos por ela controlados. Ou seja, a falsa consciência de que a sociedade é como é e não mudará, de que o sucesso ou fracasso de cada um depende de seus esforços no trabalho, e de que a produtividade do trabalho e o progresso material da sociedade estão determinados pelo espírito de iniciativa garantido pela propriedade privada dos meios de produção e de troca e pela intervenção das empresas na economia, enfim, esta consciência burguesa se reproduz com a ação cotidiana dos aparatos contrários a ideia da revolução. Tal falsa consciência, portanto, se objetiva em superestruturas e instituições. 
É lógico que Marx não se deteve na análise dos processos de reprodução e defesa da ideologia dominante. Seu trabalho foi mais centrado na elucidação da estrutura econômica da sociedade. E dispensável dizer que Marx não pretendeu nem de longe esgotar a discussão sobre a alienação e a consciência de classes, embora a parte do capital sobre o fetichismo da mercadoria é insuperável como base deste debate. Mas apenas indico esta leitura.
É claro igualmente que a alienação e o domínio ideológicos assumiram determinações mais complexas. O desenvolvimento do capital desenvolveu também formas sofisticadas de dominação cultural. No plano da reprodução ideológica da formação de produção capitalista é preciso que se diga, seguindo as lições de Debord, que o excedente sob a forma de capital, quando atinge alto grau de acumulação, como nos nossos dias, se transforma em imagem, em espetáculo. Nas palavras de Debord. “O espetáculo na sociedade corresponde a uma fabricação concreta da alienação” (Página 24, Editora Contraponto, 2003, Ro de Janeiro). Numa vida social dominada pela mercadoria esta fabricação é desenvolvida ao máximo pela grande mídia e pela força da Televisão, quando as classes dominantes tentam impor que exista apenas aquilo que aparece e tentam fazer aparecer apenas aquilo que querem que exista. Marx não podia nem imaginar tal situação.
Tal tendência foi reforçada no atual período de domínio cultural do pós-modernismo em seus traços mais conservadores. Na leitura das características da consciência no período pós-moderno Harvey (56 – Condição Pós-Moderna) dá sinal verde a uma caracterização segundo o qual há fortes marcas de esquizofrenia na consciência social. Cita Lacan, para o qual na esquizofrenia temos “um agregado de significados distintos e não relacionados entre si”. Perde-se a capacidade de unificar passado, presente e futuro.
Assim a consciência se fragmenta, num mosaico de idéias, impressões, sentimentos, percepções, enquanto o presente, como antes mencionamos, se eterniza, sem balanços do passado e sem projetos coletivos de sociedade como vimos no período modernista, seja no modernismo conservador, fascista, no burguês progressista do iluminismo ou no modernismo socialista. Desta forma, “o caráter imediato dos eventos, o sensacionalismo do espetáculo (político, científico, militar, bem como de diversão) se tornam a matéria de que a consciência é forjada” (página 57 – idem – Harvey)
            Se tudo isso é certo, então, como se desenvolve a consciência de classe das classes oprimidas? Concretamente, como os trabalhadores explorados adquirem consciência de seus interesses próprios?
Vejamos mais de perto como Marx analisa a evolução desta consciência. Na sua obra está posto claramente a importância da experiência das lutas na formação da consciência de classes. No princípio era a ação, disse Goethe. Marx se refere as fases desta luta. Como se expressam estas fases? O livro a “A miséria da Filosofia” antecipa o “Manifesto Comunista”.


Texto completo em arquivo, abre e ler.
 

domingo, 30 de outubro de 2011

A derrota na greve dos Correios

Balanço
Porque a greve dos Correios foi derrotada?
Apesar de toda a farofada da burocracia sindical, o fato é que a greve dos Correios foi derrotada. A categoria precisa compreender os motivos dessa derrota para que o movimento possa tirar suas conclusões e avançar no sentido de conquistas suas reivindicações

30 de outubro de 2011

Os trabalhadores dos Correios de todo o País acabaram de protagonizar uma das maiores e mais importantes greves dos Correios, uma mobilização que durou quase um mês, mas que terminou com uma derrota para a categoria, que foi obrigada a retornar ao trabalho sem nenhuma conquista real.
Os trabalhadores foram obrigados a sair da greve, a maioria inclusive sumariamente, sem nem mesmo aprovar a proposta do acordo salarial, como ocorreu, por exemplo, no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Ou seja, a maior greve dos últimos anos terminou com uma debandada geral dos trabalhadores, apesar de ser unanime na categoria a ideia que o acordo não representa nem de longe uma vitória para os grevistas.
Apesar de ser evidente que a greve foi derrota, uma vez que o resultado da mobilização de quase um mês foi míseros R$80 de aumento, desconto de sete dias na folha de pagamento, trabalho nos finais de semana e feriados, aumento de hora extra, volta do banco de horas etc., a burocracia sindical, que no caso dos Correios é representada pelo Bando dos Cinco (PT-PcdoB-PSTU-Psol-PCO), está tentando de todas as formas minimizar os estragos provocados pela derrota da greve, espelhando a ideia de que apesar de todas as perdas, o balanço final teria sido positivo.
Trata-se de um insulto contra o trabalhador. Somente grupos que não possuem qualquer relação com os trabalhadores pode afirmar que o fato de a empresa está impondo um regime de escravidão seria uma coisa positiva. A ideia de “vitória” da greve foi imediatamente rejeitada pelos trabalhadores, que perceberam já nos primeiros dias de retorno ao trabalho que a empresa e o governo colocaram em marcha uma ofensiva contra os grevistas. O absurdo é tamanho que a empresa está tentando inclusive acabar com o repulso remunerado, obrigando a categoria a trabalhar semanas seguidas, sem um único dia de folga.
Compreensão da derrota da greve: um passo fundamental para o desenvolvimento do movimento
Ao contrário da farofada que o Bando dos Cinco (PT-PCdoB-PSTU-Psol-PCO) está apresentando para a categoria, a corrente Ecetistas em Luta está fazendo uma analise seria da greve, justamente por compreender que a evolução da consciência dos trabalhadores, e consequentemente a evolução do próprio movimento, depende do fato de a categoria entender essa derrota para que possa atuar nos acontecimentos.
É evidente que a vitória do governo sobre a greve não fará com que o movimento dos trabalhadores reflua, até porque a revolta da categoria tende a crescer ainda mais à medida que o governo e a empresa começam a colocar em prática, nos setores de trabalho, os ataques que foram previstos com a assinatura do acordo criminoso. Essa situação já pode ser vista com o levante da categoria contra a convocação nos finais de semana, em diversos setores a categoria boicotou abertamente a convocação do segundo domingo pós-greve, bem como no fato de a categoria está repudiando amplamente as direções sindicais que traíram o movimento. É o caso do sindicato do Rio de Janeiro e São Paulo, ambos controlados pelo PCdoB. Em São Paulo a direção do sindicato foi expulsa dos setores de trabalho aos gritos de “vendidos e traidores”.
É unanime entre os trabalhadores que a greve não foi derrotada por falta de força do movimento. O movimento foi forte desde a deflagração da greve e se manteve até o final. Não houve retrocesso, nem mesmo diante da tentativa da burocracia sindical de acabar com o movimento por meio da assinatura de um acordo rebaixado. O acordo foi assinado pelo comando traidor de negociação, mas foi repudiado em todos os estados. A categoria inclusive não se deixou abalar pelas ameaças do dissidio coletivo, chantagem usada pela burocracia para fazer a categoria aceitar o acordo que o Bando dos Cinco havia fechado com a empresa e governo.
A greve não foi derrotada pelo enfraquecimento do próprio movimento, apesar dessa ter sido a greve mais duradoura dos últimos 15 anos e apesar da burocracia de atuado sistematicamente no sentido de cozinhar a greve em banho-maria. O que também fica evidente é que apesar de o movimento ter sido traído, não há dúvidas que a burocracia trabalhou durante todo o movimento no sentido de enfraquecer a luta dos trabalhadores, a traição dos sindicalistas pelegos do Bando dos Quatro não foi a principal causa da derrota da greve.
A categoria já vinha acumulada uma experiência, principalmente com o acordo bianual, contra as traições da burocracia. Não é a toa que mesmo tendo aprovado um acordo que foi unanime entre a burocracia (PT-PCdoB-PSTU-Psol-PCO), a burocracia não conseguiu impor sua vontade nas assembleias e foi obrigada a voltar atrás. O medo, inclusive de agressões físicas, fez com que os mesmos sindicalistas que assinaram o acordo no Tribunal Superior do Trabalho (TST) não tivessem nem mesmo a coragem de defender o mesmo nas assembleias.
Confusão e falta de clareza dos trabalhadores foi principal motivdo da derrota da greve
As traições do Bando dos Quatro, apesar de terem sido constantes, foram insuficientes para acabar com o movimento, justamente porque a categoria já havia acumulado uma experiência com a burocracia que impediu com que o Bando dos Quatro conseguisse sair vitorioso.
O “elemento surpresa” dessa greve foi o TST. Nos últimos dias de greve o tribunal interveio decretando, sem qualquer poder para isso, o fim da greve e a volta ao trabalho. A ação do TST foi complementada pelos sindicalistas do PT, PCdoB, PSTU e Psol que começaram a anunciar em todo o país que a decisão do TST deveria ser atacada, que “a decisão da Justiça não se discute, se cumpre”. Os trabalhadores começaram então a voltar ao trabalho, em uma espécie de debandada geral da greve.
O que aconteceu foi que os trabalhadores, impossibilitados de compreender o que estava acontecendo, com inúmeras dúvidas, sem experiência com o TST, acabaram voltando ao trabalho, encerrando uma greve que, diga-se de passagem, que não precisava ter terminado e que tinha força para continuar. Ou seja, a principal causa da derrota da greve foi a falta de clareza, a falta de uma central que unificasse os trabalhadores, falta de informação, discussão e esclarecimento sobre o que estava sendo colocado naquele momento para os trabalhadores, principalmente sobre o TST.
A confusão que pairou sobre todos os trabalhadores foi o principal fator para a derrota da greve, pois os trabalhadores tinham força para passar por cima dos sindicalistas pelegos. Não tiveram clareza para resistir unificadamente à manobra do TST. Essa confusão geral e a falta de compreensão dos trabalhadores sobre o problema do TST foi utilizado rapidamente pela burocracia sindical, que disseminou ainda mais a confusão, explorou o preconceito e medo de uma parcela dos trabalhadores e diante de um vacilo da categoria, cuidou de encerrar a greve sumariamente.
Todos esses acontecimentos devem ser compreendidos profundamente pelos trabalhadores, uma vez que a força do movimento está, acima de tudo, na consciência dos trabalhadores. Ou seja, a partir do momento que a categoria compreende a manobra do TST como instrumento da burguesia para acabar com o movimento as chances de essa mesma manobra conseguir enganar novamente a categoria será mínima, como aconteceu, por exemplo, com a questão do abono. Os trabalhadores compreenderam que o abono, que antes era uma lei dentro dos Correios, era imposto em todas as campanhas salariais, abono equivale a um congelamento salarial, que os salários vão encolhendo no decorrer do tempo. A partir do momento que os trabalhadores tomaram consciência desse problema, o abono foi abolido das campanhas.
A questão do TST seque a mesma linha do abono.
Por isso a importância de um balanço sério sobre a greve e sobre o que levou a derrota do movimento. A consciência dos trabalhadores é o primeiro passo para que a categoria dos correios e o maior número de trabalhadores em todo o País compreenda o que aconteceu e tire as lições dessa greve para avançar na luta por suas reivindicações.