sábado, 29 de janeiro de 2011

Os nacional bolcheviques foram presos durante uma manifestação na Rússia

Uma dezena de manifestantes pró oposição detidos

mundo

As autoridades russas mostram-se cada vez mais intolerantes com a oposição.
Uma dezena de pessoas foram detidas por manifestarem o seu desacordo à detenção
Boris Nemtsov, na sexta-feira em Moscovo.
Sem olhar a idade ou género a polícia tem ordem de reprimir toda e qualquer manifestação contra as decições do governo.
Nemtsov foi detido quando se preparava para participar numa manifestação, na Praça do Triunfo, em Moscovo, em defesa do artigo 31 da Constituição russa, que garante a liberdade de reunião.
A par de Boris Nemtsov, foram condenados, pelas mesmas circunstâncias, a penas de prisão o líder do partido da oposição nacional-bolchevique e escritor russo Eduard Limonov que recebeu igualmente a condenação de 15 dias de prisão, o opositor Konstantin Kossiakine e o dirigente do Solidarnost Ilia Iachine..
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Para criticar e falar mal dos petistas de plantão

Geraldo José - Amigos do nosso blog colocarei um texto da Midia sem Mascara ( o site inimigo no 1 do PT, que álias é sério ) para desmacarar os picaretas destes petistas hipócritas e servis do capitalismo e do stalinismo.

Partido dos Trabalhadores se formou tendo como uma de suas obsessões a “igualdade de gênero” - que não chega a ser grande novidade no mercado das ideologias e tampouco é criação petista. Dia virá em que o partido cogitará  a adição ao seu nome de “e das Trabalhadoras”.
A onda de estudos de gênero que no Brasil se instalou foi criada pelas fundações ativistas norte-americanas, com especial apreço da Fundação Ford, que financia centros de estudo, institutos e grupos ativistas de esquerda no país desde 1962, tendo como principal objetivo fomentar projetos de mudança social em sentido amplo [1].
Tal caldo intelectual e ativista vem tentando alterar o linguajar tradicional do brasileiro, com vistas a uma retificação comportamental de amplo espectro, bem ao modo da novilíngua orwelliana, dotando-se as palavras de um poder mágico de direcionar e determinar o pensamento. Teoricamente, uma vez acostumando as pessoas a falarem a nova língua e dificultando o acesso ao significado original, novos valores seriam incutidos no indivíduo, por acomodação.
 
Mas percebe-se que as palavras por si só não têm todo o poder de controle vislumbrado pelos engenheiros comportamentais, ficando o exercício desse poder a cargo das patrulhas intelectual e cultural enquanto a auto-repressão não se instala de vez na cabeça das pessoas. Nessa etapa final, a auto-censura cerceia o indivíduo dos pensamentos e comentários mais naturais e inócuos, receoso de cometer uma “crimidéia”, na terminologia de 1984.
 
Nesse panorama algo febril, o PT e os partidos de esquerda em geral foram e são as principais forças agentes, os auto-designados portadores do caminho da verdade, aliás como deu a entender a Presidente Rousseff em seu discurso de posse no Congresso Nacional.
 
Segundo Dilma, instrumento e receptáculo simbólico do messianismo lulista [2], Lula e seu partido nos levaram à outra margem da história, como se isso possuísse algum valor ou até mesmo significado. Um messianismo à brasileira, manco, luliano, que não diz para onde leva, algo como “Povo escolhido e soberano, vencedor incólume da crise mundial e dono do pré-sal salvador, os levarei para o outro lado…”, deixando o povo guiado mais confuso do que na hora de preencher o formulário do imposto de renda.
 
Quando o então Vosso Excelêncio Lula era criticado por utilizar a língua de modo desleixado, em sua forma e conteúdo, confiante de estar falando ao coração do povo (o que por si só seria insultuoso), a criadagem do poder saia em sua defesa, afirmando mentirosamente que o mensageiro da verdade e da justiça não tivera condições para aprender a língua pátria. E ademais, essas exigências eram coisas de burgueses desocupados que não sabem o que é crescer se alimentando de calango, isso quando se alimentava…
 
Tal reação da criadagem à crítica pela falta de decoro com a língua por parte do poder exibe, além de sabujice pura e simples, um desprezo para com a inteligência alheia, subentendendo que os governados nunca compreendem o que lhes é dito. Dessa forma, nada poderia ser cobrado do governo porque nunca entendemos as coisas da forma que deveríamos…
 
Mas agora, tendo a Presidente Rousseff iniciado seus estudos em colégio de classe média alta (burguês, diriam os petistas) possuindo graduação universitária, tendo usufruído de todas as condições de berço para ter aprendido o português culto comete monstruosas gafes de lógica e de gramática, insultos à inteligência e ingerências tolas na língua [3], imagino algumas opções de resposta. Ela não teve tempo de aprender o uso correto da língua pois estava defendendo o país com armas na mão, o que é muito mais importante. É preconceito machista por ser a primeira Presidente mulher na-história-deste-país. É capricho feminino, como a estrela vermelha do PT desenhada nos jardins do Alvorada pela ex-primeira dama, “indivídua” destinada ao mais completo oblívio.  
 
E imagino também que nossa Suprema Dirigenta manterá a bem paga camarilha de defesa, a patrulha da novilíngua, o esquadrão de malabaristas-tradutores de dilmês para português, “o que ela quis dizer foi…”, “ela foi mal interpretada…”, os agentes do “veja bem”, como incessantemente experimentamos nos oito anos sob comando do Grande Guia Genial e Infalível.
 
Creio que para além de uma questão vernácula, essa é mais uma pequena constatação do avanço da tolerância para com a deterioração das instituições nacionais, sendo o Presidente da República o foco, o poder em si, o capricho vingativo, e não o símbolo impessoal dos valores republicanos.
 
Notas:
 
[1] Brook, Nigel & Witoshynsky, Mary (org.). Os 40 anos da Fundação Ford no Brasil: uma parceria para a mudança social. São Paulo: Edusp, 2002.
 
[2] Assista ao trecho do vídeo com a declaração de Lula quando em campanha para a então candidata Dilma em http://www.midiaamais.com.br/videos-indicados/4319-dilma-o-tampao-de-lula
 
[3] A propósito de ‘Presidenta’, Napoleão Mendes de Almeida faz as seguintes considerações:
 
“[…] São em português uniformes os adjetivos terminados em nte, como já no latim havia uma só terminação – ns – para o masculino e feminino dos adjetivo de segunda classe, por cujo paradigma se declinavam os particípios presentes: prudente, amante, vidente, lente, ouvinte. Ninguém, pelo menos em português, diz hoje prudenta, amanta, videnta, lenta, ouvinta. Alguns dos adjetivos de tal terminação andam a ser flexionados em nta no feminino quando substantivados: parenta, infanta, governanta. Presidenta, porém, ainda está, ao que parece, no âmbito familiar e chega a trazer certo quê de pejorativo […]” (Almeida, Napoleão Mendes de. Dicionário de Questões Vernáculas, 3ed. São Paulo: Ática, 1996, p.435-6.)
 

Dilma e os documentos da ditadura militar

Dilma Rousseff e os documentos da ditadura militar

O carimbo do temível CIE
Rio de Janeiro - Por Carlos Fico

Estou otimista quanto à consolidação do processo de abertura dos documentos da ditadura militar no novo governo de Dilma Rousseff. A principal razão para isso está no fato de que, quando chefe da Casa Civil, Dilma assinou com o presidente da República um decreto determinando a transferência para o Arquivo Nacional dos acervos do SNI (Serviço Nacional de Informações), do Conselho de Segurança Nacional e da Comissão Geral de Investigações: é de se esperar que, agora, na Presidência da República, tenha uma postura afirmativa em relação às agências do governo ainda renitentes (Itamaraty e comandos militares).

Duas atitudes de Dilma Rousseff me parecem importantes. No dia anterior à sua posse, ela mencionou a necessidade de uma mea culpa da parte da Presidência da República e dos militares a fim de que se constitua uma “narrativa oficial” sobre as mortes e desaparecimentos durante a ditadura. Isso é totalmente novo: embora o governo brasileiro, desde FHC, tenha reconhecido suas responsabilidades em relação às vítimas da ditadura, as Forças Armadas brasileiras nunca o fizeram e, ao contrário, continuam comemorando, na caserna, a “Revolução”.

Isso é um passo importante para a subordinação dos militares ao poder civil — como deve ser em uma verdadeira democracia. Aberrações já aconteceram e nunca foram punidas. Em 2007, um general ministro do STM defendeu um coronel envolvido “apenas” com tortura (e não com assassinatos, como apontou ser o caso em relação a ministro do governo Lula) e disse que o governo já havia gasto dinheiro demais “à procura de osso”. Nada aconteceu com o general da reserva Valdésio Guilherme de Figueiredo, esse personagem lamentável.

Por isso, é muito importante a notícia de que o general José Elito, atual ministro do Gabinete de Segurança Institucional, foi chamado pela presidente Dilma a dar explicações sobre declaração equivocada (ele disse que o desaparecimento de presos políticos durante a ditadura militar não é motivo de vergonha). É preciso que os militares não se sintam uma força autônoma em relação ao governo e, sobretudo, em relação à necessária proeminência do poder civil. Infelizmente, desde o fim da ditadura militar, quase todos os governos civis foram lenientes em relação às insubordinações de alguns militares.

Só a proeminência do poder civil poderá garantir que os arquivos dos órgãos de inteligência militar da ditadura que ainda não foram abertos cheguem ao Arquivo Nacional. A Aeronáutica enviou os documentos do CISA (Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica) ao Arquivo Nacional. Ainda que expurgados, são importantes. A iniciativa deveria servir de exemplo aos comandantes do Exército e da Marinha para que também abram os papéis do CIE (Centro de Informações do Exército) e do CENIMAR (Centro de Informações da Marinha).

A documentação histórica é certamente essencial para que possamos enfrentar esse passado traumático, mas a iniciativa da atual presidente – no sentido de negociar omea culpa dos militares – também deve ser saudada como uma novidade positiva em relação aos últimos presidentes.

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Lucas Aguiar
(75) 81342339
"Ser jovem e não ser revolucionário, eis uma contradição genética" Che
Diretório Acadêmico de História Isaías Alves UNEB, campus V
CN da FEMEH - Federação do Movimento Estudantil de História

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O Brasil dos brasilianistas

O Brasil dos brasilianistas

Pesquisadores que se ocupam de entender o Brasil

Albert Fishlow - Divulgação
O economista Albert Fishlow pertence à recente tradição de estudiosos estrangeiros que têm em comum um peculiar objeto de estudo: o Brasil. Por se ocuparem de estudar o "florão da América" acabaram apelidados de brasilianistas. A origem da palavra é um tanto apócrifa e incerta. O historiador Thomas Elliot Skidmore, ele próprio tido como pioneiro, decano "de honra" e o maior entre os brasilianistas, garante que quem inventou o apelido foi o ensaísta e jornalista brasileiro Francisco de Assis Barbosa (1914-1991). Há décadas, ao passar uma temporada com Skidmore na Universidade de Wisconsin, Francisco Assis Barbosa surpreendeu-se com o número de pesquisadores norte-americanos especialistas em estudos brasileiros.
Há mais dez anos, só dava Thomas Skidmore. Suas análises sobre o governo FHC foram bastante requisitadas na campanha que conduziu o tucano ao seu segundo mandato na presidência do país. Hoje, aos 78 anos, Skidmore cedeu o lugar a uma nova geração de estudiosos. Segundo reportagem publicada pelo jornal O Globo há dois anos, em 2008, eram cerca de dez mil jovens estudantes que aprendiam o português nas universidades americanas, um aumento de 50% em relação a 2004. O mesmo período assistiu um crescimento de 20% no número de acadêmicos que estudavam e lecionavam assuntos brasileiros em instituições universitárias nos EUA. O mesmo acontece na Europa. Podemos citar Timothy Power (na foto abaixo), diretor do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Oxford, Inglaterra, que concedeu recentemente entrevista ao programa Milênio, da Globo News, transcrita e publicada pela Consultor Jurídico.
Timothy Power - camara.gov.br
Alguns desses scholars focam suas pesquisas no sistema jurídico brasileiro. O próprio Thomas Skidmore, autor de clássicos brasilianistas como Brasil: de Getúlio a Castelo (1975) e Uma história do Brasil (1998), estudou a Constituição de 1824 e a influência que a Carta sofreu de doutrinas liberais, que, por exemplo, legaram ao texto a ideia de se estabelecer uma democracia parlamentar no Brasil em pleno século 19.
Albert Fishlow, também sensível à atuação da Justiça, declarou, durante a visita do então presidente do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes à Universidade Columbia, em Nova York, que a Justiça brasileira cumpre um papel central na estabilidade institucional que tomava campo no Brasil, por vezes, ofuscando a classe política.
Thomas Elliot Skidmore - historiador - Reprodução
Muitos destes "brasilianistas" são conhecedores de minúcias sobre a rotina política de pequenos municípios do interior do país, que muitos de nós nem sabemos que existem. É o caso do historiador Zephyr Frank, da Universidade Stanford, que passou dois anos enfurnado em grotões de Mato Grosso, estudando a organização de comunidades agrárias e modelos de produção rural do interior do Brasil. Frank também foi citado como exemplo da nova geração de estudiosos estrangeiros na reportagem publicada pelo O Globo há mais de dois anos.
A maioria desses pesquisadores são fluentes na língua portuguesa, conhecem bem a cultura do país e, não raro, são obcecados por figuras do nosso passado, como o intenso fascínio de Thomas Skidmore (na foto ao lado) por Getúlio Vargas. “Não temos uma biografia dele, ninguém tem coragem”, desabafou o historiador durante a entrevista que concedeu ao Programa Roda Viva em 1997.

Rafael Baliardo é correspondente da revista Consultor Jurídico nos Estados Unidos.

Presidente dos Correios vai transformar os Correios numa Sociedade Anônima (público-privada)

A prioridade do novo presidente da ECT é transformar os Correios em Sociedade Anônima
Conforme foi anunciado em sua posse, no dia 03-01-2010 pelo atual presidente dos Correios, o homem dos banqueiros, o petista Wagner Pinheiro, a prioridade do governo Dilma Rousseff é a mudança do Estatuto da ECT.
Com esta prioridade, as contratações de novos funcionários dos correios devem estar subordinadas a este novo estatuto da ECT, que conforme já vem sendo anunciada pela própria Dilma Rousseff e pelo Paulo Bernardo, quando ambos eram Ministros da Casa Civil e Planejamento do governo Lula respectivamente, a mudança estatutária da ECT é para transforma a ECT em Sociedade Anônima.
Um dos motivos para o governo transformar a ECT de Empresa Pública em Sociedade Anônima é justamente para que a ECT não tenha mais a obrigatoriedade por lei de ter que contratar trabalhadores das atividades-fins relacionados à entrega de correspondência, por concurso público, como é a função do carteiro.
Toda a enrolação em torno da ECT em contratar trabalhadores por concurso público, que começou com a introdução do absurdo teste de aptidão-física no concurso, está voltada a não aumentar o contingente de funcionários por concurso público, enquanto a Empresa não se oficializa como S.A. Pois o projeto dos Correios S.A é contratar somente trabalhadores terceirizados.
Além disso, a característica de toda empresa de Sociedade Anônima é abrir seu capital para os especuladores (parasitas) do mercado financeiro postal, criar um conselho administrativo que não mais estará subordinado ao povo, mas aos maiores acionistas da ECT S.A, portanto, subordinadas aos abutres, preocupados apenas com o lucro da ECT e o rendimento de suas ações, e por tanto diminuíram salários, demitiram trabalhadores, aumentaram a exploração da categoria visando este objetivo.
-Não a privatização dos Correios
-Não aos correios S.A.
-Contratação imediata de 30 mil trabalhadores por Concurso Público
-Além da efetivação de todos os trabalhadores terceirizados que já estão sendo explorados pela ECT.

Escândalos nos Correios em São Paulo

Escândalo nos Correios
Chefes do setor de importação, em São Paulo, são presos pela Polícia Federal, acusados de contrabando
Enquanto os trabalhadores são vigiados e tratados como criminosos, os chefes, ligados à direção da ECT estão envolvidos em um sem número de escândalos de corrupção

19 de janeiro de 2011
Na última quinta-feira, dia 13, a Polícia Federal colocou em prática a chamada operação “Máscara de Ferro” com o objetivo de desmantelar uma quadrilha que atuava no CTCI (Centro de Tratamento de Correios Internacional), no prédio do Jaguaré, em São Paulo. A polícia cumpriu 39 mandados de busca e apreensão na Grande São Paulo.
A Polícia Federal entrou no CTCI e levou algemados alguns funcionários dos Correios, a maioria chefes do setor. Os Correios afirmaram à imprensa que não iria se pronunciar sobre o assunto.
Foram apreendidos mais de R$ 800 mil, cerca de U$ 150 mil (R$ 250 mil) e diversas mercadorias importadas irregularmente. A chefia do CTCI envolvida no esquema de corrupção permitiam que mercadorias de alto valor agregado passassem sem fiscalização pelos Correios, para não pagar os impostos devidos.
Segundo a Polícia Federal, o não recolhimento dessas taxas teria dado prejuízo aos Correios e à União. Nos últimos seis meses, 98% das mercadorias importadas não passaram pelo processo de desembaraço aduaneiro a cargo do sistema de controle no CTCI. Foram facilitadas 250 toneladas de produtos ao contrabando.
Os envolvidos no esquema serão indiciados pelos crimes de contrabando, descaminho, corrupção ativa e passiva, facilitação a contrabando e descaminho, falsidade ideológica, estelionato e sonegação fiscal.
Enquanto a direção dos Correios colocou um verdadeiro esquema policial no prédio do Jaguaré, revistando os trabalhadores, com seguranças em todas as entradas, não permitindo a circulação os funcionários de um setor a outro, a chefia do CTCI estava se esbaldando no esquema de corrupção dos importados. Os mesmos que transformaram o prédio do Jaguaré em uma verdadeira prisão para os trabalhadores, agora saíram algemados pela Polícia Federal.
Mais uma vez fica comprovado que quem sofre nos Correios são os trabalhadores, que todos os dias têm que deixar seu sangue na empresa. A única linguagem que os patrões conhecem para os trabalhadores é o chicote estralando todos os dias.
As medidas policialescas tomadas pela direção da ECT servem apenas para esconder a corrupção na qual estão envolvidos a cúpula da empresa, colocando a culpa nos trabalhadores. Esse é o tratamento tradicional que os trabalhadores ganham dos patrões: é só ver como a direção dos Correios trata a categoria durante a greve, por exemplo.
Não à repressão aos trabalhadores nos setores dos Correios!

Dilma e as centrais sindicais

Dilma está em dívida com as centrais sindicais

As discussões sobre o reajuste do salário mínimo e a correção da tabela do Imposto de Renda de Pessoa Física (IR) devem dominar a reunião entre as centrais sindicais e o secretário- geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, nesta quarta-feira (26), em Brasília. Mas lideranças do movimento levarão à mesa uma dúvida que há meses preocupa as entidades: qual será, afinal, o canal de negociação entre as centrais e o governo da presidente Dilma Rousseff?

Por André Cintra

De acordo com sindicalistas ouvidos pelo Vermelho, Dilma ainda não deu sinais definitivos de como será seu relacionamento com os mais diversos movimentos da sociedade civil. Tudo indica, porém, que a presidente não adotará os termos estabelecidos por seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. A principal queixa das centrais diz respeito à falta de diálogo.

“A gente vem notando esse problema na interlocução desde a campanha eleitoral e mesmo depois que a Dilma foi eleita”, afirma Wagner Gomes, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). Wagner lembra que a própria reunião de quarta-feira “só foi arrancada depois de muito tempo e muita pressão. A presidente Dilma deveria manter uma interlocução mais periódica com os movimentos sociais”.

Segundo o presidente da CTB, no encontro com Gilberto Carvalho as centrais devem recordar o “bom histórico de diálogo” construído ao longo da década. “Juntos, o governo Lula e as centrais resolveram vários problemas. A política de valorização do salário mínimo, negociada entre as duas partes, foi fundamental para a superação da crise econômica”, diz Wagner. “Esperamos que, depois de quarta-feira, o governo prossiga num processo de conversas mais frequentes.”

Sem habilidade
O anúncio de que o governo elevaria o salário mínimo de R$ 510 para apenas R$ 540 foi o estopim da crise. Pela primeira vez desde 2003, o reajuste parecia sacramentado sem nenhuma negociação com as centrais sindicais — que reivindicam um novo piso de R$ 580. De modo unificado, as seis centrais legalizadas pelo Ministério do Trabalho cobram, ainda, aumento de 10% nas aposentadorias de quem ganha mais de um salário, além de uma correção maior no imposto de renda — o reajuste anual foi de 4,5% no segundo mandato de Lula (2007-2010).

De início, o governo não só rejeitou essas propostas como também fez vista grossa aos pedidos de abertura de negociação. Dilma — que vislumbrava, inicialmente, o mínimo de R$ 540 — aquiesceu com R$ 545, à revelia da equipe econômica. Coube ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, fazer uma espécie de anúncio oficial do novo valor na semana passada.

“Não é só um problema de sensibilidade. Até agora, faltou também habilidade ao governo Dilma”, analisa João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical. “Como é que anunciam um aumento, uma suposta melhoria, sem estar com os movimentos sociais, sem conversar com ninguém?”

A “ala social” do governo ainda faz contas e trabalha para um reajuste que, na pior das hipóteses, eleve o salário mínimo a R$ 550. Para “compensar” um aumento tão tímido, o governo tende a aceitar a proposta de corrigir a tabela do imposto de renda pelo índice da inflação — de 6,46%.

Segundo Juruna, as centrais podem até estudar contrapartidas para um mínimo inferior a R$ 580, mas tudo dependerá da reunião de quarta-feira. “Ainda precisamos legalizar, no Congresso, os acordos de valorização do salário mínimo, tratar das reivindicações dos aposentados, ver a questão do imposto de renda”, enumera.

“O importante é que conseguimos quebrar essa barreira e marcar uma primeira conversa com o governo, já que não fizeram contato conosco nem durante o governo de transição, nem nesse começo de mandato”, acrescenta Juruna. “Não queremos ser governo. Seremos sempre críticos, mas não abrimos mão de conversar.”

Retrocessos
Wagner Gomes concorda. “Apoiamos Dilma na eleição apostando na continuidade dessa relação de conversa e atendimento de reivindicação. Se as centrais não forem atendidas — e nem mesmo ouvidas — , isso dificulta a convivência”, afirma o presidente da CTB. “Não vamos ficar parados. Apoio não é adesão. Do mesmo jeito que nos unimos para apoiar, vamos mobilizar se não houver negociação.”

Em 2010, com a Agenda da Classe Trabalhadora em mãos, o movimento sindical se mobilizou em peso na eleição. Fizeram campanha para Dilma, em maior ou menor grau, os presidentes de todas as centrais — Artur Henrique (CUT), Paulo Pereira da Silva (Força Sindical), Ricardo Patah (UGT), Antonio Neto (GCTB) e José Calixto Ramos (Nova Central), além de Wagner Gomes. Nem mesmo Lula — que concorreu cinco vezes à Presidência e tem vínculos históricos com o sindicalismo — chegou a receber um conjunto tão representativo de adesões no movimento.

Mas, para Wagner, a gestão Dilma vem tomando certas medidas desfavoráveis aos trabalhadores. “O que nos deixa preocupados não são necessariamente as declarações da presidente — mas, sim, uma série de ações já empreendidas”, diz Wagner Gomes, que cita como “retrocesso” o aumento da taxa básica de juros (Selic) para 11,25%. Segundo ele, a posição das centrais está expressa na agenda construída, unitariamente, na Conclat (Conferência Nacional da Classe Trabalhadora) de junho de 2010. "Queremos desenvolvimento com distribuição de renda. É por aqui que as centrais vão caminhar — e é o que unifica o movimento."

''Sinto-me mais em casa na América Latina'', diz Hobsbawm


25/1/2011  

''Sinto-me mais em casa na América Latina'', diz Hobsbawm

Hampstead Heath, em Londres, orgulha-se do seu papel na história do marxismo. Era lá que, aos domingos, Karl Marx subia o Parliament Hill com sua família. Nos dias de semana, Marx se juntava a Friedrich Engels para caminhar pelo parque. A ambição marxista permanece viva na casa de Eric Hobsbawm, numa rua lateral que sai do parque. Na última vez em que o entrevistei, em 2002, ele enfrentava outro ataque da mídia pela ligação com o Partido Comunista.

As coisas mudaram: a crise global transformou os termos da discussão, e a crítica marxista da instabilidade do capitalismo ressurgiu. Parecia não haver momento melhor para Hobsbawm reunir seus ensaios mais famosos sobre Marx em um volume, com material sobre o marxismo visto à luz do crash.

A entrevista é de Tristram Hunt, publicada pelo Guardian e reproduzida pelo jornal Folha de S. Paulo, 25-01-2011.

Eis a entrevista.

Há no âmago desse livro um senso de algo que provou seu valor? De que, mesmo que as propostas de Marx possam não mais ser relevantes, ele fez as perguntas certas sobre o capitalismo?

Com certeza. A redescoberta de Marx está acontecendo porque ele previu muito mais sobre o mundo moderno do que qualquer outra pessoa em 1848. É isso, acredito, o que atrai a atenção de vários observadores novos - atenção essa que, paradoxalmente, surge antes entre empresários e comentaristas de negócios, não entre a esquerda.

O sr. tem a impressão de que o que pessoas como George Soros apreciam em parte em Marx é o modo brilhante com que ele descreve a energia e o potencial do capitalismo?

Acho que é o fato de ele ter previsto a globalização que os impressionou. Mas acredito que os mais inteligentes também enxergaram uma teoria que previa o risco de crises. A teoria oficial do período, fim dos anos 90, descartava essa possibilidade.

E o sr. acha que o interesse renovado por Marx também foi beneficiado pelo fim dos Estados marxistas-leninistas?

Com a queda da União Soviética, os capitalistas deixaram de sentir medo, e desse modo tanto eles quanto nós pudemos analisar o problema de maneira muito mais equilibrada. Mas foi mais a instabilidade da economia globalizada neoliberal que, creio, começou a ficar tão evidente no fim do século.

O sr. não está surpreso com o fato de a esquerda marxista e a social-democrata não terem explorado politicamente a crise dos últimos anos?

Sim, é claro. Na realidade, uma das coisas que procuro mostrar no livro é que a crise do marxismo não é só do seu braço revolucionário, mas também do seu ramal social-democrata. O reformismo social-democrático era, essencialmente, a classe trabalhadora pressionando seus Estados-nações. Com a globalização, a capacidade dos Estados de reagir a essa pressão se reduziu concretamente. Assim, a esquerda recuou.

O sr. acha que o problema da esquerda está em parte no fim da classe trabalhadora consciente e identificável?

Historicamente falando, isso é verdade. O que ainda é possível é que a classe trabalhadora forme o esqueleto de movimentos mais amplos de transformação social.

Um bom exemplo é o Brasil, que tem um caso clássico de partido trabalhista nos moldes do fim do século XIX - baseado numa aliança de sindicatos, trabalhadores, pobres em geral, intelectuais e tipos diversos de esquerda - que gerou uma coalizão governista notável. E não se pode dizer que não seja bem-sucedida, após oito anos de governo e um presidente em final de mandato [a entrevista foi feita no final de 2010] com 80% de aprovação.

Ideologicamente, hoje me sinto mais em casa na América Latina. É o único lugar no mundo em que as pessoas fazem política e falam dela na velha linguagem - a dos séculos XIX e XX, de socialismo, comunismo e marxismo.

O título de seu novo livro é "How to Change the World". No final, o sr. escreve: "A substituição do capitalismo ainda me parece possível". A esperança continua forte?

Não existe esperança reduzida hoje. O que digo agora é que os problemas do século XXI exigem soluções com as quais nem o mercado puro nem a democracia liberal pura conseguem lidar adequadamente. É preciso calcular uma combinação diferente.

Que nome será dado a isso não sei. Mas é bem capaz de não ser mais capitalismo, não no sentido em que o conhecemos aqui e nos EUA.

sábado, 22 de janeiro de 2011

100 anos de Nelson W. Sodré

Nelson Werneck Sodré, os cem anos do historiador marxista

É formada em Itu (SP) uma comissão de historiadores, intelectuais e familiares do general e historiador marxista para comemorar seus cem anos, que se completam em 2011.

Por José Carlos Ruy *

O decano dos historiadores marxistas brasileiros, Nelson Werneck Sodré, completaria cem anos de idade em 2011. E , para comemorar a data, um grupo de historiadores e intelectuais, juntamente com a filha do historiador, Olga Sodré, começaram um movimento sediado, simbolicamente, na cidade de Itu (SP).

A escolha do local tem sentido pois Nelson Werneck Sodré teve fortes ligações com a cidade, onde está inclusive sepultado. Foi no quartel do Regimento de Artilharia (o Regimento Deodoro) sediado em Itu, para onde veio no início da década de 1930 como aspirante a oficial, que teve seus primeiros postos. Foi também em Itu que conheceu uma moça chamada Yolanda Frugoli, com quem viria a se casar.

Destacou-se como um militar nacionalista, ligado depois ao Partido Comunista Brasileiro. Como intelectual e historiador, foi um dos fundadores na década de1950 do influente Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), instrutor de história militar da Escola de Comando e Estado Maior do Exército, da qual foi desligado devido às suas posições políticas nacionalistas e à participação na campanha O Petróleo é Nosso e à publicação de um artigo, sob pseudônimo, onde defendia as posições comunistas contrárias à participação do Brasil na Guerra da Coréia. Seu último posto militar, na ativa, foi a promoção a coronel (1961). Assim, passou para a reserva no posto de general de brigada.

Livros clássicos

Nelson Werneck Sodré foi um dos pioneiros da historiografia marxista no Brasil, juntamente com Caio Prado Jr. Sua extensa obra começou a ser publicada na década de 1930, inaugurada em 1938 com o clássico Historia da Literatura Brasileira. Em 1939, outro clássico da historiografia imperial, o Panorama do Segundo Império. Aprofundou a visão marxista do passado brasileiro em 1944, com Formação da Sociedade Brasileira. No ano seguinte surgiu também a primeira edição de um guia fundamental para o estudo de nosso passado, o livro O Que Se Deve Ler Para Conhecer o Brasil, que mereceu sucessivas reedições.

Nos anos seguintes, publicou alguns clássicos, como As Coasses Solciais no Brasil (1954), A ideologia do Colonialismo (1961), Formação Histórica do Brasil (1962) e, na primeira metade da década de 1964, a prestigiadíssima e perseguidíssima História Nova do Brasil, uma sistematização didática de nosso passado elaborada, por uma equipe de historiadores dirigida por Nelson Werneck Sodré, com base no materialismo histórico. Depois do golpe militar de 1964, a obra foi apreendida e destruída pelos militares e seus autores presos.

Nos anos seguintes vieram As razões da Independência, História Militar do Brasil, História da Burguesia Brasileira, História Militar do Brasil, História da Imprensa no Brasil, antologias do pensamento marxista como Fundamentos da Economia Marxista, Fundamentos da Estética Marxista, Fundamentos do Materialismo Histórico e Fundamentos do Materialismo Dialético que, entre outros títulos (Werneck publicou até às vésperas de sua morte, em 1999), compõem um impressionante conjunto de obras dedicadas a esquadrinhar o passado brasileiro a partir do pensamento marxista e a difundir entre nós o pensamento avançado e progressista.

No debate sobre o desenvolvimento nacional, nas décadas de 1950 e 1960, Nelson Werneck posicionou-se claramente ao lado dos setores nacionalistas e democráticos que preconizavam a superação das oligarquias latifundiárias e financeiras cujo domínio ainda infelicitava o país. Foi um lutador incansável contra o imperialismo e contra seus aliados internos e depositou uma confiança muito grande na capacidade de uma aliança entre o proletariado e a chamada burguesia nacional superar aquelas contradições, assegurar a democracia e a soberania nacional e alcançar o bem estar para todos os brasileiros.

Nacional desenvolvimentismo

Foi, nestas condições, um dos principais – senão o principal – teórico do nacional desenvolvimentismo que reunia todos os setores avançados e progressistas (dos comunistas aos democratas e patriotas) que prevaleceu naquela época e opôs-se duramente, durante os governos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitscheck e João Goulart, à direita retrógrada, anti democrática e anti nacional que, em 1964, terminou por colocar um fim, pelo golpe militar, à limitada experiência democrática iniciada em 1946. Nelson Werneck esteve entre os perseguidos políticos, tendo seus direitos políticos cassados e sendo proibido de lecionar.

A aposta na capacidade da burguesia brasileira de enfrentar o imperialismo, o latifúndio e seus aliados, talvez tenha sido principal limitação do nacional desenvolvimentismo e, assim, do próprio pensamento de Nelson Werneck Sodré. A violência do golpe militar e a quase unânime adesão da classe dominante brasileira a ele (inclusive setores decisivos da “burguesia nacional”) foi um cruel desmentido daquela esperança. O que veio depois e que, durante vinte anos, impôs as trevas da repressão e do arbítrio, foi exatamente o contrário do que o nacional desenvolvimentismo esperava. Ao invés de se aliar ao proletariado, a burguesia e a classe média aliaram-se ao latifúndio, ao imperialismo e à alta finança, inaugurando um período em que a democracia foi tratada a ponta-pés e a soberania do país reduzida à incorporação subordinada aos interesses da geopolítica norte-americana.

O general historiador foi um gigante, e a crítica às suas teses só é possível, hoje, pois sua obra abriu os caminhos para o aprofundamento do conhecimento histórico. Aquela contradição que apontou, e que opõe os aliados do imperialismo (que, hoje, chamamos de neoliberais) aos setores patrióticos, democráticos e progressistas continua atual e suas ideias ajudam a entender o caráter da luta política em curso no país e a necessidade de enfrentar aqueles setores retrógrados e de direita para que o país continue a avançar. Esta é a atualidade de seu pensamento.

Ano comemorativo

Daí a relevância da comemoração de seu centenário. A comissão formada na última quinta-feira (6), em Itu, em uma reunião realizada no Centro de Estudos do Museu Republicano e composta por sua filha Olga, pelos professores Jonas Soares de Souza, Maria de Lourdes Figueiredo Sioli, Luis Roberto de Francisco, pelos intelectuais Maria Cristina Monteiro Tasca e Alan Dubner e pelo jornalista Salathiel de Souza, tem um programa ambicioso. Ela pretende fomentar iniciativas locais e nacionais para comemorar a data, transformando 2011 no Ano Nelson Werneck Sodré. O objetivo é envolver entidades como a Academia Brasileira de Letras, a Biblioteca Nacional, o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, departamentos de história das universidades brasileiras; foi anunciado também o breve lançamento de uma página eletrônica com informações sobre o historiador e sua obra. “Não é apenas por ser meu pai”, diz Olga. “A intenção é testemunhar sobre a contribuição de Nelson Werneck Sodré para a cultura brasileira”.

* Jornalista e editor do jornal A Classe Operária

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Congresso Nacional não entende nada de cultura online

Divulgação
Congresso não tem cultura online, diz Marina
Maria Silva: não chegaria aos quase 20 milhões de votos se não fosse o amplo apoio recebido por ela nas mídias sociais

sábado, 15 de janeiro de 2011

Novo Estatuto dos Correios é privatização

Mais um ataque contra os trabalhadores
Novo estatuto dos Correios é privatização
O novo presidente da ECT, Wagner Pinheiro, anunciou a mudança no estatuto da empresa, preparando o terreno para a transformação dos Correios em Sociedade Anônima, o “Correios do Brasil S.A.”

14 de janeiro de 2011
A direção da ECT (Empresa de Correios e Telégrafos) enviou, na última segunda-feira, a proposta de texto para modificar o estatuto da empresa. A proposta foi a primeira medida do novo presidente dos Correios, Wagner Pinheiro (PT).
A cobertura que serve para esconder o verdadeiro significado da modificação do estatuto são os diversos “escândalos políticos” pelos quais passou a empresa, como a CPI e a recente queda da ex-ministra chefe da casa Civil, Ereneci Guerra. A corrupção é utilizada mais uma vez como uma boa justificativa para atacar os trabalhadores e toda a população.
Embora negue nas entrevistas que vêm fornecendo aos jornais, está claro que a mudança no estatuto da ECT é uma continuidade das medidas que já foram tomadas no sentido de privatizar os Correios brasileiros. O próprio Pinheiro não consegue esconder isso.
Em uma entrevista ao portal IG na internet, o novo presidente da ECT afirma que o texto do novo estatuto possibilita que a empresa tenha participação acionária minoritária em empresas e crie empresas subsidiárias.
O novo estatuto deve modificar o contrato com as companhias aéreas para o serviço da rede postal noturna. O contrato, antes de um ano, teria a duração de cinco anos. Pinheiro admite na mesma entrevista que esses contratos visa beneficiar as empresas que prestam serviços para os Correios e ajudaria os capitalistas a criar novas empresas que prestariam esses serviços para a ECT. Há a possibilidade inclusive de os Correios entrarem na sociedade de uma empresa aérea.
Outro favor que o novo estatuto fará aos empresários é a manutenção das franquias. Pinheiro deixou claro que vai manter as franquias para distribuir dinheiro que deveria ser da ECT para os empresários das agências franqueadas. Serão 1.424 franquias.
O mais importante, no entanto, é a afirmação de que a reforma no estatuto está se inspirando em empresas de capital aberto, como a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. A negação de que o governo não teria interesse em abrir o capital da ECT é um cinismo. A intenção do governo e da direção dos Correios é justamente essa. Estão sendo preparados grandes ataques contra os trabalhadores, como preparação para entregar os lucros da ECT aos capitalistas internacionais.
No próprio discurso de posse, para uma platéia composta principalmente por capitalistas e banqueiros, Wagner Pinheiro já havia anunciado todas essas mudanças, que fazem parte do projeto de Correios S.A. elaborado em 2009 pelo GTI (Grupo de Trabalho Interministerial), do qual faziam parte, além do ministério da Casa Civil, então comandado por Dilma Rousseff, o Ministério do Planejamento, comandado justamente pelo atual ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Em seu discurso, Pinheiro anunciou a mudança no estatuto, o balanço público da empresa, a mudança de poder no conselho administrativo, a manutenção das franquias e o incentivo às empresas subsidiárias.
Está clara a intenção do governo e da direção da ECT: entregar os Correios, um dos maiores patrimônios do povo brasileiro, para os capitalistas. É só parar para uma rápida análise das medidas tomadas pela direção da empresa até agora. O PCCS/2008 da escravidão, instituiu a terceirização, a super exploração dos trabalhadores e as demissões, como o PDV, por exemplo. O Plano de contingência, anunciado pela direção da ECT em agosto, que preparou grandes ataques contra os trabalhadores. O acordo bianual, que deixou a categoria sem campanha salarial em 2010, para facilitar todos esses planos de privatização. A própria nomeação de Wagner Pinheiro, ex-presidente da Petrus (fundo de pensão da Petrobrás) e homem de confiança dos banqueiros, assim como Paulo Bernardo.
Está em marcha o roubo de um dos maiores patrimônios do povo brasileiro pelos abutres internacionais. Contra esse roubo, os trabalhadores devem preparar as maiores mobilizações no próximo período para impedir a privatização e os ataques contra os ataques da direção da empresa contra a categoria.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Crise neoliberal e o sofrimento humano - Leonardo Boff

 Crise neoliberal e sofrimento humano

O balanço que faço de 2010 vai ser diferente. Enfatizo um dado pouco referido nas análises: o imenso sofrimento humano, a desestruturação subjetiva especialmente dos assalariados, devido à reorganização econômico-financeira mundial.

Há muito que se operou a “grande transformação”(Polaniy), colocando a economia como o eixo articulador de toda a vida social, subordinando a política e anulando a ética. Quando a economia entra em crise, como sucede atualmente, tudo é sacrificado para salvá-la. Penalisa-se toda a sociedade como na Grécia, na Irlanda, em Portugal, na Espanha e mesmo dos USA em nome do saneamento da economia. O que deveria ser meio,   transforma-se num fim em si mesmo.

Colocado em situação de crise, o sistema neoliberal tende a radicalizar sua lógica e a explorar mais ainda a força de trabalho. Ao invés de mudar de rumo, faz mais do mesmo, colocando pesada cruz sobre as costas dos trabalhadores. Não se trata daquilo relativamente já estudado do “assédio moral”, vale dizer, das humilhações persistentes e prolongadas de trabalhadores e trabalhadoras para subordiná-los, amedrontá-los e, por fim, levá-los a deixar o trabalho. O sofrimento agora é mais generalizado e difuso afetando, ora mais ora menos, o conjunto dos países centrais. Trata-se de uma espécie de “mal-estar da globalização” em processo de erosão humanística.

Ele se expressa por grave depressão coletiva, destruição do horizonte da esperança, perda da alegria de viver, vontade de sumir do mapa e até, em muitos,  de tirar a própria vida. Por causa da crise, as empresas e seus gestores levam  a competitividade até a um limite extremo, estipulam metas quase inalcançáveis, infundindo nos trabalhadores, angústias, medo e, não raro, síndrome de pânico. Cobra-se tudo deles: entrega incondicional e plena disponibilidade, dilacerando sua subjetividade e destruindo as relações familiares. Estima-se que no Brasil cerca de 15 milhões de pessoas sofram este tipo de depressão, ligada às sobrecargas do trabalho.

A pesquisadora Margarida Barreto, médica especialista em saúde do trabalho, observou que no ano passado, numa pequisa ouvindo 400 pessoas, que cerca de um quarto delas teve  idéias suicidas por causa da excessiva cobrança no trabalho. Continua ela: “é preciso ver a tentativa de tirar a própria vida como uma grande denúncia às condições de trabalho impostas pelo neoliberalismo nas últimas décadas”.  Especialmente são afetados os bancários do setor financeiro, altamente especulativo e orientado para a maximalização dos lucros. Uma pesquisa de 2009 feita pelo professor Marcelo Augusto Finazzi Santos, da Universidade de Brasília, apurou que entre 1996 a 2005, a cada 20 dias, um bancário se suicidava, por causa das pressões por metas, excesso de tarefas e pavor do desemprego. Os gestores atuais mostram-se insensíveis ao sofrimento de seus funcionários, acrescentando-lhes ainda mais sofrimento.

A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de três mil pessoas se suicidam diariamente, muitas delas por causa da abusiva pressão do trabalho. O Le Monde Diplomatique de novembro do corrente ano, denunciou  que entre os motivos das greves de outubro na França, se achava também o protesto contra o acelerado ritmo de trabalho imposto pelas fábricas causando nervosismo, irritabilidade e ansiedade. Relançou-se a frase de 1968 que rezava:”metrô, trabalho, cama”, atualizando-a agora como “metrô, trabalho, túmulo”. Quer dizer, doenças letais ou o suicídio como efeito da superexploração capitalista.

Nas análises que se fazem da atual  crise, importa incorporar este dado perverso que é  o oceano de sofrimento que está sendo imposto à população, sobretudo, aos pobres, no propósito de salvar o sistema econômico, controlado por poucas forças, extremamente fortes, mas desumanas e sem piedade. Uma razão a mais para superá-lo historicamente, além de condená-lo moralmente. Nessa direção caminha a consciência ética da humanidade, bem representada nas várias realizações do  Forum Social Mundial entre outras.

Leonardo Boff é autor de Proteger a Terra-Cuidar da vida:como evitar o fim do mundo, Record 2010.

Petista é o novo presidente dos Correios

Para seguir os planos de privatização
Petista é nomeado novo presidente dos Correios
Tentativa do governo, ao trocar o PMDB pelo PT no cargo, é tentar facilitar a privatização da ECT
3 de janeiro de 2011
O novo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, do PT, indicado por Dilma Rousseff, anunciou o nome do novo presidente da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos). O escolhido foi Wagner Pinheiro, filiado ao PT.
Com a escolha, a presidência dos Correios sai das mãos do PMDB, assim como ocorreu com a própria pasta ministerial, antes ocupada pelo PMDB e que passou para as mãos do PT.
Os Correios passaram, no último período, por uma série de escândalos incentivados pela imprensa com a intenção de desmoralizar a estatal, na mira dos capitalistas interessados em sua privatização. A escolha de um petista para ocupar a presidência da empresa não significa, de maneira nenhuma, uma mudança na política para privatizar a ECT. Pelo contrário, provavelmente a entrada do PT é uma tentativa de facilitar os planos de privatização, utilizando a autoridade e influência que o PT ainda mantém nas organizações dos trabalhadores.
Tanto é assim que, Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil e Paulo Bernardo, então ministro do Planejamento, tiveram suas pastas ministeriais integrando o GTI (Grupo de Trabalho Interministerial), responsável pelo projeto do Correios S.A.
Wagner Pinheiro foi presidente da Petros (Fundo de pensão da Petrobras) durante os dois mandatos do governo Lula. O novo presidente dos Correios é ligado a Luiz Gushiken e foi alvo de investigação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios.
O orçamento de 2011 para os Correios deve superar os R$ 8 bilhões.
Os trabalhadores não devem se iludir. A privatização da ECT já está em marcha e foi anunciada por Dilma Rousseff. Quem está pagando pela entrega desse patrimônio do povo brasileiro para os abutres internacionais são exatamente os funcionários da empresa.
Nos últimos tempos, uma série de ataques foram desferidos contra a categoria, através da compra de sindicalistas e da aprovação de uma série de medidas para favorecer a privatização da ECT. Os trabalhadores tiveram sua campanha salarial de 2010 boicotada em um golpe conjunto entre a direção da empresa – então do PMDB – e os sindicalistas traidores do PT e do PCdoB. Foi aprovado em 2008 o PCCS (Plano de Cargos, Carreira, e Salários) da escravidão, que oficializou a privatização da empresa, legalizando a terceirização, o desvio de função, a extinção de cargos, os PDVs (Plano de Demissão Voluntária) entre outros.
Além disso, o PT, junto com o PCdoB, foi o principal responsável pela intervenção judicial nos sindicatos, como está ocorrendo no Espírito Santo. Um juiz, ligado à direção da ECT, nomeou um interventor para tirar o sindicato das mãos dos trabalhadores e colocá-lo nas mãos da direção da empresa.
A categoria dos Correios vai enfrentar lutas muito maiores das que protagonizaram em 2009 e 2010. Desde já é importante fortalecer uma organização independente dos trabalhadores para enfrentar os ataques da direção da ECT e do governo e barrar a privatização dos Correios.

Palocci já começou mal na Casa Civil

Ministro Palocci erra ao retirar Arquivo Nacional da Casa Civil
Date: Mon, 3 Jan 2011 01:16:09 +0000

A comunidade arquivística nacional recebeu com grande surpresa e indignação a notícia de que o Arquivo Nacional deixará após 9 anos anos de muitos avanços, a Casa Civil da Presidência da República. Talvez o novo ministro não tenha tido tempo suficiente para conhecer as atribuições e os projetos nos quais o Arquivo Nacional está envolvido, e consequentemente os problemas que esta mudança no posicionamento hierárquico causará a estas atribuições e projetos. Os impactos diretos e imediatos mais fortes se darão no SIGA e no CONARQ.

O Conselho Nacional de Arquivos – CONARQ, vinculado ao Arquivo Nacional, tem por finalidade definir a política nacional de arquivos públicos e privados, como órgão central de um Sistema Nacional de Arquivos, bem como exercer orientação normativa visando à gestão documental e à proteção especial aos documentos de arquivo. O CONARQ já existia quando o Arquivo Nacional esteve no âmbito do Ministério da Justiça. Os avanços das Políticas Públicas de Gestão de Documentos no período do CONARQ, após sua migração para a Casa Civil, demonstram que a decisão foi acertada. Após a migração para a Casa Civil, surgiu também o SIGA.

O Sistema de Gestão de Documentos de Arquivo - SIGA, é o sistema pelo qual se organizam as atividades de gestão de documentos de arquivo no âmbito dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal. Foi criado no âmbito do Arquivo Nacional com forte respaldo da posição estratégica na Casa Civil e foi mola propulsora para diversos avanços na disseminação da informação pública, um direito constitucional dos cidadãos brasileiros.

Preocupa também o impacto de tal medida entre diversos arquivos públicos estaduais e municipais que vinham migrando, a exemplo ao Arquivo Nacional, para estruturas similares a Casa Civil, em seus respectivos níveis de atuação. A experiência de migração da instituição arquivística para a Casa Civil vem sendo experimentada com sucesso no Brasil há 9 anos, justamente quando da mudança do Arquivo Nacional para a Casa Civil da Presidência da República. Na Casa Civil, o Arquivo Nacional cresceu, obteve mais estrutura, mais servidores, mais fôlego e fundamentalmente mais poder normativo e maior influência sobre o Poder Executivo Federal. Esta nova posição permitiu enormes avanços na gestão dos documentos públicos, o que resultou diretamente em maior eficiência administrativa e maior transparência na gestão pública, garantindo que os registros documentais, que ajudarão a escrever a história do Brasil, não sofram perdas em seu caminho até um arquivo público e seu acesso pelo cidadão.

Localizado no Ministério da Justiça, restará ao Arquivo Nacional a função de repositório de direitos e deveres na relação cidadão/Estado, o que é muito pouco para o que se conquistou até aqui quando assunto é cidadania, preservação da memória social, sistematização de mecanismos para uma melhor gestão de documentos públicos, entre outros diversos aspectos.

Neste contexto de retrocesso, é de suma importância que se evidencie a escolha equivocada a qual sucumbiu Antonio Palocci em seu primeiro ato como Ministro Chefe da Casa Civil. A notícia foi surpreendente e espera-se que, sinceramente, não seja irrevogável e que os tempos de evolução e eficiência do Arquivo Nacional na Casa Civil durante todo o governo Lula, não possam ir por água abaixo a partir de uma decisão sem justificativas muito claras da nova Presidenta e do seu Ministro Chefe da Casa Civil.

Daniel Beltran

domingo, 2 de janeiro de 2011

Karl Marx e a picaretagem iluminada

Com o materialismo histórico a tiracolo, Marx se propunha não só a exercer alguma influência sobre os destinos do mundo, mas transformá-lo – o que em sua linguagem revolucionária significava, antes, destruí-lo. Desse modo, tal como partiu anteriormente para liquidar com a filosofia, Marx atirou-se contra o mundo da economia burguesa, com ênfase na demolição da propriedade privada e do sistema capitalista de produção.
Mas, para atuar na esfera diretamente política, o passo que deu a seguir – ou paralelamente – foi o de se instrumentalizar nas palavras de ordem do ideário político dos reformistas sociais franceses e, com mais empenho, nas cantilenas igualitaristas de Rousseau, Saint-Simon, Fourier e Proudhon.
Foram muitas as idealizações dos reformistas sociais franceses do século 18 e 19, mas pelo menos duas delas ganham destaque e unem todos eles, a saber: 1) a predominância da igualdade completa entre os homens, e 2) a construção de uma sociedade modelar justa e livre. Pode-se dizer, a bem da verdade, que na Grécia antiga Platão já propunha algo semelhante na sua “República” (Nova Cultural, São Paulo, 1997). Mas, no mundo moderno, foi só com a luminosidade de “O Contrato Social” (Ediouro, Rio, 1977), de Rousseau, escrito em 1792, que o projeto ganhou sua formulação detalhada. É sabido que Marx, enquanto leitor e teórico, estimava o apelo dessas idéias e que frequentemente recorria a todas elas, em especial às projeções de Rousseau, Saint-Simon e Fourier, embora os enquadrasse na categoria de “socialistas utópicos” – o que, dependendo das circunstâncias, poderia ser entendido como um elogio ou esculacho.
 
O “Contrato Social” de Rousseau é um somatório de regras administrativas para se chegar à sociedade civil perfeita. Com ele, o pensador iluminista pretende transformar a sociedade existente, considerada injusta, numa nova sociedade perfeitamente igualitária composta por “homens novos”. Para construir a sociedade ideal, julga necessário de início que se ame as leis criadas a partir de uma vontade coletiva; estas, por sua vez, coordenadas por elite política sábia, a quem todos se obrigam a obedecer por contrato.
 
Na nova sociedade projetada por Rousseau, o Estado deve controlar todos os aspectos da vida social e econômica dos seus integrantes, pois acredita plenamente que “A virtude é produto do bom governo e os vícios são muito mais decorrentes de mau governo que próprio dos homens”, pois, “os homens são seres sociais por natureza e, na sua unidade, bem conduzidos, serão bons, serão felizes, e essa felicidade fará a felicidade da República”. (De passagem, aqui convém esquecer que o “Contrato” de Rousseau foi a bíblia que orientou Robespierre na condução do “bom governo” da Revolução Francesa de 1789, quando nele instalou o regime fraterno do terror).
 
Já Saint-Simon, em “O Organizador”, escrito em 1819, e Fourier, na sua “Teoria dos Quatro Movimentos e dos Destinos Gerais”, de 1808, seduzem Marx porque ambos vislumbram de modo bastante imaginoso a criação de sociedades igualitárias. Saint-Simon esboça, preliminarmente e no plano teórico, um entendimento “dialético” da filosofia da história, ao detectar que “no momento em que o sistema feudal e teológico foi definitivamente organizado, já os elementos de um novo sistema social começam a se formar”. Nesse novo sistema social a ser formado, a resultante seria a aparição de uma sociedade em que não haveria a exploração do homem pelo homem e em que seriam eliminados, de um só golpe, o clero, a nobreza e os militares. Um conselho composto por sábios e artistas governaria a sociedade igualitária de Saint-Simon e, sob o amparo do saber, “a humanidade viveria feliz”.
 
Já no mítico “Falanstério” de Fourier, não concretizado pela ausência de um capitalista para financiá-lo, há uma acentuada preocupação com a vida sexual dos seus habitantes, que em muito seduziu o ideólogo alemão. Nele, formando uma nova ordem “societária”, homens e mulheres trabalhariam em comunidades e fazendas coletivas. A divisão das riquezas estaria subordinada à quantidade e à qualidade de trabalho de cada um – achado que Marx considerou brilhante e logo dele se apropriou. Mas, para Fourier, o ponto principal seria, antes de pensar na criação do “homem novo”, estimular a proliferação do “casal progressivo”, entendendo-se por essa prática a relação amorosa livre do “vínculo conjugal fixo”, a contestar “o sistema opressivo dos amores” vigente na sociedade burguesa.  
 
Mas foi paradoxalmente no anarquista Proudhon – tanto o teórico socialista voltado para a crítica da economia quanto no ativista e organizador político – que Marx encontrou respaldo para suas formulações teóricas. Proudhon não era, simplesmente, um fabricante de sonhos ou um idealizador de sociedades fantásticas. Autodidata, filho de um tanoeiro, tem nas suas projeções críticas, dentro do contexto socialista, o senso possível da realidade. Embora considerado um dos fundadores da sociologia (uma fábrica de fumaça que chama de ciência social), ele desempenhou, de fato, papel importante na organização de associações e movimentos operários franceses, sendo reconhecida sua atuação na revolução de 1848 (quando foi eleito por operários membro da Assembléia Constituinte), além da influência, depois de morto, por força de suas idéias e ação dos seguidores, na Comuna de Paris de 1871 – desempenho este, por motivos óbvios, sonegado perversamente por Marx nas reportagens que formam “As Lutas de Classes na França” e “Guerra Civil na França” (ambos da Global, São Paulo, 1986).
 
A rejeição, na obra de Proudhon, da heterogestão como sistema comum tanto ao socialismo quanto ao capitalismo, tem plena atualidade e encontra ainda hoje, na crítica do Estado, melhor fundamentação teórica do que as arrogantes parolagens marxistas.
 
Ademais, Proudhon era dono de uma personalidade mais leal e palatável. Seus métodos de atuação política contrastavam fundamentalmente com os de Marx, e ele soube, como nenhum outro, conduzir a classe operária francesa à posição de destaque no cenário internacional. A um só tempo, Proudhon reconhecia as vantagens da descentralização governamental, operava na criação de instituições financeiras de crédito popular (mutualismo), apontava para o imperativo da autogestão em face das organizações estatais e burocráticas de controle social e, a partir da aplicação da justiça à economia política, teorizava sobre a necessidade de uma democracia operária em oposição à ditadura do proletariado. Marx, para reiterar o óbvio, acompanhou todos os seus passos e tinha no confronto com ele e um seu aliado, Mikhail Bakunin (1814-1876), a razão de ser de sua existência política e teórica (curiosamente, os dois anarquistas que o fizeram cair de quatro). 
 
Talvez pela soma do acima exposto, os estudiosos à procura da gênese do marxismo e isentos das fobias partidárias/ideológicas são concordes em apontar “O que é a propriedade?” como a obra seminal que leva Marx a descobrir as distintas possibilidades do socialismo. Bem examinadas, a crença de Proudhon em que numa sociedade as “forças coletivas” (“forças produtivas”, em Marx) criam uma “razão coletiva”, de um lado, e a crítica à exploração do trabalho que origina a mais-valia, de outro, seriam mais que suficientes para justificar o entusiasmo de Marx em torno da influente obra. Entusiasmo, de resto, não contido inicialmente e assim expresso por Marx em “A Sagrada Família” (Editora Moraes, São Paulo, 1987):    
 
- “Todos os desenvolvimentos da economia política supõem a propriedade. Esta hipótese de base é considerada pela economia política como fato inatacável... E eis Proudhon que submete a propriedade privada, base da economia política, a exame crítico, ao primeiro exame tanto categórico e impetuoso quanto científico. Ai está o grande progresso científico que ele realizou, um progresso que revoluciona a economia política e torna possível, pela primeira vez, uma verdadeira ciência da economia política. A obra de Proudhon é tão importante para a economia moderna quanto a de Sieyès para a política moderna”. 
Veremos a seguir a razão pela qual Marx passou a odiar Proudhon.

Banqueiros se despedem de Lula

E os BANQUEIROS vão se despedindo, de Lula. Depois de Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, afirmar que Lula é um marco na história do Brasil, agora foi a vez de Roberto Setubal.



Lula foi o maior presidente da história do Brasil, diz Roberto Setubal

Em setembro de 2002, durante a tradicional reunião anual do FMI, o banqueiro Roberto Setubal, presidente do Itaú, surpreendeu a toda a plateia, formada pelos maiores financistas do mundo, quando disse que Lula não só iria ganhar a eleição, como não seria nenhum problema para o Brasil.
Essas foram as palavras de Setubal: “Não tenho dúvida que o Lula será o próximo presidente do Brasil. Esta não é uma eleição populista. Ele está sendo eleito porque está fazendo uma boa campanha. Ele é honesto e fala ao coração do povo.”
Hoje, oito anos depois, ao encerrar o segundo mandato, Setubal diz ao iG que Lula superou as próprias expectativas, que já eram bastante otimistas em relação ao seu governo.
O banqueiro lembra que, quando declarou que não havia razão para se temer o governo Lula, fez-se um absoluto silêncio na plateia, como se ninguém acreditasse que um banqueiro poderia fazer tal tipo de afirmação.
Havia uma enorme desconfiança no mercado em relação ao Lula, o medo era generalizado e não se poderia imaginar jamais que um banqueiro, que sempre teve seu nome ideologicamente associado aos tucanos, pudesse declarar apoio (não foi o voto) a Lula.
Setubal diz que ele tinha preparado uma apresentação cheia de gráficos e números para aquela tarde, em Washington, mas decidiu falar de improviso.
“O mercado estava exagerando nas incertezas. O que eu disse é que o Lula era um cara centrado, pragmático e não ideológico, como as pessoas diziam. Depois, o Lula já tinha escrito a Carta aos Brasileiros e tudo o que ele queria era o bem do país.”
Setubal diz que Lula foi muito além do que ele imaginava.
Lula foi o maior presidente da história do País”, diz Setubal.
Segundo o banqueiro, a grande diferença entre Lula e Getúlio Vargas, tido até então como o maior presidente da história, é a de que Lula foi eleito democraticamente, o que, para Setubal, faz uma enorme diferença.
Setubal faz questão de dizer que o Brasil também teve outros grandes presidentes, como Juscelino Kubitschek e Fernando Henrique Cardoso, que sempre terão, certamente, um lugar diferenciado na história.
Entre as grandes qualidades de Lula, Setubal ressalta a sua capacidade de entender todos os ângulos dos problemas brasileiros e de encaminhar as soluções mais realistas para eles.
“A sensibilidade de Lula para entender os problemas do Brasil é impressionante. Ele entende o Brasil como ninguém.”
A grande conquista de Lula, na opinião de Setubal, foi a melhor distribuição de renda do país.
“Depois de muitos anos de piora da situação da distribuição de renda no país, veio o Plano Real e começou a  melhorar a situação, mas foi no governo Lula que houve mesmo um avanço.”
Setubal diz que “Lula, que veio daonde veio, dos níveis sociais mais simples da sociedade, assumiu a presidência sem manifestar nenhum rancor em nenhum momento e, com seu pragmatismo, contribuiu para a sociedade e para o sucesso do País.”
Setubal se diz otimista com o governo Dilma Rousseff.
“As perspectivas são muito positivas, há claramente na política econômica um sinal de continuidade, e isso é muito bom”, afirma. “O Brasil terá anos muitos bons pela frente.”
Para Setubal, a palavra chave do próximo governo será infraestrutura. A seu ver, essa será a prioridade do novo governo. O país tem problemas nessa área e precisa de investir maciçamente em infraestrutura.