quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Crise econômica mundial já preocupa a presidenta Dilma Roussef

Recessão prolongada na Europa e dólar fraco preocupam presidenta brasileira


17/8/2011 11:23,  Por Redação, com Reuters - de Brasília

presidenta
A presidenta Dilma quer reunir todo o apoio possível para aprovar as medidas anticrise no Congresso

A presidenta Dilma Rousseff afirmou em reunião com aliados do PSB, do PCdoB e do PDT que está preocupada com os efeitos no Brasil de uma provável recessão prolongada da economia europeia e com a desvalorização do dólar. Desde segunda-feira a presidenta tem se reunido com os presidentas e líderes de partidos aliados tentando uma reaproximação com a classe política e pedindo aos aliados que se unam para ajudar o governo a enfrentar os possíveis efeitos da crise global no país. Segundo relato do ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, que é presidenta licenciado do PDT e participou do encontro, Dilma acredita que a crise global deve se estender por pelo menos mais um ano e meio.

– Ela voltou a dizer que o Brasil está preparado para enfrentar a crise e o que nos atrapalha um pouco é a desvalorização do dólar – contou Lupi à agência inglesa de notícias Reuters.

O líder do PDT na Câmara, Giovanni Queiroz (PA), lembrou que a presidenta comentou também que a recessão mais prolongada da Europa “pode trazer problemas para nossas exportações e para o preço das commodities”. Ela afirmou, ainda, que precisará dos aliados para aprovar as medidas macroeconômicas enviadas ao Congresso e que é fundamental que eles estejam unidos nesse momento e, por isso, está fazendo essa aproximação com a classe política. Na avaliação do governador de Pernambuco e presidenta do PSB, Eduardo Campos, nos primeiros seis meses Dilma gastou suas energias para controlar a inflação e formatar os programas do governo e, “agora, diálogo é a palavra-chave”.

Segundo ele, o governo precisa agora dialogar “para fora, com o Congresso, com os prefeitos e com os governadores”. A falta de diálogo com a classe política é apontada por aliados na Câmara e no Senado como a principal origem dos problemas de relacionamento de Dilma com os partidos e foi também um dos fatores que motivou na terça-feira a saída do Partido da República (PR) da coalizão governista.

Crise política

Na noite passada, durante a reunião com os aliados, Dilma afirmou que não será conivente com denúncias de corrupção, mas que dará amplo direito de defesa aos acusados.

– Ela disse que não se transformará numa Joana D’arc, que corta a cabeça das pessoas, porque sabe que depois podem cortar a dela – contou Lupi.

A reação rápida da presidenta em relação às denúncias de desvios no governo é outra queixa constante entre os aliados no Congresso e tem causado reclamações no PMDB, maior partido da coalizão, e no PR principalmente. Segundo os aliados ouvidos pela Reuters a presidenta não comentou a saída do PR da base aliada, mas um dos objetivos dessa reaproximação com a classe política é evitar que a decisão da legenda contamine o clima no restante da base.

Queiroz contou que disse à presidenta que os parlamentares precisam da liberação de emendas e que elas beneficiam diretamente os pequenos municípios.

– É tão pouco dinheiro que não tem porque não liberar. Ela não disse que sim ou não, mas implicitamente concordou que é necessário (liberar) – argumentou.

Na terça, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse aos líderes aliados que o governo pretende liberar até 1 bilhão de reais em emendas nas próximas semanas. Nesta quarta, a presidenta conclui as reuniões com os aliados do PP, PTB, PRB e PSC.

Uma ilha

Dilma Rousseff reiterou, na noite passada, que o país não é uma ilha, mas ressaltou que tem pouco risco de ser contaminado pela crise econômica que atinge principalmente os Estados Unidos e países da Europa.

– O Brasil tem baixo risco de contágio. O mundo não desconhece a nossa situação – discursou a presidente durante anúncio de expansão da rede federal de educação superior.

Dilma defendeu a garantia do crescimento do país como estratégia de combate à crise internacional e aos seus efeitos.

– Apesar de não sermos imunes à crise, podemos cada vez mais nos blindar e fazer com que o processo de crescimento signifique necessariamente um processo de elevação da nossa atividade econômica, do número de empregos e das oportunidades – declarou.

Dilma tem repetido por várias vezes que o Brasil está fortalecido para fazer frente à atual crise econômica global. A presidente tem citado como exemplo uma comparação com o momento vivido pelo país durante as turbulências financeiras de 2008, quando o país, de acordo com ela, tinha menos ferramentas para enfrentar os problemas. Durante a cerimônia, Dilma também aproveitou para pedir ainda ajuda a parlamentares para a aprovação do Pronatec, um projeto de ampliação do ensino técnico no país. O projeto de lei do Pronatec tramita em caráter de urgência na Câmara dos Deputados.

O pedido ocorre em um momento de tensão entre partidos da base aliada, o que chegou a provocar a paralisação das votações na última semana na Câmara. Entre os motivos do descontentamento de aliados, está a falta de liberação de recursos das emendas parlamentares. A base reclama ainda da falta de proximidade com Dilma e por maior participação nas decisões do governo.

Nenhum comentário: